sábado, 20 de fevereiro de 2010

La Pasta Gialla: templo "acessível" das criações de Sergio Arno



Como fevereiro é o mês do meu aniversário, recebi uma mala direta com uma promoção interessante: almoço ou jantar no La Pasta Gialla, levando um acompanhante ou mais, o prato principal é por conta da casa. Ótimo pretexto para voltar ao restaurante que gosto bastante e com o qual dificilmente me decepciono.

Considerada a experiência mais bem sucedida do restauranter e chef Sergio Arno, o La Pasta Gialla, apesar de ser uma franquia, tem o dedo de seu criador em absolutamente tudo. Pode ser considerado uma versão mais acessível do famoso La Vecchia Cucina, restaurante de alta gastronomia de São Paulo, primeira criação do chef e vencedor de vários prêmios.

Felizmente Campinas conta com uma casa da rede, cujas bruschettas e massas são o carro-chefe. Em versões com coberturas frias ou quentes, as bruschettas são enormes e podem facilmente ser divididas em 2 pessoas. As massas dividem-se entre secas e frescas e podem, inclusive, ser vendidas para o preparo em casa. Isso sem falar dos risottos, sempre precisos no ponto.

Como eu tinha acabado de sair de um happy hour (sobre o qual falarei em breve), acabei dispensando a bruschetta ou qualquer outra entrada, senão o apetite não seria suficiente para o prato principal (e acreditem, isso é raro de acontecer comigo).

Como o maridão só pede vinho tinto e o meu prato tinha camarões, dispensei o vinho também (além do mais, estava com 3 canecas de choppe no saldo, talvez tenha sido melhor mesmo dispensar o vinho). O critério de escolha foi o preço, pois a carta não estava tão atraente. Como ele iria beber sozinho, meia garrafa seria o ideal, porém o único com preço razoável era o chileno Villa Montes, aquele mesmo do Le Troquet, que aqui saiu por R$ 36,00 (ante os R$ 47,00 pagos no francês).

Minha escolha foi uma massa com camarões, fundos de alcachofra e shitake, porém solicitei substituir o spagheti por tagliolini, uma massa que eles têm por lá que é como um talharim bem fininho.

Massa al dente, com fartura de camarões e alcachofras. O tempero era leve, muito gostoso, com um toque de alho na medida. Escolha muito feliz.

O maridão cresceu o olho para a milanesa de mignon e não quis pedir outra coisa. Mas quando o prato chegou, estranhamos um pouco a forma geométrica do filé empanado, o que nos fez relacioná-lo com aqueles steaks bovinos empanados industrializados.

Passado o estranhamento, o maridão provou para saber se estava gostoso, que é o que realmente importa. Mas a crosta do empanado estava grossa demais, tirando inclusive a maciez do filé. Resultado: o risotto de parmesão que acompanhava o filé virou a estrela do prato.

De sobremesa, fiquei indecisa entre o semifreddo de chocolate e o crepe de mascarpone com amêndoas, calda de laranja e sorvete de creme. Ao consultar o garçom, ele foi taxativo: “com certeza eu escolheria o crepe, é muito bom”. Resolvi dar crédito ao rapaz e não é que ele estava certo? O crepe era maravilhoso, com farto recheio de mascarpone, de textura firme, fazendo bela parceria com o cítrico da calda de laranja. O maridão ficou enrolando pra dividir comigo, com o pretexto de que ainda não tinha terminado o vinho, e acabou ficando sem nem uma colherada sequer...

Demorou... dançou...

Na hora da conta, apresentei o e-mail impresso e o desconto veio acima do que imaginávamos: além de não terem cobrado meu prato, cujo valor era R$ 47,30, também não cobraram a sobremesa, que custava R$ 17,00! Ou seja, nosso jantar saiu R$ 100,00. Vale à pena fazer o cadastro no restaurante para poder usufruir deste tipo de promoção. Além do mais, tenho um passaporte fidelidade que, a cada R$ 50,00 gastos em qualquer restaurante da rede, ganho um selinho. 10 selinhos me dão o direito a uma refeição. Bacana, né? Por isso o La Pasta Gialla é Mais Barriga!

La Pasta Gialla – Campinas
Avenida Coronel Silva Teles, 75
Fone: 3252-8035
www.sergioarno.com.br

Obs.: as massas, assim como outros produtos do Sergio Arno, também podem ser encontrados em outros lugares. Em Campinas, costumo comprar na loja "Teen Beef" do Ventura Mall ou na loja "Spicy" do Shopping Iguatemi.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cantina Alemã: tradição no centro da cidade

Não sei precisar há quantos anos a Cantina Alemã existe, mas sei que o atual dono já está à frente da casa há pelo menos 32 anos. Por incrível que pareça, ele não é alemão, mas comprou o restaurante dos antigos donos, para os quais trabalhava como garçom. Ao todo, devem ser cerca de 50 anos de existência, no mesmo endereço da rua Luzitana (se alguém souber, por favor me corrija nos comentários).

Este lugar é um exemplo de que alguns restaurantes em Campinas, principalmente os mais tradicionais do centro da cidade, realmente resistem anos a fio e continuam firmes e fortes com sua clientela fiel. No caso da Cantina Alemã, muitos de seus clientes habitués são pessoas que trabalham na região e frequentam o lugar não somente para o almoço, mas também para um choppe no final do expediente.

Decoração rústica, porém mantida original desde a data de abertura do restaurante.

Como sou fã da cozinha alemã, sempre que posso dou uma passada por lá, mesmo em uma breve escapada da firrrma. Ontem foi o que fizemos, apesar do calor senegalesco que assolava a cidade.

Logo na chegada, fomos agraciados com um chopinho geladíssimo e bem tirado, além do couvert que conta com salada de batatas e salsichas aperitivo.

Não sei qual o segredo da salada de batatas, posso comer 1kg disso que não fico empanturrada. Choppe campeão!

O cardápio executivo oferece opções de pratos tradicionais da cozinha alemã, como Wienerschnietzel (escalope à milanesa - que é, na verdade, um prato austríaco), Salsichão com salada de batatas, Kassler (costeleta de porco defumada), Marreco com repolho roxo, Truta com amêndoas, entre outros. Como estávamos em 3, seria ideal dividirmos o Schlachplatte, que traz joelho de porco (pode-se escolher entre cozido ou pururuca), kassler, salsichão, batatas cozidas e Sauerkraut (repolho fermentado). Se eu ainda estivesse na minha fase "Conan" de apetite, não daria pra dividir em três não, duas pessoas seria ideal. Mas como eu ultimamente venho fingindo que como menos e o Xana tá num pseudo-regime, resolvemos dividir o prato entre os três (dessa vez levamos mais um colega da firrrma, o Gilson).

Óbvio que escolhemos a opção pururuca para o joelho.

Mas apesar de parecer muita comida, no final das contas fica um prato OK para cada um, vejam o meu, por exemplo:



Todos ficamos satisfeitos e ainda sobrou espaço para dividirmos uma fatia do famoso strudel de maçã da casa.

Confesso que sinto falta de um sorvete de creme ou chantilly para acompanhar o strudel, mas o doce estava muito bom, quentinho e com recheio farto.

No final das contas, a conta: R$ 37,00 por pessoa, sendo que só o Schlachplatte custa R$ 72,00. Tomamos choppe, pedimos uma sobremesa e ainda tem o couvert. Para os padrões do restaurante, com ingredientes de ótima qualidade, não considero caro. E ainda posso afirmar que os pratos alemães são bem fiéis às receitas originais daquele país, portanto, a Cantina Alemã é Mais Barriga!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dica Mais Barriga por Menos da semana: Le Chef

A escolha do Le Chef para figurar na dica Mais Barriga por Menos da semana deve-se à sua incrível relação custo/benefício. O que se sabe é que servir comida de boa qualidade por um preço acessível é possível sim, já vimos em outras dicas por aqui. Mas o Le Chef vai um pouco além, pois em seu cardápio executivo, que também vale para o jantar, constam iguarias como ossobuco, cordeiro, truta e codorna, a preços módicos. Isso sem contar a entrada e sobremesa que são incluídas no valor do prato. Alguns exemplos: Ossobuco com polenta mole - R$ 18,90; Paleta de cordeiro à caçadora - R$ 21,90; Truta ao molho de vinho tinto com arroz primavera - R$ 18,90; Codorna desossada ao molho de frutas vermelhas, com risoto de tomate e salsão - R$ 16,90.

As opções de entrada e sobremesa são apenas duas de cada: saladinha caprese ou escondidinho de cação e arraia com purê de batata doce; banana grelhada com canela e sorvete de creme ou compota de abóbora paulistinha com requeijão, goiabada e calda de coco ralado. Muito provavelmente as opções do menu mudam com alguma frequência.

O Le Chef fica em Barão Geraldo, exatamente onde ficava o antigo Chef Theo. Não quero entrar na questão, mas parece que o Le Chef foi fruto de uma partilha pós-divórcio, quando o próprio chef Theo Medeiros resolveu levar suas panelas para outra freguesia, no Cambuí. Como não conheço a história, fico por aqui...

Pra variar, meu parceiro de saga e colega da firrrma, o Xana, me acompanhou neste almoço. Então vamos ao que realmente interessa:

De entrada, escolhi o escondidinho e o Xana foi de saladinha, pra gente poder comparar as opções.

A porção é pequenininha, mas cheia de sabor. Os peixes vêm desfiadinhos e não têm um gosto forte.

Saladinha simples, porém é a única opção de entrada para quem não curte os amigos do mar.

De prato principal, apesar do desejo quase incontrolável de pedir o ossobuco (sim, eu como o tutano também), acabei optando pela carne de sol, já que teria uma tarde inteira de labuta pela frente e o ossobuco não é um prato leve... O Xana foi de Paleta de cordeiro à caçadora com polenta mole.

Carne de sol desfiada sobre purê de moranga, delícia! A carne desfiada e com tempero forte fazia um contraste interessante com o purê de textura aveludada e sabor levemente adocicado, característico da moranga.

O cordeiro veio em nacos macios, com molho forte e polenta cremosa.

As porções são suficientes para os padrões executivos, nada muito farto mas também não dá aquela sensação de "eu ainda comeria um boi" ao final da refeição.

De sobremesa, cada um escolheu uma das opções:

A banana não tem como ser ruim, seja flambada, grelhada ou cozida. Colocou canela e uma bola de sorvete de creme, tá lindo. A compota de abóbora era até interessante, mas talvez fosse mais gostoso se a compota fosse de goiaba com o requeijão (que, aliás, veio em quantidades míseras).

Alegria na hora da conta: total de R$ 48,00 (incluindo os refris). A digestão fica até mais fácil...

Recomendo o Le Chef não somente para um almoço durante a semana, mas também para um jantarzinho bacana em casal para quem quer fazer bonito sem estragar o bolso.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dia de festa: comemoração em grande estilo

Daí que ontem foi meu aniversário e, na hora de escolher onde iríamos comemorar, fui taxativa: vamos lá ver se o Le Troquet é tudo isso mesmo... para quem não sabe, o Le Troquet é um restaurante francês, campeão absoluto do título de "Melhor Francês da Cidade" e também do título de "O melhor da Cidade" pela revista Veja Campinas em diversas edições.



A casa fica no distrito de Sousas, logo na entrada, na marginal direita da avenida principal. A fachada, um muro com uma abertura onde se lê "entrada" e outra onde se lê "saída", que mais se parece com um motel é, na verdade, para preservar a privacidade de seus clientes. De fora não se vê quem chega e nem os carros estacionados. Um grande jardim com mini lagos e quedas d'água circunda toda a parte externa do restaurante e pode ser visto do interior, uma vez que as paredes contam com enormes janelas. Não sou eu que vou dizer aqui que o jardim só veio reforçar a idéia de semelhança com um motel, longe de mim...

O laguinho da entrada

Mas, ao entrar naquele ambiente austero, já se nota que a atmosfera tem algo de diferente: o lugar é escuro, recheado de objetos de decoração saídos de antiquários e peças de arte, recortado por paredes baixas que separam os ambientes e dão maior privacidade às mesas. As cadeiras são de couro marrom, estilo escritório dos anos 70, mas bastante confortáveis.

O jardim externo, visto da nossa mesa

Nossa reserva estava agendada para às 21h, mas chegamos um pouco antes. O lugar estava praticamente deserto, com apenas duas mesas ocupadas, e o garçom de fisionomia sisuda fez questão de nos colocar ao lado de outra mesa já ocupada. Oi? Precisava? Mas o lugar foi aos poucos enchendo, enchendo, até que ficou completamente lotado, com espera na entrada e no bar.

Ah, o bar. O Le Troquet Unique Bar é um capítulo à parte, merece menção pois é um dos bares mais interessantes que já vi, tem até pista de dança! A iluminação, juntamente com as paredes irregulares, passa a sensação de se estar em uma caverna de gelo. Tem clientes que vão ao Le Troquet para ficar pelo bar mesmo, que conta com cardápio próprio. Belíssimo...

Mas vamos aos trabalhos: primeiro, a carta de vinhos e um espumante seria indispensável para brindar ao grande dia (modéstia não é meu forte), mas as francesas estavam beeem caras (nenhuma por menos de R$ 350,00). Optamos por um prosecco Valdobianne (R$ 89,00) que não fez feio, servido geladíssimo, fui com ele até a sobremesa. O maridão quis um tinto para acompanhar seu prato de carne e as opções de meia-garrafa eram boas. A escolha foi o chileno Villa Montes, um cabernet sauvignon que saiu algo em torno de R$ 47,00 (meia-garrafa).

O Menu, elaborado pela dupla de chefs Henri Sauveur Hirigoyen e Gerard Jehanno, traz pratos da cozinha francesa tradicional, incluindo ingredientes clássicos como foie gras, escargot e vieiras. Como gosto de explorar ao máximo o melhor da cozinha de cada restaurante, costumo escolher pratos que tenham a identidade do chef ou que sejam considerados especialidades da casa. De entrada, escolhi um voul-au-vent de vieiras com molho de champagne - uma espécie de cestinha de massa folhada com recheio cremoso. Mamãe foi de alcachofras na manteiga.

Vieiras em grande quantidade, estouravam na boca de tão frescas. Sou apaixonada por vieiras, mas no Brasil não é em todo lugar que se encontra essa delícia. Não saiu barato (R$ 47,00), mas valeu cada garfada.

Tenros fundos de alcachofra, o sabor ficou por conta da manteiga com ervas.

As opções de pratos principais privilegiavam os peixes e as carnes. Eram várias opções de linguado, abadejo, salmão, truta, haddock, camarões e lagostas. Nas carnes, filés de todas as formas: medalhões, chateaubriand, tornedor... mas os acompanhamentos para as carnes são sempre os mesmos: cenouras, batatas e um creme de espinafre. Há também opções de cordeiro, pato e galinha d'angola.

Como eu já estava em companhia dos amigos do mar, escolhi uma massa com camarões, vieiras e lagosta com molho de champagne. O ponto da massa estava al dente, o molho de champagne era extremamente saboroso, mas os frutos do mar vieram em pedaços, o que tira um pouco do prazer de sentir a textura de cada um, que é fator muito importante para este tipo de alimento. Principalmente no caso das vieiras, pois seus pedaços acabaram se confundindo com o restante.



Mamãe foi de chateaubriand com molho bernaise, um corte bem alto de mignon com um molho que tem como base estragão, cebola, vinagre e vinho. A maciez da carne era evidente, e o ponto veio exatamente como o pedido.

Apesar do péssimo foco da foto, dá para notar a altura do filezão?

O maridão, apesar da tendência de SEMPRE pedir cordeiro onde quer que ele vá (já deu pra perceber pelo blog, não?), acabou se rendendo às minhas orientações e foi de Filé com molho de pimenta verde e fungi. Como ele come carne extremamente mal-passada, assim como eu, na hora de pedir o ponto ele usou uma expressão francesa, "bleu", que além de azul quer dizer bem mal-passado. O garçom, aquele mesmo da fisionomia sisuda, fez um ar blasé e virou as costas. Aliás, aqui cabe uma nota sobre o serviço: já vi melhores... para um restaurante deste nível, o serviço tem que ser quase onipresente, sem que seja necessário procurar pelo atendente. E, quanto à simpatia, nota zero. Totalmente impessoal, nem um sorriso, nem uma atitude pró-ativa de sugerir alguma especialidade, nada. Minha referência para comparação é o Fasano, em Sampa, onde fomos maravilhosamente atendidos. O garçom gostou tanto da gente que até nos levou para ver a cozinha, através de uma vidraça que, ao toque de um botão, ficava transparente, permitindo visualizar o interior da cozinha. Bom, mas voltando ao Le Troquet...

Filet Au Poivre Vert: pena que a pimenta verde acabou se perdendo em meio ao sabor do fungi.

Para a sobremesa, não nos restava muito espaço em nossos estômagos satisfeitos. Aliás, nos supreendemos novamente com as porções fartas para um francês. Acho que o conceito que temos na cabeça já era, agora os franceses servem quantias italianas...
Mas para não perder o hábito, o maridão e eu decidimos dividir um Créme Brûlée (alguém aí se lembrou da expressão "insisitir no mesmo erro"?) e, mais uma vez, acertamos em cheio. Estava um verdadeiro espetáculo, extremamente cremoso, com o açúcar na medida certa, contrastando texturas e temperaturas: cremoso x casquinha de açúcar, quente na superfície x gelado no fundo.

SUBLIME...

Na hora da conta, já esperávamos pelo estrago. É um restaurante caro, mas também não poupamos nas nossas escolhas e uma comemoração pede um pouco de "relaxamento". O total foi de R$ 489,00, em três pessoas, com 2 entradas, 3 pratos principais, uma sobremesa, prosecco e meia-garrafa de tinto. Uma sugestão para provar especialidades sem precisar deixar uma fortuna é pedir duas entradas ao invés do prato principal, pois são inúmeras opções e as porções não são pequenas. Mas cuidado, pois há opções de entradas que chegam a custar mais que o um prato principal...

No final da noite, sentimos que a escolha do Le Troquet para nossa comemoração havia sido certeira, pois não há como negar que é um restaurante que se destaca do restante da cidade. Não posso afirmar que trata-se do melhor da cidade, mesmo porque é complicado falar em termos absolutos. Mas é um ícone, de certo, digno de sua fama, que faz valer a visita e o investimento.

Le Troquet Cuisine Française
www.letroquet.com.br