domingo, 31 de janeiro de 2010

E a saga continua... porém com recompensas!

Se você é leitor deste blog, já sabe que a saga do título refere-se à minha incessante busca pela feijoada perfeita em Campinas. Na semana passada, tive a oportunidade de avaliar mais duas feijucas (uma na quarta e outra no sábado, vejam que o blog está contribuindo para o meu processo de "esferificação" - não a esferificação da cozinha moderna do Ferrán Adriá, mas sim a do meu corpo).

Como o post tem muitas fotos, vou ser breve no blá blá blá:

Feijuca 1: Empório do Nono - Barão Geraldo
Quando: às quartas e sábados
Sistema: cumbucas individuais
Preço por pessoa: R$ 19,80 (este preço é o de quarta, não sei se é mantido aos sábados)
Avaliação do blog: Bonitinha mas ordinária - vejam os comentários das fotos

Logo na chegada, a simpática placa de rua já avisava que era dia de feijuca.


As mesinhas da calçada são bem bacanas para o happy do Nono, que é muito bom, inclusive. Mas para o almoço, ainda mais pelo prato a ser degustado, a sombra é indispensável. Pra variar, meu parceiro de saga e colega da firrrma, Alexandre - vulgo Xana - me acompanhou em mais uma investida.

O couvert faz parte do pacote e é simples, mas os pãezinhos são caseiros e a manteiga é Aviação.


Como era dia de almoço executivo, a feijoada também conta com uma saladinha de entrada, que já vem incluída no preço. Simples mas gostosa, com a manga que deixou tudo mais fresquinho. Só tive que levantar para pegar o azeite, pois o garçom não estava muito ligado no que se passava nas mesinhas da varanda.

Eis que chega o prato e, apesar de gracioso, notei que as porções mais pareciam aquelas "mini-comidinhas" que estão na moda, cada uma em sua "mini-cumbuquinha", como o caso da farofa e do molho de pimenta. Tudo muito "mini" para o meu apetite...


A cumbuca até que é bem farta para uma porção individual, o que faz com que os acompanhamentos acabem bem antes do que a feijoada em si. Não sei se a reposição é cobrada, mas pedi um adicional de farofa e o mesmo não veio discriminado na conta (só faltava cobrarem pelo "pires" de farofa extra).

Em suma, o feijão estava bem saboroso, na consistência que eu gosto, e as carnes eram macias. A cumbuca do meu parceiro estava um pouco queimada, o que comprometeu o feijão do fundo. Mas os acompanhamentos deixam a desejar em termos de quantidade, principalmente a farofa e o arroz.


Feijuca 2: Jensen Gastronomia - VINHEDO/SP*
Quando: às quartas e sábados
Sistema: Self-service com tudo separado em diferentes réchauds
Preço por pessoa: R$ 32,00
Avaliação do blog: Espetáculo! - vejam os comentários das fotos

* Apesar do foco do blog ser a cidade de Campinas, permito-me incluir este restaurante no blog devido à ótima feijoada - finalmente! - e à proximidade de Vinhedo (são 15 minutos de Campinas).

O interior do restaurante, com agradável atmosfera proporcionada pela bela decoração rústica e ventilação natural.

A mesa de feijoada traz tudo separado em diferentes réchauds, sendo: arroz, feijão, feijão com paio, linguiça e carne-seca, costelinha, pé e rabinho, farofa, vinagrete, molho de pimenta, couve, torresmo e, sobre a mesa, laranjas fatiadas e diferentes pimentas.




Para o meu gosto, o feijão das carnes estava mais saboroso do que o feijão sozinho, o que me fez optar pelo segundo para montar meu prato. As carnes estavam extremamente macias, inclusive a carne-seca, que desmanchava na boca. A costelinha também estava muito boa, com a carne soltando fácil do osso, merecia mesmo um réchaud só para ela.

Apesar de não ser fã de pé e rabo de porco, essa foto vai especialmente para o Xana, que A-D-O-R-A.

Tem coisa mais linda que torresmos douradinhos e sequinhos? Desmanchavam na boca, uma perdição... comi feito pipoca!


Até a laranja estava gostosa, nada ácida... eu que não ligo muito para a laranja como parte integrante da feijoada, acabei comendo várias.


Este é o meu prato montado (o 1º) - não, pessoal, não tive coragem de montar o prato no "vulcãozinho style", ia matar o pessoal da mesa de vergonha. Mas nota 10 para o tamanho do prato, o maior que já vi em qualquer buffet! (Esse comentário também é típico de quem tem cabeça de gordinho).

Resumindo, a feijoada do Jensen é uma das melhores feijoadas da RMC (Região Metropolitana de Campinas). O sistema de buffet com tudo separadinho me encanta e o preço é camarada: R$ 32,00 por pessoa. Fico feliz de ter encontrado uma feijuca de respeito em Vinhedo, pois assim tenho mais pretextos para passar os finais de semana na casa da mãe - coisa que eu quase não gosto, viu?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dica Mais Barriga por Menos da semana: Casa da Moqueca

Lá vamos nós para mais uma dica para encher a barriga sem esvaziar o bolso. A Casa da Moqueca, que conta com dois endereços em Campinas, já nasceu com o intuito de oferecer comidade de qualidade, feita com bons ingredientes, sem cobrar um preço elevado por isso. Apesar do foco nos peixes e frutos do mar, no cardápio encontram-se opções diversas de carnes e aves, além dos pratos "infantis". Mas o que faz a fama do "bom e barato" é o almoço executivo, que atrai pessoas de todos os cantos da cidade e não só aquelas que trabalham ou estudam nas proximidades. Pouco após o meio-dia já não é difícil encontrar filas de espera em ambas as casas, tanto na de Barão Geraldo (distrito onde fica a Unicamp) quanto na da Chácara da Barra, relativamente perto do Shopping Iguatemi.

O bacana do almoço executivo é que no menu constam pratos de camarão por menos de R$ 20,00. Aí você deve pensar que são pratos com aqueles micro-camarões, nos quais é preciso procurar muito para encontrá-los perdidos em algum molho, em quantidade miserável. Que nada! Em geral, o pratos trazem camarões médios, em perfeito ponto de cozimento e farta quantidade. Os pratos de peixe também são bem servidos, com opções de peixes nobres como linguado, abadejo e salmão. Além dos amigos do mar, também existem os clássicos como Mignon a Parmegiana, Picanha com Fritas, Strogonof de Mignon, Filet de Frango com Risoto e Lombinho.

Legal ver a preocupação com detalhes, mesmo em um lugar que não cobra caro, o azeite é do bom (e não aquelas latinhas de óleo Maria com um palito de dente fechando o buraco pra sair menos).

Na última vez que estive lá (em companhia do meu também parceiro de saga e colega da firrrma, Alexandre - ou Xana), pedimos entradas que não fazem parte do menu executivo. Fui de casquinha de siri e ele de bolinho de bacalhau. Minha casquinha estava delícia, super cremosa mas com bastante carne de siri. O bolinho de bacalhau, apesar de bom, era muito pequeno para uma entrada que não faz parte do executivo.

Casquinha de Siri e o "bolinhozinho" de bacalhau

Pedimos o mesmo prato (quem tem cabeça de gordinho costuma ter medo de pedir outra coisa e se arrepender depois de ver o prato do outro), o Camarão ao Molho Moranga, que vem com arroz e batatas rústicas de acompanhamento. O molho é um creme de abóbora com catupiry, com consistência firme porém nada enjoativo. Os camarões (médios) estavam tenros, muito macios, nada de textura borrachenta. As batatas rústicas são aquelas fritas mais gordinhas, macias por dentro e crocantes por fora (inclusive, são minhas favoritas). A quantidade é ideal, mas até que fiz um certo esforço para não deixar nada no prato, então considero um prato farto para o menu executivo. A pimentinha que vem à parte é das brabas, mas muito saborosa.

Sem precisar garimpar pelos camarões

As sobremesas são as clássicas, como pudim de leite, creme de papaya, sorvetes e frutas da estação (adoro o termo "da estação", que no Brasil não significa nada). Não me seduzi por nada, mesmo porque os preços são meio altos para coisas simples. Talvez seja uma forma de equilibrar a pechincha dos pratos...

Mas alegria mesmo é quando chega a conta: para quem não acredita, segue a foto:

Continha que não pode ser chamada de "dolorosa"

Nosso prato custou inacreditáveis R$ 18,00, o mesmo que se paga em uma "refeição" composta de lanche, fritas, refri e sobremesa na lanchonete dos arcos dourados! Dezoito reais mal pagam a quantidade de camarões que vêm no prato, in natura! E não pensem vocês que este baixo custo se reflete na qualidade ou no atendimento, porque nunca tive nenhuma experiência negativa por lá, pelo contrário, o pessoal é rápido e cortês.

A chuva não desanimou o público, que formou até fila de espera na porta

Com entrada, prato principal e bebidas, o total não chegou a R$ 30,00 por pessoa. É por isso que a Casa da Moqueca é a Dica Mais Barriga por Menos da semana!

Casa da Moqueca
www.casadamoqueca.com.br

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Bistrô Expand: jóia escondida

Após tanta chuva, conseguimos finalmente sair da toca para o tão esperado jantarzinho bacana da semana. Escolhemos o bistrô da Expand, lugar pequeno e aconchegante que fica nos fundos da loja de vinhos. A proposta é oferecer um menu enxuto, porém com opções de carne, cordeiro, peixe e frutos do mar para acompanhar as centenas de opções de vinhos à venda na loja. Após fazer o pedido, o cliente vai até as prateleiras para um delicioso passatempo, em busca do vinho ideal para sua refeição em meio a mais de 2.800 rótulos de 16 países.

Mar de rótulos

Como o restaurante fica nos fundos, você é obrigado a atravessar a loja e a vontade que dá é de ficar por ali mesmo em meio às garrafas, mas seguimos em frente. O lugar é pequeno - são 35 lugares - porém com bom espaço entre as mesas, mas não o suficiente para impedir que as conversas sejam compartilhadas (ainda mais após algumas garrafas, quando bate aquela animação). Mas nada que tenha incomodado, mesmo porque além de nós só havia uma outra mesa com duas pessoas.

De entrada, o cardápio oferecia variadas opções de bruschetta. Fomos de calabresa com funghi, apenas uma porção pois a mesma vinha com quatro unidades, suficiente para um casal. Para os pratos principais, escolhi o medalhão de mignon ao molho de roquefort com risoto de alcachofra e o maridão foi de mignon de cordeiro com risoto de pistache. Pedidos feitos, lá fomos nós em busca do nosso tinto. O maridão se encarregou da escolha, mesmo porque ele é o expert do casal no quesito harmonização. Enquanto ele escolhia (e para o desespero dele), eu tirava as fotos da loja. Já falei pra ele ir se acostumando com o mico das fotos, mas tá difícil...

Perdido entre tantas opções

Agora vou abrir um adendo a este post: infelizmente, não sou tarada por vinhos... Eu sei, eu sei, é triste admitir isso para quem gosta tanto de comer como eu, mas talvez eu ainda não tenha sido suficientemente seduzida por Baco... E olha que as investidas foram muitas ao longo da vida, minha família sempre teve o hábito de incluir bons vinhos nas refeições e o maridão também se esforça bastante para que eu ceda aos encantos da bebida. Mas eu chego lá, pelo menos já adoro um bom espumante, bem geladinho, na beira da piscina...

Voltando: vinho escolhido, voltamos para nossa mesa e a garrafa foi para para o gelo para chegar à temperatura ideal. Como a intenção não era escolher nenhum vinho premiado ou especial, o eleito foi o argentino Santa Julia Malbec, da Família Zuccardi, proveniente da região de Mendonza. Um vinho com preço amigável e que fez jus à refeição, e pronto. Não esperem que eu vá discutir sobre aspectos do vinho como "coloração rubi- intenso", "taninos marcantes" ou "lágrimas rápidas e abundantes", mesmo porque não entendo lhufas sobre isso e meu foco é a comida, portanto vamos ao que interessa.

A combinação de funghi com calabresa da bruschetta ficou muito boa

Meu prato estava excelente, muito bom mesmo. O mignon estava exatamente no ponto que eu pedi (o que costuma ser um problema para os restaurantes, uma vez que eles não acreditam quando eu peço bem mal-passado) e o molho de roquefort estava delicioso, leve até, o que impressiona para um queijo azul. O risoto de alcachofra estava ótimo, no ponto certo de cozimento e na quantidade perfeita. O prato do maridão estava ótimo também, a carne de cordeiro era macia, bem temperada com ervas e contava ainda com uma geléia de hortelã. O risoto de pistache também estava bem gostoso, contrastando entre a maciez do arroz e os pedacinhos de pistache, delícia. As porções eram razoavelmente grandes, mas nada exagerado.

Medalhões ao Roquefort

Mignon de Cordeiro

De sobremesa, cresci o olho para o crepe de morangos com calda de chocolate e não consegui pedir outra coisa. Mas acho que estava esperando algo mais complexo e não achei que estava maravilhoso, apenas bom. Talvez seja porque os morangos do recheio, não muito maduros, estivessem ali soltos dentro da panqueca, o que tornava o sorvete com chocolate muito mais gostoso do que o crepe em si.

Crepe de Morangos

O serviço foi atencioso mas discreto, sem excessos mas presente. Achamos graça quando o garçom, vendo que eu tirava fotos dos pratos, se ofereceu para tirar uma foto nossa... "não, obrigada, só quero fotografar a comida mesmo" - e ele saiu com um ponto de interrogação na testa...

Quanto à "la dolorosa", foram R$ 180,00 por uma entrada, dois pratos principais, uma sobremesa e um vinho de R$ 43,00. Uma média de R$ 70,00 por pessoa SEM vinho. Mas como trata-se de um bistrô instalado em uma loja como a Expand, que é a maior importadora de vinhos da América do Sul, não dá para cogitar excluir o vinho de sua refeição. Aqui, ele é o prato principal.



Bistrô Expand
R. Maria Monteiro, 59
Cambuí
Fone: 3252-8893

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Papai Salim: Liga Bra Mim

Ah, o verão... estação tão festejada no Brasil, país de praias paradisíacas e de gente feliz e bronzeada, mas que também traz as malditas e intermináveis chuvas de fim de tarde... É justamente por causa desses temporais diários que acabei desistindo de sair para jantar ontem, e anteontem, e antes de anteontem... Coisa mais chata! A volta pra casa do trabalho já demora mais que o dobro do normal, o que me deixa totalmente desmotivada para sair de novo.

Assim sendo, somando-se o mau tempo com a total falta de vontade de cozinhar (sim, para aqueles que não sabem, cozinho sim, e muito bem), resolvemos apelar para o delivery, mas aí iniciou-se outro drama. As opções de delivery em Campinas restringem-se a pizza, lanche, batatas recheadas e toda sorte de junk food existente. Daí que ficamos naquela indecisão, a vontade mesmo era de ir jantar em algum lugarzinho bacana, mas para pedir em casa não batia nenhuma vontade específica. Vamos ligar para o Papai Salim, pronto! (já que o slogan do delivery deles é "liga bra mim").

O Papai Salim é um restaurante libanês que ocupa o mesmo espaço no centro da cidade há mais de trinta anos, tendo passado por uma boa reforma recentemente. Tem um cardápio enxuto, com os pratos tradicionais da culinária "árabe", como kibes feitos de todas as formas, esfihas, pastas frias, tabule, charutinho, abobrinha recheada e beirutes. Vencedor do prêmio de Melhor Salgado da cidade pela Veja Campinas (não me lembro o ano exato), faz o melhor quibe frito que já comi na vida, também na versão recheada com catupiry (sim, o legítimo). Ainda no quesito quibe, o quibe crú é sempre muito bem feito, com a dosagem certa de trigo e carne, tem aquela cor vermelho-vivo, sempre muito fresco. As pastas como homos, babaganuch e coalhada seca podem ser motadas em um combo com tabule e quibe cru, ou ainda com outras opções de pratos quentes.

Como ontem fomos de delivery, não posso falar do salão do restaurante pois ainda não passei por lá depois da reforma, mas até pela localização e pelo público fiel que o frequenta, posso afirmar que é um ambiente simples, com alta rotatividade no horário do almoço, porém o atendimento costuma dar conta do recado. Não tem estacionamento e não se pode parar em frente, pois fica em uma avenida movimentada, mas no entorno encontram-se vários estacionamentos (que, se não me engano, algum deles deve ter convênio com o restaurante).

Quanto ao preço, achei que nosso pedido de ontem saiu mais salgado do que o que costumo pagar quando vamos no próprio local. Acabei não perguntando quanto era a taxa de entrega e teve também o adicional do refri, que muito provavelmente deve ser bem mais caro que no mercado. Mas por 3 quibes fritos, 1 quibe crú (porção de 500g), 1/2 porção de homos e 4 esfihas abertas de carne, o total de R$ 66,00 parece meio caro (lógico que a comparação no pode ser feita com o famoso-e-horrível fast-food àrabe, mas os preços estão bem próximos do Almanara, cujas instalações são bem melhores).

Ah, e aqui entra a "coisa de turco": mesmo tendo pedido o homos, o pão sírio não vem incluso no preço, tem que ser pedido à parte, cujo valor também é cobrado à parte... Eu sei que libaneses detestam ser chamados de turcos e sua comida também não deve ser chamada de árabe, mas já que costumamos fazemos toda essa miscelânea étnica, a "coisa de turco" é para ilustrar a fama de, digamos, mão-fechada...

Em suma, o Papai Salim serve comida de excelente qualidade, tem um delivery que cumpre o tempo de entrega estipulado e está lá, firme e forte no mesmo lugar porque sabe o que faz. Portanto, o aval do blog: Papai Salim é Mais Barriga!

Papai Salim
www.papaisalim.com.br

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dica "Mais Barriga por Menos" da semana: Galeteria Via Dei Galli

Estreamos hoje a sessão Dica "Mais Barriga por Menos", que a cada semana irá falar sobre os restaurantes onde pode-se comer bem por um preço camarada. Por comer bem, entende-se comida boa e farta, geralmente servida em um local mais simples, sem muita preocupação com detalhes como decoração do salão ou modos dos atendentes. Quanto ao preço camarada, refiro-me àquela sensação de que o valor pago vale muito à pena pelo que foi servido. Vejam vocês que a intenção aqui não é postar aquelas promoções tipo "churrasquinho grego + refresco por R$ 1,50", pois neste caso o título da sessão seria "A pechincha roleta-russa da semana".

Explicações dadas, vamos ao que interessa. A Galeteria Via Dei Galli trabalha com um sistema de "rodízio" muito comum no sul do país, no qual é servida uma sequência de pratos para acompanhar o famoso galeto ao primo canto, que é carro-chefe da casa, ao lado da costela de porco. O "desfile da fartura" começa com uma sopa de capelete (ou capeletti in brodo), servida com torradinhas de alho. Na sequência (e depois de uma certa "quentura"), as garçonetes vão colocando intermináveis tigelinhas na mesa: berinjela à parmiggiana, salada de batata, salada de radicchio com bacon, polenta frita, cebola cozida, talharim com três opções de molhos (pesto, bolonhesa e sugo) e, enfim, o galeto e costela que saem direto da churrasqueira. Dos acompanhamentos, merecem destaque a polenta frita (douradíssima, crocante por fora e cremosa por dentro) e a berinjela à parmiggiana. A salada de radicchio seria melhor, na minha opinião, se fosse temperada com alguma antecedência, uma vez que trata-se de uma verdura de sabor amargo. A cebola cozida poderia ser feita na brasa, junto com o galeto e a costela, o que a tornaria muito mais interessante. E não costumo nem encostar no talharim, simplesmente porque não dou conta de tanta comida ao mesmo tempo (e pra quem me conhece, sabe que isso é difícil de acontecer).

Quanto à estrela da casa, o famoso "galeto ao primo canto" leva este nome pois a ave é abatida ainda muito nova, assim que começa a cantar. A receita é segredo de família, mas o que se sabe é que o galeto fica marinando horas em um tempero de ervas e vinho antes de ser assado na brasa. Pode-se optar entre coxa ou peito, mas como eu sempre peço a coxa, a avaliação que tenho é de uma carne macia, muito saborosa e úmida. Apesar de não ser a protagonista do desfile, a costela de porco é algo sublime, bem carnuda e macia. Conta ainda com uma fina camada de farofinha por fora que lhe confere uma crosta crocante, em contraste com o interior tenro.

Agora vamos ao que interessa: toda essa esbórnia gastronômica sai por R$ 22,80 no almoço e por R$ 25,80 no jantar e aos finais de semana (por pessoa). Só fui durante o almoço, mesmo porque acho que teria pesadelos brabos depois de comer tanto em um jantar, mas não recomendo para os dias de calor extremo, só com a sopa já se começa a passar mal... Outro porém é com relação ao atendimento, meio lento e não muito cortês, mas para o quesito "Mais Barriga por Menos" não devemos nos preocupar tanto com isso, certo?

Galeteria Via Dei Galli
(não possui site próprio)

Rua Oliveira Cardoso, 225 - Bairro Castelo
Fone: 3241-4044

domingo, 17 de janeiro de 2010

L'Alouette: francês maior de idade

Ontem decidimos jantar no L'Alouette, restaurante francês instalado há mais de 18 anos no bairro do Cambuí. Descobri que a casa conta com uma clientela fiel e após às 21h horas estava quase lotada. Ouvi dizer que é concorridíssimo no almoço, quando oferece menu executivo a preços bem interessantes.



As opções são inúmeras, nada de menu enxuto de bistrô francês, mesmo porque não se trata de um bistrô. Há também um menu especial no qual pode-se optar também por uma entrada ou sobremesa, pagando apenas o valor do prato. Logo no começo da noite, uma grata surpresa: a carta de vinhos é muito boa e os preços, melhores ainda. Pedimos um Côtes Du Rhône tinto, safra 2007, por inacreditáveis R$ 26,00 a garrafa.

Pechincha!

De entrada, mamãe pediu um Shitake a provençal, espécie de bruschetta francesa, e eu fui de lulas gratinadas com fundo de alcachofra. O engraçado é que pedimos as entradas com base no conceito das porções francesas, imaginando que nossos pratos principais seriam no estilo "menu degustação" no quesito quantidade.

Shitake a Provençal

Lulas gratinadas com fundo de alcachofra


Ledo engano o nosso... quando o garçom trouxe nossos pedidos, ficamos de queixo caído com a, digamos, fartura. No meu caso, que pedi Canard aux Olives (pato ao molho de azeitonas), imaginei que seriam as lâminas de pato, umas 6 fatias no máximo, mas o que vi foi uma coxa + uma sobre-coxa praticamente inteiras no prato.

Coxão de pato!

O maridão pediu Filet de Cordeiro (e depois confessou que optou pelo filet ao invés do carré por medo da porção ser pequena) e também se surpreendeu com a quantidade.
Filet de Cordeiro com Risoto Italiano

Mamãe foi de Menu Especial e escolheu os Médaillons a Francesa, com queijo brie gratinado e risoto de cogumelos. Não poderia ser diferente, eram dois medalhões altos e grandes, com bastante queijo, além do risoto.

Medalhões com brie

Com relação à qualidade, estava tudo muito bom, o ponto do medalhão veio exatamente como o pedido, o cordeiro estava extremamente macio e meu pato, muito saboroso. O único porém é que achei que a carne do pato poderia estar mais tenra, soltando os nacos da coxa, mas sei que essa característica depende mais da idade do pato abatido do que da maestria do chef.

De sobremesa, no Menu Especial podia-se escolher entre creme brûlée, petit gateau ou morangos flambados. Mamãe optou pelo terceiro e nós, mesmo sem termos pedido do Menu Especial, quisemos o creme brûlée (esse é pra saber se o francês é bom mesmo). Meu único arrependimento foi ter pedido para dividir com o maridão, porque estava simplesmente divino. A textura do creme era firme, mas um pouco aerada, e a baunilha certamente era a natural, nada de essência em gotinhas. A casquinha de açúcar por cima estava perfeita, a temperatura quentinha contrastava com o gelado do creme no fundo da tigelinha, um arraso. Os morangos flambados também estavam muito bons, mas a estrela das sobremesas é, sem dúvida nenhuma, o creme brûlée.

Brincando de quebrar a casquinha de açúcar

Além da agradável surpresa com a carta de vinhos, com a fartura dos pratos e com a sobremesa espetacular, a refeição terminou com a sensação de que os preços foram muito justos. No total, o valor por pessoa saiu R$ 80,00.

O aval do blog: o L'Alouette é, com certeza, Mais Barriga!

L'Alouette Restaurante Francês
http://www.lalouette.com.br/

sábado, 16 de janeiro de 2010

Big Jack: chegou chegando...

A mais nova hamburgueria de Campinas (não que haja muitas outras), inaugurada em dezembro passado, já conta com salão lotado e fila de espera nas noites de sexta, sábado e domingo. Isso não seria um fato relevante em São Paulo, mas aqui em Campinas é, principalmente para um lugar recém aberto, em um bairro que conta com inúmeras opções de bares e restaurantes.



Ao meu ver, o motivo desse sucesso deve-se à visão empreendedora de quem está por trás de tudo: ele não só é dono de uma das melhores e mais conhecidas padarias de Campinas, o que já provaria que não costuma dar ponto sem nó, mas também teve a iniciativa de trazer grande parte de sua brigada do gigante paulistano The Fifties. Isso prova que o Big Jack não está pra brincadeira...

A decoração da casa é naquele estilo batido de lanchonete-anos-60-, acrescido da visão meio "over" dos dias de hoje, mas tá valendo, o investimento ali deve ter sido alto.

O cardápio é beeem parecido com o do The Fifties, conta não somente com os lanches, mas também com opções de salada, carnes e acompanhamentos diversos. Além dos lanches da casa, há também a opção de montá-los com diferentes tipos de hamburguers, queijos, pães e acompanhamentos.

Esta foi a minha terceira ida à hamburgueria, portanto já deu para fazer uma média entre três situações distintas: a primeira vez foi durante o almoço, logo nos primeiros dias de funcionamento. A segunda também foi em um almoço, um pouco depois e a terceira foi em uma noite de casa lotada. Na primeira vez, achei o serviço um pouco tenso, muito presente, perguntando a toda hora se faltava alguma coisa, se podia levar o prato vazio, se podia levar o copo, enfim, estava incomodando. Já na segunda vez, o serviço foi impecável, ligeiro e na medida certa. Mas na terceira ida, com casa lotada, algumas falhas saltaram aos olhos: alguns garçons, enquanto ociosos, não prestavam a devida atenção no salão, distraindo-se com as televisões, enquanto alguns clientes (foi o meu caso) ficavam com aquela mão estendida, suplicando para serem vistos. Em dia de casa cheia, a brigada tem que estar ligadíssima, senão vai ter cliente impaciente. Nada que tenha me incomodado muito, mas não é legal ter que chamar o atendente a todo momento, existe uma sequência básica de atendimento que deve ser seguida sem que seja preciso pedir. Por exemplo, após entregar o cardápio, as pessoas colocam-no fechado sobre a mesa, o que significa que estão prontas para pedir. Se o garçom não está atento a isso, o cliente tem que chamá-lo para poder pedir, e assim sucessivamente durante a refeição.

Para iniciar os trabalhos (e aplacar a fome enquanto escolhíamos os lanches), pedimos uma porção de fritas. A porção inteira não é tão grande, mas até que dividimos na paz. Só acho que poderiam estar mais sequinhas e crocantes, como das outras duas vezes que comi, mas dessa vez estavam mais molengas, não tão douradas e firmes. Ponto para a mostarda e ketchup HEINZ, que deveriam ser "default" em uma lanchonete que se preze.



Quanto aos lanches: tenho o hábito de sempre pedir o mesmo lanche em qualquer hamburgueria que vou, o que me dá a chance de poder comparar os lugares a partir de uma mesma referência. No caso, o lanche do Big Jack não ficou nada atrás do lanche do The Fifties (vale uma menção aqui: apesar de gostar muito do The Fifties, não considero a melhor hamburgueria de Sampa, mas a função aqui é servir de referência). O hamburguer é bem macio, saboroso, no ponto certo, mas infelizmente é feito na chapa, o que confere um gostinho de gordura adicional. O queijo é cremoso, nada de textura borrachenta e o pão é daqueles que ficam crocantes por fora e macios por dentro, porém ser formar aquela papinha de pão e molho no final. O molho tártaro estava delicioso, com textura e gosto de maionese caseira.

O lanche do maridão (o maior da foto) vem no pão australiano, com cheddar, onion rings e molho de alho. O cheddar é cremoso e não tão laranja-radioativo, os anéis de cebola são fininhos e crocantes e o molho de alho é a vedete do lanche, delicioso! Se for um casal, é bom que os dois curtam alho, senão é um perfeito repelente de amor. Ainda bem que nós dois adoramos...



De sobremesa, pedimos um brownie com sorvete. As opções eram aquelas tradicionais de lanchonete, tipo banana-split, colegial, etc., além das tradicionais de qualquer lugar, como petit gateau, cheesecake, creme de papaia... Fomos de brownie porque seria reconfortante e não erramos, estava bem gostoso, na temperatura certa, e as lâminas de amêndoas davam uma crocância gostosa na combinação com o sorvete e o chantilly.



O preço não é nada fora da média, nossa conta ainda incluía dois choppes e um refri e tudo não saiu mais de R$ 80,00 (um alô para os desavisados: não queira comparar os preços de uma hamburgueria com os de auto-lanches, ok?)

Tá aí, Big Jack é Mais Barriga!

Big Jack Hamburgueria
www.bigjackhamburgueria.com.br

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Em busca da Feijoada perfeita

Vamos aos fatos:

Fato 1: feijoada é o meu prato favorito (neste caso, pratos);
Fato 2: quarta-feira e sábado são os dias da semana nos quais, tradicionalmente, a feijoada é servida nos restaurantes;
Fato 3: não existe em Campinas um restaurante especializado e/ou dedicado exclusivamente à feijoada (como o Bolinha em São Paulo, por exemplo);
Fato 4: na publicação "Comer & Beber" da Veja Campinas, o mais famoso prato nacional não consta nem como item avaliado pelo juri;

Vamos à análise dos fatos:

Fato 1: tenho uma paixão quase que ardente por feijoada, algo que ultrapassa o simples conceito de "prato favorito", fazendo com que eu deseje a iguaria a qualquer momento do dia (eu poderia comer feijoada no café da manhã, por exemplo). Para mim, o ato de comer feijoada é um ritual que mantém-se inalterado há mais de duas décadas, cuja descrição é a seguinte: primeiro, faço um montinho de arroz no prato e abro um buraco no meio desse montinho, formando algo semelhante a um vulcãozinho; em seguida, coloco o feijão nesse vulcãozinho, até que ele transborde e escorra pelo arroz; em cima do feijão, polvilho a farofa (ou farinha, qualquer que seja o elemento que venha a dar liga) e por cima de tudo, o molhinho de pimenta. As carnes (no meu caso paio, lingüiça, carne seca e costelinha) eu disponho ao redor do vulcãozinho. Assim que degustar minha próxima feijuca, prometo postar a foto do meu belíssimo prato.

Fato 2: fui buscar na net a razão pela qual alguns pratos são tradicionalmente servidos em dias específicos da semana e descobri que ninguém sabe ao certo (pelo menos, não achei nenhum conteúdo consistente, portanto se você, leitor, descobrir algo sobre isso, deixe registrado nos comentários). Além disso, também não sei dizer se a tradição é a mesma em todo território nacional, portanto falo por SP.

Independente dos motivos, o que sei é que segunda é dia de virado à paulista, terça é meio que estilo-livre (ou depende das sobras, pode ser bife com fritas, bife à role, strogonoff, etc.), quarta é dia de feijuca, quinta é de macarronada e sexta, peixes e derivados. Ah, sábado é da feijuca também. Ninguém falou nada sobre o domingo, mas deve ser algo do tipo "frango de televisão + maionese + macarronada" ou o bom e velho churrascão da alegria (em Campinas, costuma-se dizer também "vou queimar uma carne com os amigos" em referência ao churrasco).

Fato 3: Acredito que o fato 3 vá gerar polêmica, mas é justamente essa a intenção, quem sabe assim alguma alma iluminada não deixa um comentário sobre um restaurante só de feijuca em Campinas que eu ainda não conheço? (nem eu nem a Veja Campinas).

Mas vamos lá: existem os restaurantes cuja especialidade define-se como "cozinha brasileira", divididos entre os que servem em sistema de buffet por quilo, buffet com preço fixo e à la carte. Vale acrescentar uma observação neste ponto do post: para o meu ritual, prefiro o sistema de buffet no qual as carnes ficam separadas em diferentes recipientes, ao ivés do sistema de cumbucas. Isso porque não sou grande fã de pé, orelha e língua de porco e o buffet permite dar uma selecionada.

Em algumas edições passadas do "Melhor da Cidade" da Revista Veja Campinas, houve votações específicas para a feijoada (discutiremos melhor adiante) e o vencedor dos anos de 2004, 2005 e 2006 foi o Vila Real, restaurante que fica dentro do The Royal Palm Plaza Resort. O Vila Real é um dos únicos restaurantes de Campinas que fazem da feijuca a vedete do cardápio de quartas e sábados, com direito até a música ao vivo. O buffet é gigantesco, dá pra ficar mais de 10 minutos percorrendo os rechauds, além da estação de acarajé, onde os bolinhos são feitos por uma autêntica baiana, vestida à caráter, inclusive.

Mas quando se trata do prato em questão, tenho minhas restrições quanto ao Vila Real: apesar da apresentação espetacular, com tudo separadinho em panelas de ferro e com direito a infinitos acompanhamentos (muito bons, diga-se de passagem), tenho a impressão de que a feijoada foi feita duas horas antes do restaurante abrir... Tipo, feijoada tem que ser curtida, de preferência de um dia para o outro, para que o caldo fique encorpado e os grãos de feijão, macios... Realmente não sei com qual antecedência é feita, mas não é aquele feijão substancioso, parece que colocaram mais água antes de servir, sabe? E a carne seca, por exemplo, vem em cubinhos cortados com a precisão de um sushiman, porém são duros, não desmancham na boca, não têm aquela gordura necessária que os tornaria deliciosos... Enfim, é uma questão de gosto e não chega a ser ruim, de jeito nenhum, mas pelo que custa por pessoa, para mim não vale à pena.

Existem alguns outros buffets que TAMBÉM servem feijoada em Campinas, portanto o prato não tem um papel de destaque, é somente mais uma opção. Já no caso do sistema de cumbucas, aí são mais alguns lugares que dedicam-se à iguaria. É o caso do Porcadinha, que aliás, serve feijoada todos os dias, mas a cumbuca vem com muito "entulho" e não dá pra pedir uma seleção de carnes, é o que tem e ponto final.

Na minha opinião, a feijoada do Bar do Marcelino, em Joaquim Egídio, é uma das melhores da cidade. Além de muito saborosa e encorpada, a porção é farta e na cumbuca só vêm as melhores carnes. Os acompanhamentos são os básicos, arroz, farofa, couve com lingüiça frita e molho de pimenta, mas tudo muito bem feito. Aliás, este restaurante merece um post só pra ele, prometo fazer em breve.


Feijuca do Marcelino

Fato 4: a revista Veja Campinas mudou o nome de sua publicação gastronômica de "Melhor da Cidade" para "Comer & Beber". Talvez seja pelo fato de que o "melhor da cidade mesmo" não dava pra preencher todas as páginas da revista e precisaram apelar para uma publicação com absolutamente TODOS os estabelecimentos da cidade (pelo menos os legalizados). Já que é pra ser assim, entendo que não devo mais considerar a publicação como uma referência do que é bom, mas sim como um simples diretório, função esta desempenhada há anos pela lista telefônica/páginas amarelas. Seja lá o qual for o motivo da alteração, o fato é que na última edição deixaram de tratar a feijoada como item de avaliação do juri para renegá-la ao nível de "simples menção" quando falou-se sobre o vencedor do título de melhor brasileiro/regional (no caso, o Bar do Marcelino).

Em suma (após este gigantesco post), vamos às conclusões:

1) Continuo minha busca pela feijoada perfeita na cidade e peço encarecidamente que, caso alguém tenha alguma boa indicação, por favor me fale;

2) Dentre as opções que conheço, a feijoada do Bar do Marcelino é a melhor nos quesitos que se enquadram no meu ritual e gosto pessoal;

3) Não consegui encontrar uma explicação sobre os pratos tradicionais de cada dia da semana, portanto se alguém quiser fazer a gentileza de explicar nos comentários, ficaremos gratos pelo enriquecimento de nossa cultura popular.

Restaurante Porcadinha
http://www.porcadinha.com.br/

Vila Real Restaurante
http://www.royalpalm.com.br/vilareal/swfs/index.html

Bar do Marcelino - Joaquim Egídio
http://www.bardomarcelino.com/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lagundri: um lugar que existe sim! Em Campinas!

Estava louca para postar sobre o Lagundri, restaurante especializado na cozinha do sudeste Asiático, que inclui países como Tailândia, Vietnã, Laos, Camboja, Indonésia, Filipinas e Malásia, entre outros.

No cardápio, uma bandeirinha colocada ao lado de cada prato indica sua origem, assim como o nível de pimenta (que se não me engano, vai de 1 a 8, sendo o nível 1 o mais “brando”). Tá certo que a pimenta não é mera coadjuvante na cozinha asiática, mas vá com calma se você ainda não é um iniciado, o nível 2, por exemplo, já causa uma boa “quentura”. A dica é pedir um nível baixo e acrescentar mais se for preciso.



A decoração da casa é belíssima, conta com um jardim de inverno rico em vegetação tropical, iluminação indireta e objetos originais. Nos fundos os clientes são acomodados em almofadas, o que torna a experiência ainda mais interessante. Se for um jantar a dois, peça pela carta de drinques exóticos.



A cozinha é bastante fiel à original, utilizando os ingredientes originais importados da Ásia, como o leite de coco tailandês, o açúcar de palmeira, as folhas de lima kaffir, as pastas de curry e o arroz thai jasmine. As entradas vêm em pequenas porções, o que permite fazer um “bem bolado” para experimentar um pouco de tudo. Gosto muito das sopas, como a Tom Kha Kai (que traz tirinhas de frango cozidas no leite de coco, com capim limão e folhas de lima kaffir) e os cremes como o de Shitake e o de Abóbora (costumam ser sazonais, pergunte sobre a disponibilidade).
Para o prato principal, costumo pedir o Pad Thai em qualquer restaurante tailandês que vou, portanto no Lagundri não seria diferente. O Pad Thai é o “arroz com feijão” da Tailândia, encontrado em qualquer esquina, por isso mesmo acho uma boa pedida para avaliar se o restaurante é bom mesmo. No caso do Lagundri Pad Thai, o que me encanta é a textura perfeita dos camarões e lulas, sempre muito tenros e macios (nunca com aquela textura borrachenta) e o aroma do molho de tamarindo casa muito bem com a delicadeza dos ingredientes. Destaque também para o Nasi Goreng, que é o tradicional “fried Rice” da indonésia, com legumes, castanha de caju e sua opção entre frango, mignon, porco ou camarões (eu particularmente acho que fica excelente com carne de porco).

Os pratos com molho de curry (verde ou vermelho) são bem picantes e não se pode pedir com menos pimenta, uma vez que as próprias pastas de curry já são muito apimentadas. Não confunda com o curry dourado, comumente utilizado na cozinha indiana, que é bem mais aromático que picante. Aqui o negócio é para quem já está mais calejado. Mas a combinação com o arroz thai jasmine ajuda a quebrar um pouco o efeito da pimenta e os pratos são realmente gostosos.
Para a sobremesa, sugiro uma das versões de brownie (o meu favorito é o de lichia com sorvete de pistache) ou a sopa de banana, super exótica (porém um pouco enjoativa, ideal para dividir). Tem também a versão doce do rolinho primavera com sorvete, delícia.

Agora a parte azeda: o preço. Na verdade, o que me deixa chateada é que o Brasil é um dos únicos países no mundo onde se paga caro por comida asiática. Lógico que não quero fazer um comparativo entre os preços nos países de origem (na Tailândia come-se um Pad Thai por menos de 3 dólares), sendo que aqui tudo tem que ser importado e os impostos devem ser bem salgados. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, não se paga mais do que 15 dólares no mesmo prato que, na Alemanha, não passa de 10 Euros.

Um jantar para duas pessoas no Lagundri, com entrada, prato principal e sobremesa, porém SEM vinho, não vai sair por menos de R$ 180,00.
No meu caso, o preço não faz com que eu deixe de adorar o restaurante, porém minhas idas ficam restritas a ocasiões especiais.

Lagundri
www.lagundri.com.br

sábado, 9 de janeiro de 2010

La Campagna: italiano não, Siciliano!

Escolhi este restaurante para estrear a sessão de críticas do blog por ser um dos meus favoritos em Campinas - na verdade, o La Campagna fica no distrito de Joaquim Egídio, ótimo para um passeio de fim de semana (mas prepare-se para as filas!).

Comandado por uma família de Sicilianos (para quem conhece este povo do sul da Itália, o título deste post não precisa de maiores explicações), o restaurante tem um cardápio dividido entre pratos típicos da Sicilia e pratos da cozinha tradicional italiana. Se o próprio Davide, filho do casal fundador da casa, for anotar os pedidos da sua mesa, trate de escolher algo do menu siciliano, caso contrário ele vai fechar a cara.

Enquanto aguardam pelos pratos, os clientes contam com uma farta mesa de antipastos feitos com esmero, com sabor pungente e rústico, típicos da cozinha desta região da Itália. Recomendo a Caponata, a parmigiana de beringela (cuja textura é sublime) e a couve-flor gratinada. Se o Sr. Carmelo estiver por perto, prepare-se para servir-se da seleção que ELE considera melhor: "não, este é molto melhor!"

O ambiente é aconchegante, das janelas pode-se ver a paisagem bucólica do sítio onde o restaurante está instalado, e o serviço é bastante cordial. Alguns pratos podem demorar, e outros necessitam de "aviso prévio" para serem preparados (como é o caso da perna de cabrito), mas no cardápio existe um aviso sobre o tempo de espera destas especialidades.



Dos pratos que já provei, crédito para os filés sicilianos (mignon extra macio e no ponto solicitado, um com molho de azeitonas e outro com molho de mostarda), para os risottos (tanto os do menu siciliano como do italiano são muito bem feitos, não preciso nem falar que o arroz é o arbóreo) e para as massas especiais, como o Involtini de Spaghetti, que vem dentro de fatias de berinjela fritas, divino. Nunca pedi a perna de cabrito (que eles dizem ser a melhor do Brasil!) nem o ouriço, iguaria disponível conforme a estação.

Mas também já pedi um prato que não gostei, o Papardele di Zuca (será que vou apanhar? É um prato do menu Siciliano!). Talvez eu não tenha entendido a proposta, mas o papardele (que é uma massa bem larga) tinha uma espessura muito grossa, que combinada com o al dente da massa, deixou tudo muito pesado. O molho de funghi, no entanto, estava bem gostoso.

Bom, as sobremesas são um capítulo à parte: Cannolo Siciliano, dificílimo de encontrar no Brasil, com recheio tradicional ou de chocolate e massa crocante. O semifreddo de amêndoas foi o único que provei porque não consigo pedir outro sabor com medo de não ser tão bom quanto este. E olha que não sou de doces!

Por fim, a casa tem uma regularidade impecável, matéria-prima de primeiríssima qualidade, serviço cordial e esperto e um preço que considero bem justo (cerca de R$ 70,00 por pessoa com antipasto - cobrado por quilo - prato principal e sobremesa).

La Campagna Ristorante
www.lacampagna.com.br

Tentando explicar Campinas

Bom, já que o blog tem foco nos estabelecimentos de Campinas, vou dar meu breve parecer sobre a cidade, no que diz respeito à gastronomia e o perfil de seus habitantes:

Se eu fosse abrir um restaurante em Campinas, acredito que passaria uns dois anos tentando traçar um plano de marketing com inúmeras estratégias para atrair e fidelizar meu público-alvo e, ainda sim, as chances de falir seriam altas. Isso porque é extremamente difícil entender algumas peculiaridades sobre a cidade e seu povo, como por exemplo: muitas pessoas são fanáticas pelos famigerados "auto-lanches", modalidade de lanchonete existente, em sua grande maioria, nas cidades do interior. Mas o mais intrigante é que as pessoas vão aos auto-lanches justamente para comer dentro do veículo! Fico me perguntando: qual a graça? Imagino aquele casal que acabou de se conhecer, o cara finalmente liga para convidar a menina para sair, ela se arruma toda e o "jantar romântico" acontece no pátio de brita de um auto-lanche (provavelmente lotado), à luz das demais lanternas dos carros (sim, acende-se a lanterna para chamar o atendente!), tentando comer um lanche cuja montagem definitivamente não obedece os critérios de dosagem de recheios e molhos, com uma bandeja de inox presa à janela do carro. Lindo! Pelo menos os auto-lanches oferecem mesinhas para quem quiser ser excêntrico (o bom é que sempre vai ter lugar nas mesinhas, já para estacionar o carro...).

Outra febre na cidade são os carrinhos de hot-dog. Tem um que até virou "case" de sucesso, com história narrada em revista e tudo, cuja trajetória mostra a evolução de um pequeno carrinho e suas dificuldades iniciais até culminar em uma rede de franquias com lojas em shopping-centers da cidade. Os carrinhos mais famosos são conhecidos pelo nome de seus donos ou pelo local onde ficam e a vedete é o hot-dog que pesa quase 1kg, com tudo o que se tem direito de enfiar nele...

Uma característica marcante de alguns dos restaurantes famosos de Campinas é perguntar aos seus freqüentadores, quando eles chegam por volta das 11 horas da noite, se eles vieram para jantar (?), pois a cozinha irá fechar em breve... daí que algumas pessoas não gostam de ouvir que Campinas é provinciana...

Na cena gastronômica de Campinas (essa expressão é péssima, mas talvez vocês entendam a ironia), nós cidadãos contamos com inúmeros estabelecimentos das mais variadas cozinhas, porém alguns restaurantes têm um papel de destaque tão grande que as pessoas acabam se esquecendo de que existem outra opções e, entra ano e sai ano, elas se aglomeram em filas de espera intermináveis, como um vício. O Fellini, por exemplo (ainda vou falar dele), invariavelmente tem fila na porta, tanto para o almoço como para o jantar. Lógico que é bom, senão não seria tão lotado, mas se eu passo por lá e vejo a fila, já nem desço do carro, vou para outro lugar. E é isso que as pessoas não costumam fazer, lembrar-se de que existem outras opções bacanas na cidade, dignas de crédito (e bem perto dali, inclusive).

Nos distritos de Campinas, como Sousas e Joaquim Egídio, encontram-se restaurantes ótimos, o que nos permite sair do eixo Cambuí-Shopping. Aliás, o meu italiano favorito está em Joaquim Egídio e o "melhor" francês da cidade em Sousas ("melhor" está entre aspas pois não sou eu quem estou dizendo, é a VEJA Campinas, por anos seguidos). Vamos falar muito destes lugares, inclusive de restaurantes que ficam em outras cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) que merecem ser citados.

É isso aí, com o tempo o blog vai ter sua lista de restaurantes avaliados e aí sim, poderá cumprir sua missão de servir como referência na busca pelo restaurante ideal para cada ocasião.

E lá vamos nós...

Ok, um blog sobre gastronomia, que visa avaliar os estabelecimentos de uma determinada cidade, precisa ter credibilidade. Como conquistar a credibilidade dos leitores, sem exibir um currículo de dar inveja a qualquer "foodie"? Bom, na minha visão, a estratégia é fazer com que o leitor identifique-se com a sua opinião, com os critérios utilizados para as avaliações e com o seu "background", ou seja, com a bagagem cultural que você tem para opinar sobre algo.
Não vou ficar escrevendo no meu perfil quais são as características que fazem com que eu me sinta digna de opinar, como os restaurantes ao redor do mundo nos quais já tive oportunidade de comer, ou sobre os livros que já li sobre gastronomia, ou sobre cursos que fiz... Ao longo das postagens, vocês terão a oportunidade de conhecer estas características e julgar se vale à pena dar crédito às opiniões do blog. Sintam-se à vontade para comentar, porém reitero que este espaço é para as minhas opiniões pessoais, doa a quem doer...