quinta-feira, 28 de julho de 2011

Duo Bruschetteria e Bottega: só eu não conhecia?



Pela quantidade de comentários e indicações que recebi sobre o Duo Bruschetteria e Bottega, parecia que só eu ainda não conhecia o lugar. Talvez porque o Duo, que já existe há quase um ano em Campinas, tenha preferido tornar-se referência no boca-a-boca, esquema low profile mesmo, para a galera se sentir insider ao descobrir a casa escondida em uma ruazinha minúscula do Cambuí. E não é que o teaser funcionou? Pelo menos comigo, já estava ficando com faniquito pra ir lá conferir...

De tanto me falarem que é uma casinha aconchegante, com ares de Toscana, em uma viela charmosa e etc e tal, parecia que eu já conhecia o lugar antes mesmo de entrar. Como eu imaginava, rústico e acolhedor, totalmente apropriado para sentar com amigos e tomar bons vinhos, acompanhados de ótimos beliscos - não restritos somente às bruschettas que dão nome à casa. Os antepastos primam pela simplicidade das receitas tradicionais da cozinha da Toscana, cujo foco é preservar os antigos hábitos culinários, com ênfase em bons ingredientes, como deve ser. Além dos beliscos, alguns pratos também figuram no cardápio, como massas e carnes. A carta de vinhos é honesta e variada sem exageros, obviamente com boas opções de sangioveses e outras uvas italianas, mas sem deixar de lado boas pedidas de outros países.

Para abrir o apetite, pedimos bruschettas variadas, cada um com sua preferência. Só consigo me lembrar da minha escolhida, de abobrinha e berinjela grelhadas e um queijo tipo pecorino, e a do maridão, de berinjela caponata. Estavam ótimas, com pão crocante mas não duro além da conta e fartura de ingredientes. Não custam pouco e são individuais, mas valem cada mordida.





Na sequência pedimos uma porção de bolinhos de arroz arbóreo, que eu conheço por arancini mas no Duo o nome é outro que não me lembro ao certo, talvez Supli. Independente de como se chamam, o que importa é que estavam maravilhosos, super sequinhos e crocantes, com queijo derretido no interior, saiu até briga pelo último...

Sequinhos e crocantes por fora...

... e maravilhosamente cremosos por dentro

Ávidos por mais, pedimos a polenta mole trufada com ovo mollet, a melhor definição de comfort food gourmet. Dava pra notar que a polenta fora feita com matéria prima de alta qualidade, de certo italiana, nada de fubá mimoso não. O ovo mollet - cuja execução é difícil por ser um ovo mole que, além de descascado, é empanado e frito - estava muito bom, porém um tiquinho além do ponto. A gema poderia estar um pouco mais gelatinosa, mas o sabor do conjunto estava fantástico, principalmente devido às trufas negras raladas por cima de tudo, conferindo aquele aroma característico de "gás butano" ao prato...

Esqueci de mencionar o parma, que só agregou valor ao prato...

Nosso amigo Thiago experimentou a massa com ragú de carne e aprovou o prato, correto no ponto de cozimento e saboroso, porém ele observou que o ragú estava mais para um molho à bolonhesa e sabemos que existe uma diferença entre ambos, portanto fica aí uma ressalva, apesar de não ter sido o meu prato.

Vinho vai, vinho vem, estômagos agraciados, papo rolando gostoso, realmente nos sentimos à vontade naquele lugar. A energia é legal, acredito que o ensejo de fazer algo para amigos seja mesmo a essência do Duo. Começou para amigos, atraiu amigos dos amigos e hoje tem um público cativo e fiel, que não só frequenta a casa regularmente mas também gosta de falar bem dela. Sinto que este será o meu caso daqui pra frente...



Duo Bruschetteria e Bottega
Rua Gustavo Enge, 48 - Cambuí
fone: 3395-9699

terça-feira, 5 de julho de 2011

Le Triskell Bistrô: francês de respeito em Indaiatuba

Daí que um dia tive que ir a Indaiatuba para um compromisso e decidi experimentar um lugar que há muito ouvia falar, não só da boca dos amigos de Indaiatuba, mas também de diversas fontes que considero confiáveis. Já imaginava que não sairia desapontada, mesmo porque o bistrô conta atualmente com o chef francês Sébastien Michaut (ex La Palette), cuja expertise já tinha tido a oportunidade de ver no bistrô do The Royal. Mas o que eu não previa era o meu encantamento com a cozinha do lugar pois, além de satisfeita, saí de lá com a sensação de ter descoberto um tesouro.



Salão aconchegante e sem afetações

A cozinha conta com os clássicos tradicionais da culinária francesa, como os escargots de Bourgogne, foie gras mi-cuit, soupe à l'oignon (como deve ser), Coq au vin e inúmeros crepes de sobremesa, mas também traz certa dose da cozinha mediterrânea, bem representada pelas boas opções de risotos e massas.

O melhor de tudo foi poder provar o menú de almoço, com opção de entrada, principal e sobremesa por inacreditáveis R$ 49,50! (ainda menos críveis diante de pratos com média de valores acima dos 50 reais). Apesar de poucas opções, não sentimos falta de nada além do que estava ali, cada um ficou feliz com o que viu: eu fui de salmão defumado com folhas verdes, risoto de camarões e suflê de menta e chocolate. O maridão ficou com o tomate caqui assado com mozzarella de búfala e pesto, filet em crosta com mandioquinha surpresa (!) e crepe de banana com amêndoas. Para harmonizar, meia-garrafa de sauvignon blanc para mim, uma boa companhia para os amigos do mar, e outra meia-garrafa de cabernet sauvignon para ele (apesar da completa carta de vinhos, pouquíssimas opções de meia-garrafa).

O serviço foi um tantinho blasé no início, porém logo se mostrou eficiente, cortês e discreto e assim se seguiu ao longo da nossa permanência. Não fizemos questão do couvert, mesmo porque imaginamos que os pratos não demorariam, já que éramos a única mesa ocupada naquele momento. De fato, logo vieram as entradas, tempo ideal para o meu vinho ficar no ponto. A apresentação era das mais belas e delicadas, com flores e desenhos, capricho total. O salmão estava ótimo, mas o frescor das folhas que o acompanhavam era notável, chegavam a estalar na boca, sem falar no levíssimo molho, algo como um crème fraîche. O tomate caqui assado era tenro e saboroso por conta do pesto, tudo muito equilibrado.

Tudo fresco

Tomate assado

Os pratos principais também chegaram arrasando na apresentação, as fotos falam por si. Meu risoto, além de lindo, estava delicioso, cremosíssimo e cheio de pedaços gordos de camarão, naquele ponto de cozimento que estoura na boca. Não teve uma garfada sequer que só tenha vindo arroz, tamanha a fartura de camarões. Perfeito! O filé do maridão era ultra macio, com crosta bem crocante e a tal surpresa de mandioquinha, um tipo de rôsti envolta na folha de couve (acho que era couve) era bem úmida e saborosa. Vontade de comer aplaudindo.

Camarão, camarão, camarão...

Filet com surpresa


As sobremesas eram interessantes, o meu suflê era, na verdade, um tipo de semifreddo de hortelã, leve e aerado, mas natural e sem aquele corante verde radioativo. Contraste ideal com a calda quente de chocolate. O crepe não poderia estar melhor, com massa finíssima e recheio farto.

Naturalmente gostoso

Crepe executado à perfeição

O menú de almoço varia semanalmente e, realmente, é um ótimo negócio em termos de custo-benefício. Não que o cardápio não seja interessante, mas o preço do menú é imbatível se considerarmos a qualidade dos pratos. Fiquei entusiasmada para conhecer mais da cozinha do Le Triskell, digna de suas estrelas do guia Quatro Rodas por três anos consecutivos (2009, 2010 e 2011). Vale cada quilômetro rodado até Indaiatuba, inclusive o pedágio exorbitante de 9 reais e poucos cobrado na ida E na volta!



Le Triskell Bistrô - Indaiatuba/SP
www.letriskell.com.br