terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Folia com tapas no Esquinica

Foi-se o tempo em que eu tinha coragem de viajar no carnaval. Hoje em dia, prefiro mesmo passar quatro dias descansando e aproveitando a cidade vazia. Foi no sábado de carnaval que fomos conhecer o Esquinica, restaurante Ibérico instalado na parte nova do Hotel Vitória. Apesar do cardápio listar opções interessantes de pratos, as estrelas são mesmo os tapas, petiscos espanhóis elaborados com os mais diversos ingredientes - e, diga-se de passagem, muito bem selecionados - que agradam a qualquer paladar.

O salão é amplo e conta com decoração contemporânea de muito bom gosto, desde a iluminação até as mesas com tampos de madeira, sem toalhas e a cozinha aberta e bem iluminada, uma verdadeira vitrine. O serviço é dos mais atenciosos e discretos, pessoal muito bem treinado e conhecedor da proposta do restaurante.



Como fazia um calor senegalesco naquela noite, optamos pelo geladíssimo e bem tirado chopp Stella Artois para acompanhar nossas comidinhas.

O chopp e os detalhes que me agradam bastante em uma mesa, como duo de Tabascos e um bom azeite

O couvert é boa pedida, com pimentões assados, berinjela, cogumelos e azeitonas, tudo regado com um ótimo azeite e acompanhados de fatias de ciabatta e torradinhas.

Couvert que vale à pena

Para iniciar os trabalhos, pedimos ceviche de atum, que veio em cubos fresquíssimos do peixe marinados em limão, bem temperados e com cebola roxa. Uma porção é suficiente para dois beliscarem.

Ceviche fresquíssimo

Na sequência, pedimos os espetinhos de camarões empanados com molho de manga, uma porção de 7 unidades que marcaram nossa memória gastronômica: camarões gigantes, no ponto perfeito de cocção, crocantes e sequinhos, acompanados de um delicioso molho de manga que acabou no quarto espetinho e tivemos que pedir bis. Espetacular!

Imperdíveis!

Após os camarões, só mesmo outra delícia para não decepcionar o paladar: batatas barcelona, acompanhadas de um chorizo espanhol da melhor qualidade, azeite trufado e ovo caipira com gema mole. Incrível como os ingredientes conversavam entre si, o chorizo era apimentado na medida certa, cuja pungência era suavizada pelas batatas macias, adornadas pelo maravilhoso gosto de "gás" que o azeite trufado confere ao prato. A gema mole do ovo caipira pode ser comparada à cereja do bolo...

Para encerrar, os inusitados croquetes de plátano (banana) com queijo brie e parma. Não decepcionaram, mas a banana rouba muito a cena, deixando pouco espaço para o brie e o parma aparecerem no contexto.

Croquetes de plátano
Satisfeitíssimos com as delícias ibéricas, quase não tínhamos espaço para a sobremesa, mas duas opções chamaram nossa atenção a ponto de fazermos o "esforço" de experimentá-las: rabanada recheada com creme de baunilha acompanhada de sorvete e torta de maçã com crumble crocante e sorvete de baunilha.

A rabanada tinha recheio macio e cremoso e camada externa crocante e sequinha. O sorvete que acompanhava era especial, não tenho certeza do sabor mas era algo parecido com amendoim.

Rabanada

A tortinha era úmida e saborosa, com camada super crocante de crumble. O sorvete de baunilha também era um espetáculo, com textura muito leve e cremosa. Os "pontinhos" da fava da baunilha atestavam a qualidade do ingrediente, nada de essência.

A torta e o maravilhoso sorvete de baunilha

Com relação aos preços, considero-os totalmente dentro dos padrões para um restaurante que preza por excelentes ingredientes e tem em seu chef, Jonathan Wehrung, a origem de um ótimo cardápio e perfeita execução na cozinha. Couvert - 8 reais por pessoa; ceviche de atum - 22 reais; camarões empanados - 52 reais a porção com sete unidade; batatas Barcelona - 22 reais; croquetes de plátano - 15 reais a porção com 6 unidades.

Em suma, o Esquinica não é bom, é excelente. Seguramente, na minha opinião, um dos melhores restaurantes da cidade.



Esquinica Cozinha Ibérica
Av. José de Souza Campos, 425 - Hotel Vitória
Telefone: (19) 3755-8000

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mais uma revisita: Conte Restaurante



Dessa vez a revisita foi ao Conte, restaurante que tive oportunidade de conhecer durante a última SPRW (leia o post aqui) e que se mostrou digno de uma nova visita devido ao bom desempenho na ocasião do evento e menú interessante.

O ambiente do Conte é agradável e acolhedor, ao passo que o serviço é dos mais simpáticos e atenciosos. O sommelier, além de demonstrar bom conhecimento, dá boas sugestões sem citar apenas os rótulos mais caros da carta. Nossa última visita foi em um almoço de domingo, ocasião em que a casa não estava lotada mas havia mesas próximas ocupadas por famílias inteiras, porém sem causar desconforto acústico.

Detalhe da decoração do hall de entrada

Estávamos em três e decidimos pedir duas entradas, um ceviche de robalo e uma porção de bolinhos de batata inglesa recheados com ementhal e sálvia. Nos principais, fui de medalhões de mignon com risoto de cogumelos, o maridão escolheu o lombo de cordeiro em crosta de shitake acompanhado de risoto de limão siciliano e mamãe foi de bife de tira com farofa crocante e batatas salteadas. Na hora de explicar o ponto, dei ênfase ao meu mal passado para não ter surpresas.

As entradas chegaram e percebi que, mesmo esganada como sou, a porção era beeeem farta. O ceviche poderia ser tranquilamente dividido em dois e ainda assim teria quantidade suficiente para uma entrada normal. Os bolinhos vieram em porção de 15 unidades, tamanho ideal para dividir entre duas ou três pessoas.

O ceviche estava gostoso e com o frescor necessário ao prato, porém achei que faltou um tiquinho de harmonia na quantidade de cítricos. Talvez um pouco mais de cebola (ou até cebola roxa) resolveria a questão, mas foi algo bem sutil que não tira o mérito do prato, estava saboroso e macio, sem o temido gosto "peixoso" para um prato de pescado crú. Ponto positivo para as finíssimas torradinhas de pão italiano com azeite e ervas, super crocantes.

Ceviche farto

Os bolinhos de batata eram deliciosos, com recheio macio e cremoso contrastando com a casquinha crocante de gergelim. O molhinho à parte, um tipo de barbecue, dava o toque final às bolinhas que eram devoradas às pressas.

Bolinhos-delícia

Os principais não tardaram a vir, a cozinha do Conte tem bom ritmo. A apresentação dos pratos é caprichada e as porções têm bom tamanho. O garçom me pediu para checar se o ponto dos meus medalhões estava conforme o desejado e só de espetar o garfo já pude dizer que sim, estavam perfeitamente mal passados. Quanto à maciez da carne, um espetáculo, daquelas de cortar com as costas da faca. O risoto estava no ponto correto de cozimento e com boa quantidade de cogumelos (porcini e paris), cremoso e saboroso. A carne ainda tinha um leve molho rôti e pimentas rosa.

Medalhões com risoto de cogumelos

... conferindo o ponto perfeito

O lombo de cordeiro veio envolto em cogumelos shitake e estava extremamente macio, salgado na medida certa e sutil no sabor da carne. O risoto de limão siciliano também tinha ponto correto de cozimento e sabor na medida. Tudo equilibrado e gostoso, justamente como deve ser.

Cordeiro

O bife de tira (um corte especial de picanha) acabou sendo o coadjuvante do prato, uma vez que a farofa crocante com pedaços de linguicinha apimentada roubou a cena. A carne em si estava boa mas um pouco além do ponto (pedido ao ponto para mal passado), mas aquela farofa compensou tudo, coisa divina. Taí a prova de que um acompanhamento simples pode ser alçado à condição de estrela do prato quando bem bolado e executado.

A fantástica farofa acompanhada do bife de tira...

Muito satisfeitos ao final da refeição, não sobrou espaço para a sobremesa, apenas pedimos um espresso para cada. Legal receber um mimo com o café, uma mini porção de doce como cortesia é um gesto muito bem vindo (e bem visto!) em tempos de cafés a preço de sobremesas. Em alguns lugares nem aquele shot de água com gás acompanha o caríssimo cafezinho... ponto para o Conte.

O café e o mimo: mousse de chocolate branco com frutas vermelhas

Os preços são honestos. Entradas entre 20 e 30 reais (vale lembrar que a quantidade é para dividir) e principais em torno de 50 e 60 reais. Opções boas e acessíveis na carta de vinhos, cuja apresentação é simples e didática. Mais uma gentileza do restaurante é oferecer o estacionamento com manobrista como cortesia, coisa rara nos dias de hoje, principalmente em se tratando da movimentada rua Sampainho no Cambuí.

Definitivamente, o Conte veio para ficar e se estabelecer como um dos bons e bem conceituados restaurantes da cidade.

Conte Restaurante
www.conterestaurante.com.br
Rua Sampainho, 251
Cambuí – Campinas
fone: 3325 4155