terça-feira, 31 de julho de 2012

Degustação no La Campagna

Dia desses tive o prazer de participar de uma das degustações de vinhos italianos que o La Campagna promove uma vez ao mês, com rótulos selecionados pelo sommelier e proprietário Davide Lodato. Além de preparar uma detalhada apresentação sobre os vinhos da noite, Davide também passa seus conhecimentos sobre os aspectos a serem observados em uma degustação e promove uma saudável discussão entre os presentes sobre as descobertas de cada um em relação ao aroma e sabor encontrados em cada taça. Diferente das degustações que tenho ido em São Paulo - como, por exemplo, o Wine Dinner no Arola Vintetres, sobre a qual falamos aqui - no La Campagna o assunto vai muito além de bons goles harmonizados com algum prato; o que rola é uma verdadeira palestra, uma aula sobre os vinhos em questão, sobre os aspectos de seus terroirs, uma interessante troca de informações e impressões. Legal mesmo é ter livre acesso à farta mesa de antipasti, cheia de ótimas opções de queijos, frios, inúmeras receitas de berinjela, bolinhos e etc, tudo nadando em excelente azeite.


Depois de servida a última taça, um prato de pasta quentinha e reconfortante sai da cozinha direto para as mesas, mas quem decide o que será servido é a comandante da cozinha, a Dona Carmela, que apenas pede ao filho que a avise quando a degustação começar.



Na ocasião em que estive presente, o tema era "Vinhos que nascem às sombras dos vulcões italianos", ou seja, Davide selecionou seis rótulos de vinhos cujas uvas são cultivadas nas áreas próximas aos vulcões como Etna e Vesuvio, cujos solos têm características bastante peculiares, bem como suas uvas.
Segue o "wine list" da noite:

1. Aglianico de Vulture - Feudo Monaci
2. Aglianico Campania - Terredora
3. Lacryma Christi del Vesuvio - Mastroberardino
4. Salina Rosso - Caravaglio
5. Etna Rosso - Tenuta Delle Terre Nere
6. Neretna - Tenuta Chiuse del Signore

Conforme o Davide ia passando os slides com fotos de vinícolas, parreiras e cenários magníficos, as taças iam chegando à mesa. A cada vinho, uma pequena troca de impressões, algo saudável para permitir a interação entre os comensais (as mesas são coletivas, como de costume em degustações). 


Difícil falar minhas impressões sobre todos os vinhos, pois não fiz anotações e o intuito não é me aprofundar no assunto aqui no blog, mas a grosso modo, meu favorito foi o segundo vinho, seguido do quinto; não gostei do terceiro; o primeiro e o quarto eram bons, bem diferentes entre si, o quarto tinha um aroma forte de enxofre no início, mas depois se abriu em algo agradável; o último tinha uma impressão "gaseificada" na língua, porém nem todos sentiram. Um possível motivo, segundo o Davide, é o tipo de água presente nos solos vulcânicos. Enfim, para cada vinho uma explicação, achei bastante elucidativa a forma como a degustação foi conduzida.

Como há um mailing de participantes "fixos", muitos já se conhecem e o clima é agradável. Para participar, no entanto, é necessário entrar em contato com o Davide, através do e-mail ou telefone, manifestando interesse. As degustações ocorrem nas últimas sextas-feiras de cada mês e o tema é diferente a cada evento, porém sempre sobre vinhos italianos. O valor por pessoa, geralmente, é de 80 reais, mas pode variar conforme os rótulos da noite, caso desta na qual estive presente, cujo valor era de 100 reais. Além dos vinhos, inclui os antipasti e um prato de massa. Em comparação aos valores das últimas degustações em que fui, diria que o preço está ótimo - ainda mais considerando que, em nenhuma outra vi este nível de explicação e detalhamento sobre os vinhos. Enfim, gostei muito e recomendo para qualquer um que queira provar ótimos vinhos, acompanhados de maravilhas da culinária italiana e do conhecimento de uma pessoa que entende muito do assunto e que ama o que faz. 

La Campagna Ristorante
fone: (19) 3298-6572
www.lacampagna.com.br


terça-feira, 17 de julho de 2012

Nossas escolhas

O post de hoje é dedicado à discussão acerca de nossa participação no júri de Restaurantes da edição 2012/2013 da Veja Comer & Beber. Vou explicar minhas escolhas e dizer o que penso sobre o resultado de cada categoria.

Bom, daí que um dia recebi um e-mail da Veja me sondando para compor o júri desta última edição e, na sequência, um telefonema para explicar como é feita a votação. O que eles procuram são pessoas que já têm algum envolvimento com a "cena gastronômica" da cidade (odeio este termo "cena gastronômica", mas não consigo substituí-lo por nada com o mesmo significado) e que tenham condições de emitir votos por memória, ou seja, não é para sair comendo em todos os lugares para eleger seus favoritos, mesmo porque não há muito tempo para votar (no meu caso tive uma semana).

Notei que muitos blogueiros fizeram parte deste júri, o que me deixa feliz com o reconhecimento à nossa "classe" - a exposição em um veículo de grande circulação atrai mais leitores e isso é legal para quem escreve por conta própria em um espaço auto-patrocinado (não é o caso de todos os blogs, mas é deste aqui, com muito orgulho). Desde o primeiro contato da revista até seu lançamento, no dia 12 passado, segui a orientação de não comentar com ninguém sobre minha condição de jurada, mas confesso que morria de vontade de compartilhar com você, leitor, as minhas escolhas.

Então vamos lá, criei o seguinte esquema para organizar as idéias: categoria, meu voto, o vencedor e meus comentários sobre minha escolha e sobre o premiado.

Categoria: Melhor Brasileiro/Regional
Meu voto: Bar do Marcelino
Vencedor: Bar do Marcelino

Não tive muitas dúvidas nesta categoria, já que sempre penso no Marcelino quando quero comer uma boa feijoada ou quando bate aquela vontade de dar uma volta no cenário bucólico de Joaquim Egídio em um dia de sol. Gosto de onde o restaurante está instalado, de sentar nas mesas próximas das portas para acompanhar o movimento na rua de paralelepípedos, de pedir ovo frito como entrada e chuchar o pão na gema mole... enfim, talvez se tivéssemos na cidade um representante de peso da comida sertaneja meu voto fosse outro, mas o Bar do Marcelino, por enquanto, cumpre muito bem o papel de melhor brasileiro.

Categoria: Melhor Carne
Meu voto: Barbacoa
Vencedor: Barbacoa

Taí uma categoria que ilustra nossa falta de um verdadeiro "templo da carne" na cidade. Não gosto de votar em restaurante de rede, acho que a cidade sempre deve ter um representante "nativo" como vencedor, mas neste caso tive dificuldades para votar. Acho que o Barbacoa leva sua carne muito à sério e é isso que eu procuro quando tenho ganas carnívoras. Quero comer o melhor corte, feito com o melhor método de cocção para aquele corte e no ponto exato que eu pedi. No Barbacoa, paga-se caro pela carne, mas minhas expectativas são sempre atingidas - ou superadas - quando meu pedido chega à mesa. Além de contar com cortes especiais, provenientes da Argentina e Uruguai, o Barbacoa utiliza o char broiler para grelhar suas carnes - na minha opinião, o melhor método dentre todos, pois preserva o interior da carne, selando rapidamente o exterior e não permitindo que ela perca seus sucos, o que confere total maciez.

Mas ainda sinto falta por aqui de uma bela churrascaria com sistema de espeto corrido, no melhor estilo Fogo de Chão, cujo foco são as carnes, porém os acompanhamentos são de altíssima qualidade, com ingredientes nobres. O que vejo nas representantes da categoria é muita carne esturricada ou fria chegando à mesa, garçons querendo te empurrar linguiça e frango, saladas com muita maionese e batata palha e carrinhos de sobremesa parando ao seu lado quando você ainda tem picanha no prato...


Categoria: Melhor cozinha de Peixes e Frutos do Mar
Meu voto: Idalvo's
Vencedor: Idalvo's

Confesso que fiquei em dúvida entre o Idalvo's e o Bar da Praia, em Jaguariúna, mas meu voto foi decidido com base na regularidade e no frescor absoluto de tudo o que é servido no Idalvo's, dia após dia. É um lugar extremamente simples, em um bairro relativamente afastado do burburinho gastronômico da cidade, mas está lá firme e forte há 20 anos, servindo pratos fartíssimos e maravilhosamente executados. Não é barato comer no Idalvo's, mas toda essa logística de transporte e armazenamento de ingredientes tão delicados tem seu preço. É mais honesto assim, prefiro pagar o preço justo por uma refeição dessas do que uma pechincha para comer peixe congelado e camarão chiclete...


Categoria: Melhor Pizzaria
Meu voto: Bráz
Vencedor: Bráz Esse voto foi o mais fácil, rápido e convicto da minha lista. Para o meu gosto, a pizza campeã é deles e ponto final, sem delongas.


Categoria: O Bom e Barato
Meu voto: Spice
Vencedor: Spice

O Spice é daqueles lugares que sempre me vem à cabeça quando quero um almoço saudável, gostoso, rápido e barato. Em tempos de lanches a 20 reais nas redes de fast food, um almoço com buffet à vontade, com inúmeras opções de saladas, quiches, caldos, pratos quentes e sobremesas a menos de 30 reais já seria incrível por si só, mas fica melhor ainda sabendo que há muito rigor na escolha dos ingredientes e esmero no preparo, o que resulta em receitas extremamente saborosas e saudáveis. Como se não bastasse, o restaurante tem um ambiente agradabilíssimo, em uma das ruas mais gostosas do Cambuí. O Spice merece um post só para ele, o qual farei em breve.


Categoria: Melhor Carta de Vinhos
Meu voto: Gallo Nero
Vencedor: Olivetto

Para os leitores do blog, minha opinião sobre o Olivetto não é novidade (para quem não viu, o post pode ser conferido aqui) . Mas vamos nos ater ao quesito em questão, que é a carta de vinhos. Meu critério de avaliação teve como base a quantidade de rótulos à disposição e a forma em que se apresentam na carta. Talvez os representantes das gerações mais tradicionais e conservadoras discordem de mim, mas sou fã do uso do tablet que o Gallo Nero implementou, com um aplicativo que me permite preencher diferentes critérios para sugerir o vinho mais adequado para minhas preferências. Lógico que ele não substitui a figura do sommelier, mas confesso que, pessoalmente, adoro quando um gadget se torna útil no âmbito eno-gastronômico e não resisto aos seus encantos.

Além disso, em números brutos e de acordo com o que pude apurar, a carta do Olivetto conta com cerca de 700 rótulos, enquanto a do Gallo Nero conta com cerca de 1.600 rótulos. Como se não bastasse o critério da quantidade de rótulos, ainda usei minhas experiências em ambos os restaurantes para chegar à conclusão de que, um excelente vinho merece ter a companhia de um prato executado à sua altura e, nesse quesito, o Gallo Nero nunca me desapontou...


Categoria: Melhor Francês
Meu voto: La Palette (The Royal)
Vencedor: Le Troquet

Minha escolha pelo La Palette (e não pelo Le Troquet) deve-se a um conjunto de fatores e não somente à analise da comida em si. Enumero a seguir alguns destes fatores:
1 - sou fã do chef Daniel Valay;
2 - o cardápio do La Palette é mais dinâmico que o do Le Troquet, com novas opções a cada estação; 3 - o ambiente intimista de bistrô me agrada mais que o grande salão do Le Troquet;
4 - não me conformo com a mesmice dos acompanhamentos da maioria dos pratos do Le Troquet, sempre as cenouras, batatas e creme de espinafre;
5 - no conjunto da obra e na minha opinião, o La Palette é o melhor restaurante de Campinas.

Em muitos outros quesitos, os restaurantes se assemelham, mas voto é uma questão de gosto pessoal e isso, já sabemos, não se discute (alguns concordam, outros lamentam...).


Categoria: Melhor Oriental
Meu voto: Lagundri
Vencedor: Kindai

Essa escolha também foi certeira, pensei no Lagundri de cara, não tive dúvida nenhuma. Se o Kindai é um bom restaurante? Claro que sim, inclusive um japonês que se destaca dentre tantos outros na cidade, não só pela ambientação, mas pelo cardápio diferenciado, frescor dos ingredientes e corretíssima elaboração dos pratos. Mas se tem um lugar que é diferente de tudo, esse lugar é o Lagundri. Diferente em termos de cozinha, exótico em termos de experiência, prioriza a escolha de ingredientes originais (tendo em vista que precisam ser importados, o mérito do restaurante é ainda maior)... para mim, o Lagundri está em outro nível. Não sei se é justo colocá-lo em uma mesma categoria que os japoneses, pois são cozinhas tão diferentes que os critérios para julgar não podem ser os mesmos. Enfim, uma pena o Lagundri não ter vencido, pois para mim é um dos melhores restaurantes da cidade e, sem dúvida, o melhor oriental/asiático.


Categoria: Melhor Italiano
Meu voto: La Campagna Ristorante
Vencedor: Bellini

  Para os leitores do blog, não é segredo minha predileção pelo La Campagna, inclusive o primeiro post foi dedicado a este autêntico representante da culinária siciliana. Mas os anos passam, as pessoas buscam por novidades - assim como eu - e o ótimo italiano quase não é mais indicado na publicação. Gosto do Bellini, gosto do Fellini, gosto do Duo (se tivesse um prêmio para a melhor polenta, eles ganhariam disparado), adoro o Bertazzoli em Vinhedo, adoro o Gallo Nero, mas amo o La Campagna... simples assim. Os antepastos são divinos, me acabo com cada item daquela mesa, as infinitas formas de preparar beringela, tudo nadando em azeite extra virgem, rústico e intenso. Gosto dos pratos do cardápio siciliano, pois sei que a dona Carmela tem mais satisfação em prepará-los do que os do cardápio tradicional e cozinha é isso, é paixão. E nada melhor do que terminar a refeição com autênticos Canolli, raridade nos cardápios da grande maioria dos restaurantes italianos. Comer no La Campagna é uma experiência que me agrada do começo ao fim, sem tirar nem por.


Categoria: Melhor Variado
Meu Voto: Théo Medeiros
Vencedor: Théo Medeiros

Essa categoria pode ser ingrata, pois abrange de tudo e não foca em nada. Um variado pode ser qualquer restaurante que não tem uma cozinha específica, então a concorrência é gigantesca. Mas a peneira está em separar quem faz de tudo de quem faz com maestria, aí sobram poucos no páreao. E, apesar das várias opções, meu voto foi rápido e certeiro, pois em alguma categoria eu teria que incluir o restaurante do chef Théo, considerando que gosto muito de tudo o que ele faz. No caso do restaurante homônimo, gosto da comida, gosto do ambiente, gosto de serviço e o preço é justíssimo, então, voilá! Théo Medeiros como o melhor variado.

Categoria: Restaurante Revelação
Meu Voto: Esquinica
Vencedor: Esquinica

O critério para esta categoria era escolher um restaurante inaugurado entre julho de 2011 e julho de 2012 que se destacasse como revelação. Confesso que só conseguia pensar no Esquinica e no Meme Cambuí, mas não tive muita dificuldade em optar pelo Esquinica. O que mais pesou na minha decisão foi pelo caráter inovador do restaurante Ibérico, com uma proposta diferente do que temos hoje na cidade. O Meme é sim um bom restaurante, uma grata surpresa dentre as novas casas da cidade, mas não exatamente uma novidade em termos gastronômicos. Já o Esquinica trouxe para Campinas as deliciosas tapas espanholas, elaboradas com ingredientes de primeira, que permitem um clima descontraído, principalmente para mesas mais numerosas. A experiência do chef Jonathan Wehrung em sua passagem por Barcelona confere às receitas do Esquinica a autenticidade e perfeita execução que merecem os beliscos espanhóis. Um dos lugares que mais gosto de ir na cidade.


Categoria: Chef do ano
Meu Voto: Jonathan Wehrung (Esquinica)
Vencedor: Théo Medeiros (Théo Medeiros)

Essa foi difícil, fiquei um bom tempo num impasse... o mais coerente seria escolher como chef do ano aquele que comanda as panelas do restaurante que votei como revelação, já que estamos falando do último ano. Mas também pensei muito em votar no ótimo André Bearzotti pelo seu excelente desempenho no Gallo Nero e no Casa de Maria, no Daniel Valay, cujo trabalho à frente do Grupo The Royal é irretocável ou ainda no Théo Medeiros, já consagrado tantas vezes como o melhor pela publicação. Talvez não tenha votado no Théo somente pelo fato de já saber, no meu íntimo, que ele ganharia, então seria legar indicar outro profissional. Acabei optando pelo Jonathan Wehrung pelo coerência com o voto do Restaurante revelação, mas foi o voto menos certeiro de todos, pois gosto muito do trabalho desses chefs que citei - trabalho este que tive a satisfação de ver e provar algumas vezes nas boas mesas de Campinas.


Foi legal fazer parte do juri deste ano, considero o convite um reconhecimento pela minha dedicação a este espaço, escrevendo sobre um assunto pelo qual nutro uma paixão enorme, a quem quer que seja. Agradeço à Veja e, principalmente, a você leitor, pelo prestígio ao Mais Olho que Barriga.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pensatas gastronômicas

Caro leitor, seja você leitor assíduo ou não deste blog, leitor que veio parar aqui por acaso, leitor de passagem, qualquer um que esteja lendo isso agora, gostaria de pedir algo a você, encarecidamente: conte-me algo novo! Sim, por favor, preciso de novidades gastronômicas, senão corro o risco de sofrer um bloqueio e não mais conseguir escrever nada por aqui... estou em uma fase de "marasmo criativo", preciso de emoção para criar um novo post e isso só acontece quando vou com sede ao pote, quando vou conhecer um novo restaurante, quando experimento novos sabores, quando algo me surpreende e tenho vontade de dividir a experiência com vocês.


Acontece que, nos últimos tempos, não tenho sentido essa emoção, não ouvi ninguém comentando sobre um novo lugar, sobre uma descoberta de algo delicioso, ainda que escondido em uma biboca da baixa gastronomia, nada! Na hora de escolher onde comer, tenho preferido meus portos seguros, lugares que já fui e continuo indo pois gosto da comida, do serviço, do ambiente e prefiro gastar meu dinheiro com algo que me satisfaça por completo. Mas existe em mim esse espírito aventureiro que anseia por novidades, por sabores mais exóticos, por experiências mais complexas, por algo d-i-f-e-r-e-n-t-e.


Sim, tenho na ponta da língua meus lugares favoritos da cidade para as mais diversas ocasiões, querem ver? Para um jantar a dois, o Lagundri; para bebericar e petiscar com amigos, o Esquinica; para um almoço de domingo com direito a esbórnia, o brunch do Vila Real; para aquele almoço durante a semana que não pode demorar mais que meia hora, o Spice; para enfiar o pé na jaca e comer durante horas, o Bar do Marcelino; para um bom vinho, acompanhado de oa comida, o Gallo Nero; para um bom hamburger, o Fiftie's; para aqueles raros rompantes saudáveis, a salada do Kilimanjaro; para conforto imediato, a polenta do Duo; para grandes comemorações, o La Palette... por mais que alguns novos lugares na cidade tenham me surpreendido, caso do Esquinica, do Meme, do Conte, do Duo, ainda sinto falta de um cenário gastronômico mais fervilhante, com direito a representantes de culinárias até então pouco exploradas. Por que não um coreano moderno, um indiano tradicional, uma cevicheria, um regional de respeito, um diner com lobster roll e philly steak no menu, sei lá, algo que não seja igual ao que já temos de monte por qui.


Concordo que a análise pré-abertura de um negócio deve ser um verdadeiro drama para o investidor, mas será mesmo que Campinas não tem público para se ajustar às tendências da gastronomia mundial? Já viram como ficam os shoppings da cidade aos finais de semana e feriados, na hora do almoço? Ou como fica a rodovia dos Bandeirantes no sábado à noite, sentido São Paulo? Você aí, que gosta de comer bem, vai me dizer que, vez ou outra, não recorre à paulicéia em busca de novas experiências, indo atrás daquela dica do amigo paulistano que nós julgamos ser muito mais entendidos que nós, dada a vasta gama de estabelecimentos "diferenciados" aos quias ele tem acesso, todos os dias da semana? E quando volta de lá, adora falar que é habitué deste ou daquele restaurante de Sampa, que lá o esquema é outro, é "diferente"...


Pois bem, é neste "diferente" que eu queria chegar. Não precisa ser diferente, precisa ser interessante, precisa despertar o interesse e a curiosidade dos comensais, precisa valer à pena em todos os sentidos. Não há mais espaço para erros primários, como comida ruim, pedidos trocados ou serviço incompetente, o que se paga hoje em dia é caro demais para não se justificar. No meu caso, basta uma única experiência ruim para que eu nunca mais coloque os pés no lugar, não tem desculpa para determinados problemas. Fico feliz que tenhamos ótimos representantes da boa gastronomia na cidade, em diversas categorias e estilos, mas este cenário precisa ser mais dinâmico, estabelecimentos considerados "mais ou menos" devem ceder lugar a novos potenciais e isso só ocorre quando o público demonstra sua opinião através da frequência. Por isso, só volto aos lugares que considero bons ou ótimos, com a esperança de que as pessoas façam o mesmo, fazendo surgir novas opções.


Nesta semana teremos o lançamento da edição 2012 2013 da Veja Comer & Beber Campinas. Apesar de não querer nutrir grandes esperanças com relação a novidades na cidade, espero ter alguma boa surpresa no quesito revelação, já que minha sede pelo novo e diferente parece estar me deixando "seca" demais - em termos de entusiasmo criativo, claro...



Essa foto é do Lamen - ou Ramen - do Momofuku Noodle Bar, um dos restaurantes-sensação de NY, do chef coreano David Chang. Daí fica a pergunta que ilustra meu sentimento ao escrever este post: por que não posso comer um ramen em Campinas, se temos inúmeros restaurantes japoneses?