segunda-feira, 2 de abril de 2012
La Palette - finalmente!
Dia desses, recebi um convite que me deixou muito feliz - e um pouco surpresa, confesso - para participar de um almoço no La Palette, bistrô localizado no interior do Royal Palm Plaza que, por acaso, é meu restaurante favorito em Campinas. O almoço seria exclusivo para a imprensa - sim, I'm press! - e o objetivo era apresentar o cardápio de outono que estará disponível durante o próximo trimestre, como parte do Festival Quatre Saisons - um menu degustação que varia a cada três meses, de acordo com a estações do ano. Composto por couvert, entrada, primeiro prato, prato principal, sobremesa, café e petit-fours, o menu tem valor de 110 reais por pessoa (bebidas e serviço não inclusos).
Minha surpresa ao receber o convite deve-se à constatação de que, cada vez mais, as pessoas dão credibilidade à opinião de blogueiros que se propõem a falar sobre determinado assunto e que se mostram isentos e imparciais em seus relatos. Talvez estas pessoas que lêem o meu e tantos outros blogs estejam realmente à procura de autenticidade e não de um texto tendencioso, tão recorrente em jornais ou revistas que vendem suas matérias. Isso dá uma motivação extra para continuar com este espaço que nada mais é do que um grande hobby para mim, que me proporciona sim muito prazer, mas também dá um bocado de trabalho!
Voltando ao que interessa, após um breve adendo, lá fui eu rumo ao hotel, de máquina em punho e muita vontade de conhecer o que o competentíssimo chef Daniel Valay preparara para seus "convidados". As opções do menu eu já havia recebido por e-mail, além de um release sobre o La Palette e sobre o próprio chef Daniel Valay.
Ainda não tinha tido a oportunidade de ir ao bistrô após a renovação e nem precisei entrar para perceber a enorme mudança de visual: o salão ganhou muito em espaço e amplitude, sem colunas ou paredes dividindo os ambientes; os janelões permitem que o belo jardim externo contribua com a ambientação; piso de madeira, mesas sem toalhas, confortáveis poltronas e tons neutros deixaram o lugar com ares contemporâneos, bem adequado à proposta da cozinha, de culinária francesa contemporânea. Nos bastidores, sob a tutela do chef executivo, o jovem chef Rafael é o segundo homem na cozinha do La Palette e faz jus ao crédito nele depositado.
O mais legal deste almoço foi poder observar o chef finalizando os pratos bem ali na nossa frente. Antes de iniciar os trabalhos, ele nos explicou sobre a escolha dos ingredientes que compõem o menu, priorizando os alimentos frescos, sazonais e de produção local, encontrados em abundância e a preços mais acessíveis na região. A elaboração das receitas também leva em conta a estação e seu clima, por isso no menu de outono encontramos pratos como a bouillabaisse, um tipo de sopa creme originário da região de Marselha servido com peixes e frutos do mar, ideal para ser degustado no clima ameno.
Após o couvert, com pães fresquíssimos, manteiga de primeira com flor de sal e queijo boursin com ervas, o chef montou as entradas: Cappuccino de cogumelos, um creme bem aerado, levíssimo e de sabor sutil.
Para o primeiro prato, a Bouillabaisse, o chef dispôs todos os ingredientes no prato, como o robalo, mexilhão, polvo, lagostin, batatas, cenoura e, só depois, despejou o creme. O resultado é um prato com frutos do mar em perfeito ponto de cozimento, um creme denso e extremamente saboroso, condimentado com sutileza.
O chef finalizando o prato e...
... a obra de arte pronta!
Para o prato principal, o chef escolheu um bife de ancho com molho de estragão, purê de mandioquinha e ervilha torta. Eu, que não sou fã de estragão (uma das raríssimas coisas que não me encanta em termos de comida), mal percebi sua presença no molho. Isso porque o chef soube utilizar a erva com a parcimônia que ela exige. A carne, apesar de não estar no ponto que eu considero ideal, era extremamente macia e saborosa - esta última característica potencializada pelos cristais de flor de sal (seriam de Guerande, terra natal do chef e origem da melhor Fleur de Sel do mundo?) e pelo ótimo molho jus - feito com o próprio suco resultante do cozimento da carne. Bom contraste com o aveludado do purê de mandioquinha e a leve crocância das ervilhas tortas cozidas al dente.
Bom, nem seria necessária uma sobremesa para me deixar em êxtase, mas o chef mostrou que não nega às origens e nos presenteou com uma finíssima torta de maçã, acompanhada de creme fraîche - um creme fresco batido a um ponto antes do chantilly e sem açúcar - montada sobre creme de baunilha. Quem me conhece sabe que não sou formiga e costumo nem ligar para a sobremesa, mas essa estava sublime. Arrisco a dizer que roubou a cena... espetáculo! Ah, como é bom o sabor da baunilha de verdade, tão diferente das essências que encontramos por aí.
Os pontinhos pretos no creme atestam a utilização de baunilha de verdade...
Além do banquete executado à perfeição, pudemos degustar três ótimos vinhos - franceses, obviamente - que fazem parte da premiada carta do bistrô.
Não só recomendo o La Palette como volto a afirmar que trata-se de uma importantíssima referência gastronômica do interior paulista e, na minha opinião, o melhor da cidade. Imperdível.
Obrigada à Kátia Nunes, da Canal de Comunicação, pelo convite; à Bianca Frari, da Canal de Comunicação, pela recepção e companhia durante o almoço; e ao Manuel Alves Filho, autor do blog Toque de Chef, pela indicação.
Festival Quatre Saisons - Menu de Outono
Disponível de abril a junho no bistrô La Palette
reservas: (19) 2117-4203
Av. Royal Palm Plaza, 277 - Jd. Califórnia
Funcionamento: de quinta a sábado, das 19h às 23h
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