terça-feira, 27 de julho de 2010

Festival Gastronômico de Campinas: alguém explica?

Faz um tempo que queria escrever sobre minhas descobertas com relação ao Festival Gastronômico de Campinas, mas o assunto é tão desestimulante pra mim que demorou até bater a vontade de falar sobre isso...

Descobri que o tal festival não faz com que os restaurantes participantes pratiquem menús com valores mais vantajosos para seus clientes, como ocorre no evento que julguei ser semelhante em São Paulo, o SPRW. Descobri também que os estabelecimentos participantes adicionaram uma ou outra opção de entrada, prato principal e sobremesa, com a tal influência paulista (que pode ser qualquer coisa, conforme falamos neste post aqui), com preços variando dentro da média das outras opções do cardápio. Ah, vale lembrar que tais "novidades" só estão disponíveis de quinta a domingo, até o final do evento.

Viu, alguém me conta qual é a graça disso? Qual é a vantagem e/ou estímulo que o público tem com essa proposta, digamos, tão interessante quanto picolé de chuchu? Se alguém, de fato, puder me explicar, ficarei imensamente agradecida, por mim e pelos leitores deste blog, que devem estar com uma baita "interrogação" na testa agora... assim como eu estou.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Grata surpresa em Vinhedo: Cardeais Gastronomia



Vinhedo acaba de ganhar um novo restaurante, mas pouca gente sabe disso... Isso porque o Cardeais Gastronomia não está investindo em divulgação, apostando apenas no bom e velho "boca a boca", que tão bem funciona nas cidades do interior. Em um esquema semelhante a um soft opening, a casa chega de mansinho, mas já mostra a que veio: com ênfase no projeto paisagístico, os ambientes são extremamente agradáveis, principalmente as mesas que ficam sob o pergolado, em meio à plantas e árvores. Ponto positivo também para o serviço, que nota-se ter sido muito bem treinado, principalmente com relação à discrição, aliando cortesia e gentileza a uma presença quase imperceptível, porém atenta.

O restaurante trabalha em sistema de almoço executivo de terça a sexta e à la carte no jantar e finais de semana. Um salad bar bem montado é presença constante no almoço, com opções de saladas elaboradas com ingredientes especiais, com toques da cozinha asiática e contemporânea. Destaque para a levíssima quiche, cujos ingredientes podem variar de um dia para o outro, mas a perfeita execução não. Quase não se sente o peso dos ovos no recheio, extremamente aerado, mas cremoso no ponto certo, sendo que a massa cumpre direitinho seu papel de coadjuvante.

Preocupação com os detalhes: pimenta do reino moída na hora é bem melhor...


O Cardeais se entitula também como galeteria, portanto não poderíamos deixar de provar o galeto, que deve ser o carro-chefe da casa. A outra opção foi a sugestão do chefe, robalo grelhado com legumes assados, além dos bolinhos de mandioca com carne-seca para iniciar os trabalhos. Pode-se também optar apenas pelo salad bar, ao preço de 18 reais por pessoa, ou 8 reais no caso de acompanhar qualquer pedido de prato principal.

Os bolinhos estavam saborosos, a proporção mandioca x carne-seca estava correta, porém não estavam tão sequinhos quanto deveriam (ou quanto eu gostaria que estivessem). Tabascos de vários tipos acompanhavam, o que me agradou bastante, já que sou "Tabasco lover" assumida.

Bolinhos

Os pratos vieram com alguma demora, porém podemos atribuir ao fato de 2 pessoas da mesa terem optado pelo salad bar, além dos bolinhos de entrada, o que dá um tempo extra para a cozinha mandar o pedido. Mas a espera foi compensada já na apresentação dos pratos: o galeto veio em tábua de madeira, cortado em 4 partes, com potinhos contendo cada acompanhamento: arroz, feijão, batatas assadas, farofa e vinagrete. O robalo, em posta generosa, veio sobre os legumes grelhados, com um toque de azeite (posso estar errada, mas arrisco dizer que era um tipo de dendê) e um fio de molho adocicado, como um tarê.

Visivelmente, o galeto poderia servir duas pessoas, pois ainda que pequeno, veio em 4 pedaços bem carnudos. Os acompanhamentos também seriam suficientes para dois. A carne estava macia e suculenta, e o alecrim coroava o sabor rústico do prato. Feijão saborosíssimo e batatas com casquinha crocante e interior macio.



O robalo era fresco, muito fresco, com carne brilhante, macia porém firme, soltando-se aos nacos. Os legumes assados estavam no ponto certo, nem muito al dente, nem muito moles, envolvidos por um bom azeite. A porção tinha o tamanho ideal para o meu apetite, portanto pode ser considerada farta.



Com relação aos preços, pode-se dizer que a mesa de saladas é um bom negócio a R$ 18 e o galeto, um ótimo negócio a R$ 28. O robalo foi o prato mais caro, saiu por R$ 42, porém o tamanho da posta pode justificar um valor mais alto. As entradas, basicamente compostas por bolinhos e saladas, têm preço em torno de R$ 15. Não pedimos sobremesa, por uma questão de prudência com a balança (costumo optar entre pedir entrada ou pedir sobremesa, este é o meu senso de justiça).

Apesar da chegada sutil do Cardeais, quase que tímida, arrisco a dizer que a estratégia de divulgação via "boca a boca" vai render bons frutos ao restaurante pois, imagino que assim como eu, muitos devem ter saído de lá com a sensação de satisfação por ter uma nova boa opção na RMC.

Cardeais Gastronomia e Galeteria
www.cardeaisgastronomia.com.br

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Festival Gastronômico de Campinas 2010

Confesso que estou um tanto apreensiva com relação ao Festival Gastronômico de Campinas 2010... posso listar alguns dos motivos que me causam esta sensação, mas o principal deles refere-se à escassez de informações sobre o evento. Ao que me parece, os organizadores - Campinas e Região Convention & Visitors Bureau, Secretaria de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo de Campinas e o Conselho de Turismo de Campinas (Comtur) - fizeram um release para a imprensa e todos os veículos falam exatamente as mesmas coisas: que o Festival vai de 16 de julho a 1 de agosto, que ocorre somente de quinta a domingo, que enfocará a Culinária Paulista e que são ao todo 40 estabelecimentos participantes, entre restaurantes da cidade, de hotéis e convidados da região. Ah, falam também que a culinária Paulista privilegia produtos regionais, que formam a base da culinária indígena, agregando o paladar dos descobridores portugueses à culinária dos imigrantes italianos, árabes, japoneses, entre tantos outros (!). Ou seja, seria o famoso "faz de um tudo"...

A despeito das informações ao estilo CTR+C, CTR+V que encontrei na net (alô jornalistas, bora dar uma trabalhada no release?), o meu "pé atrás" com o festival refere-se também às experiências frustradas no SPRW (São Paulo Restaurant Week), festival que ocorre semestralmente em São Paulo, com características semelhantes: são vários restaurantes participantes, alguns de grande expressividade e renome, mas com os mesmos problemas - menú desinteressante para o festival, filas de espera quilométricas, serviço hostil especialmente destinado aos clientes participantes do evento, e por aí vai... sinto que por aqui não será muito diferente disso, mas já que este blog existe justamente para sentir o terreno antes de você, leitor, pisar, lá vamos nós fazer nossa listinha de estabelecimentos a serem visitados.

Restaurantes participantes

68 La Pizzeria
Astor
Bar do Marcelino
Baracat
Bráz Pizzaria
Broune
Casa Rio
Cervejaria Devassa
Estação Marupiara
Fellini Ristorante e Vinheria
Forneria San Pietro
Joe & Leos
Kilimanjaro Galleria Shopping
Kilimanjaro Shopping Iguatemi
La Pasta Gialla
Olavo Restaurante e Tasca
Olivetto Restaurante e Enoteca
Pizzaeria Fiducia
Ryuu Sushi Bar
Spice Restaurante
Stefano’s Express
Strog&noff
Theo Medeiros
Tonico's Boteco
Vila Paraíso
Casa de Maria
Matsu

Restaurantes de Hotéis

Bellini (Vitória)
Del Jardin (Tryp Hotel Campinas)
La Palette Restaurant (The Royal Palm Plaza)
O Maestro (Hotel Premium Norte)
Park Tower (Hotel Residence)
Restaurante Matisse (The Royal Palm Residence)
Restaurante Vila Real (Royal)
Ópera Morena (Mercure Hotel)

Restaurantes Convidados da RMC

http://maisolhoquebarriga.blogspot.com/search/label/Jensen%20Gastronomia
Vila de São Paulo (Holambra)
Laura e Francesco (Valinhos)
Le Triskell (Indaiatuba)
Bar da Praia (Jaguariúna)

Lista Mais Olho Que Barriga para o Festival:

- Olivetto Restaurante e Enoteca

Apesar de já ter comentado aqui sobre minha experiência pouco satisfatória por lá, acho que o festival é uma boa oportunidade para uma segunda visita.

- Theo Medeiros

Também é um lugar que já conheço, porém não voltei lá depois de iniciar o blog. Tenho uma certa "birra" com o fato do restaurante não aceitar nenhum cartão de crédito ou débito. Francês demais... mas vamos dar um voto de confiança ao chefe-estrela de Campinas.

- La Palette Restaurant (The Royal Palm Plaza)

Pra mim, o melhor restaurante de Campinas, com notas máximas não só para a cozinha mas também para o atendimento, ambiente, carta de vinhos. O Festival oferece uma boa oportunidade para voltar neste excelente restaurante, que há tempos está merecendo um post por aqui.

- Restaurante Matisse (The Royal Palm Residence)

Já fui algumas vezes ao Matisse e não consegui formar uma opinião sobre o lugar, dada a irregularidade da cozinha. Agora é a hora de tirarmos a prova.


Como não consigo encontrar informações sobre o que será oferecido pelos estabelecimentos durante o Festival, em termos de valores e cardápio, não me atrevo a listar muitos outros lugares, mesmo porque não sei se daremos conta do recado (ou se os restaurantes darão, em virtude do aumento da procura). Mas acredito que já no primeiro final de semana poderemos ter uma boa noção do que o Festival irá nos proporcionar, em termos de experiências boas e ruins também.

Convido os leitores a postar suas experiências nos comentários, para que possamos expandir nossa "lista de avaliados", com base na experiência de quem foi e comprovou.

E a sorte está lançada! Façam suas reservas!

sábado, 3 de julho de 2010

Feito em Casa: o Mais Olho que Barriga também vai à cozinha

Atendendo aos pedidos dos interessados em colar a barriga no fogão para fazer sua própria refeição, inauguro hoje uma seção no blog entitulada "Feito em Casa", com receitas criadas (ou não) e executadas (isso sim!) por esta que vos escreve. Como muitos dos que gostam de comer bem também se interessam pelas panelas, vou dividir algumas das minhas receitas que costumam impressionar os comensais, mas que são fáceis de fazer, principalmente para quem não tem muito tempo de sobra para cozinhar.

Inaugurando a sessão, Risoto de Bacalhau com Brócolis:



Os risotos são pratos fáceis de fazer, basta usar o arroz certo, combinando-o com ingredientes "interessantes" e um bom caldo, além de requerer um pouco de paciência do cozinheiro para mexer o tempo todo do preparo, o que não deve ultrapassar 30 minutos. Como o intuito desta seção é ensinar receitas práticas, sugiro utilizar um caldo pronto (aqueles em cubinhos mesmo), pois o preparo de caldos frescos exige um pouco mais de tempo e alguma técnica - se bem que pode-se fazer o caldo fresco e armazená-lo no congelador, o que não compromete em nada sua utilização por uns bons 3 meses.

O mais importante para um bom resultado final é a utilização do arroz arbóreo, um arroz italiano de grão mais redondinho, que não precisa lavar e conforme vai cozinhando, vai soltando o amido necessário para dar a consistência cremosa do risoto - por isso o verdadeiro risoto não precisa de "aditivos" como o creme de leite para deixar sua consistência cremosa.

Isto posto, vamos aos ingredientes para esta receita, considerando 4 pessoas:

400mg de Arroz Arbóreo
4 col de sopa de manteiga
4 col de sopa de azeite
1 cebola pequena bem picada
1 cálice de vinho branco
250g de bacalhau dessalgado* e desfiado
250g de brócolis cozido
150g de azeitonas verdes s/ caroço
4 ovos cozidos (para decorar)
Queijo parmesão ralado (à vontade)
Pimenta do reino moída na hora (à vontade)
Sal
3 cubos de caldo (de vegetais ou frango) dissolvidos em 1l de água fervente

Modo de preparo

Em uma panela, ferva 1l de água e acrescente os cubos de caldo para dissolvê-los. Deixar esta água em fogo baixo durante todo o preparo do risoto, pois este caldo será acrescentado aos poucos ao arroz.

Em uma outra panela, cozinhe os ovos e reserve.

* Para este risoto, pode-se comprar o bacalhau já desfiado e dessalgá-lo cozinhando-o em água, trocando a água a cada fervura. Deixar ferver 3 vezes será o suficiente.

Dourar a cebola com 2 colheres de manteiga e 4 colheres de azeite até ficar transparente. Acrescentar o bacalhau, o brócolis e as azeitonas para refogar, acrescentando o vinho branco em seguida. Deixar evaporar o vinho e juntar o arroz arbóreo, mexendo bem para misturá-lo aos demais ingredientes. Acrescentar umas 2 conchas do caldo e mexer até que comece a secar. Este processo de acrescentar o caldo, mexer e deixar secar vai se estender até o final do preparo, quando o arroz atingir o ponto de cozimento correto: o grão deverá ficar al dente, porém o "todo" deve estar bem úmido e cremoso. Talvez este 1 litro de água não seja totalmente utilizado, o importante é mexer bem durante o preparo para que o amido do arroz se desprenda e faça sua parte. Não deixe secar demais, senão o risoto pode ficar com uma consistência "empapada". Cuidado para acrescentar o sal, pois o caldo já deve conter sal suficiente, além do bacalhau e das azeitonas. Portanto, experimente e corrija, se necessário.

Quando o risoto atingir a consistência desejada, desligar o fogo, acrescentar as 2 colheres restantes de manteiga, o parmesão ralado e deixar descansar na panela tampada por uns 10 minutos. Neste meio tempo, descasque os ovos e corte-os em 4 (no sentido do comprimento). Pode-se usar ovinhos de codorna também, cortados ao meio (seriam 2 ovinhos para cada prato, 8 no total).

Após o tempo de descanso, o risoto deve ser servido imediatamente, senão aquele ponto "perfeito" do cozimento pode se perder. Caso aconteça do risoto secar além da conta, é só acrescentar um pouco mais de caldo e mexer bem. Para este risoto aí da foto, usei cumbucas individuais para servir, o que deixa o prato "esteticamente" mais interessante. A pimenta do reino deve ser moída na hora, sobre o prato montado e os ovos, inclusive.

O legal do risoto é que a base será sempre a mesma: cebola, arroz arbóreo, vinho, caldo, manteiga, azeite e parmesão. Os ingredientes podem ser inúmeros, desde que harmonizem entre si, como é o caso do bacalhau, do brócolis e do ovo cozido. Sugestões de combinações felizes são presunto parma, queijo brie e fundo de alcachofra, gorgonzola, pêras e nozes, ou ainda a turma dos cogumelos, como funghi, shitake, paris, etc.

Garanto que esta receita é, sem dúvida, Mais Barriga.