domingo, 5 de setembro de 2010

Le Bistro Mediterrâneo: hã?

Sabe quando você chega em casa morrendo de fome, pronto para devorar qualquer comidinha gostosa da sua geladeira e quando senta no sofá, abre aquele pote de sorvete na frente da TV, de colher em punho, descobre que era feijão congelado? Pois é, foi mais ou menos essa sensação que eu tive no Le Bistro Mediterrâneo, um restaurantezinho intimista, em uma das minhas ruas preferidas do Cambuí, com o qual eu venho flertando há tempos desde que passei em frente durante uma das minhas caminhadas noturnas (sim, eu tenho meus momentos saudáveis também). Não conhecia o lugar até então, achei muito bonitinho, bem montado e com menú interessante. Estava ensaiando uma visita para poder postar no blog, já que não encontrei comentários sobre o mesmo nas publicações que se prestam a isso. Mas a demora para o post também se deu por conta do sumiço da minha máquina fotográfica, depois que eu fiz a visita ao lugar, não encontro a bichinha de jeito nenhum... mas decidi postar mesmo assim porque já perdi as esperanças e não quero mais deixar os leitores deste blog sem nada para ler.

Nota em 11.09: Achei minha câmera! E não é que ela estava lá no Le Bistrô? Agora este post conta com fotos, enjoy!

Foi em um almoço durante a semana que decidi passar por lá, mesmo não tendo muito tempo antes de um compromisso à tarde. Imaginei que um almoço em um lugar que tem menú executivo não poderia demorar muito mais que uma hora, então arrisquei.

lugar agradável, em uma rua tranquila

Logo de cara algumas coisas me incomodaram um pouco, como as opções do executivo, que eram totalmente desinteressantes, passando por filé à parmegiana e frango grelhado com legumes. Tanto eu como minha companheira de almoço decidimos optar pelas sugestões do chef, um duo de pato e um tortellonni de cordeiro ao sugo. Na hora de escolher o vinho, a atendente nos informou que não havia opções de meia-garrafa e apenas uma opção de tinto e uma de branco para o vinho em taça - oi? Para um lugar chamado Le Bistrô, tava meio escasso de opções, não? - Pedimos uma taça do tinto para cada uma de nós, um cabernet sauvignon chileno, e para nossa total decepção, a temperatura estava péssima, quente mesmo, sem condições. Quando reclamamos, ela disse que apenas o vinho branco ficava na "geladeira", foi quando pedi para falar com alguém mais esclarecido no assunto. Acabamos optando pelo branco, por total falta de opção, já que uma garrafa poderia nos causar problemas com o bafômetro. Um restaurante que se classifica como francês tem a obrigação de contar com uma adega, de preferência climatizada, para evitar esse tipo de constrangimento, já que a temperatura na cidade tem passado diariamente dos 30 graus.

Dispensamos as entradas, pedimos somente o couvert, não pela nossa pressa, mas também porque nenhuma das opções nos despertou real interesse. A falta de criatividade também se refletiu no couvert, que contava com manteiga, azeitoninhas pretas, daquelas que vêm em cima da pizza e lascas de parmesão. Os pães não merecem menção...

As azeitonas poderiam ser chilenas, não?

Começamos a nos inquietar com a demora dos pratos, após meia-hora de espera. Tudo bem que não pedimos do menu executivo, mas a sugestão do chefe, escrita em uma lousa gigante no meio do restaurante, tão pouco deveria demorar. Quando os pedidos chegaram, porém, tivemos uma boa impressão da apresentação e quantidade. O pato veio com nacos de peito e a coxa inteira, compondo o tal "duo" do nome. Os acompanhamentos eram repolho roxo, legumes e batatas gratinadas, que vieram à parte em uma cumbuca generosa. Já a massa veio com bastante molho de tomate, em um prato fundo grande, o suficiente para uma pessoa com bom apetite. Apresentações feitas, vamos ao que interessa:

O Pato
Minha amiga Pati é daquelas que entendem muito de cozinha, gourmet exigente mas de bom senso. Foi ela quem pediu o pato e são palavras dela que reproduzo aqui. Seco, seco, seco. Cadê aquela gordura necessária do pato, que deixa tudo melhor? E o ponto, errado! O pato tem que ser, no máximo, ao ponto para mal passado, com aquele miolo rosa nas fatias da carne, nada de esturricar o bichinho, senão fica seco e duro. Os acompanhamentos, por sua vez, estavam gostosos...

pela foto já dá pra ver que o interior das fatias não estava nem rosado...

A Massa
Confesso que minha vontade era pedir o pato também, mas em prol deste blog optei por um prato diferente, o que não foi tão difícil pois cordeiro me encanta. Meu receio era quanto à massa, pois tortellonni é aquele envelope grande, cujo risco de ficar mole demais ou al dente demais é grande. Mas o que vi foi um ponto perfeito de cozimento, al dente mas sem aquelas arestas indesejáveis nas dobras da massa, impecável. O recheio era farto e saboroso, com a presença marcante do cordeiro, contrastando com uma geléia de hortelã em discreta quantidade. Já o molho ao sugo, que deveria ser um coadjuvante neste prato, estava querendo aparecer demais com sua acidez incorreta. Apesar dos tenros pedaços de tomate que estavam ali para atestar que o molho era fresco, a acidez deveria ter sido corrigida, o que não é processo tão complexo na cozinha.

Se não fosse pela acidez do molho, o prato seria irretocável.

O bom disso tudo é que a responsável pelo restaurante veio pessoalmente retirar os pratos para saber se havíamos gostado e, com isso, tivemos a oportunidade de darmos nossa sincera opinião. A Pati explicou porque não comeu todo o pato, a questão do ponto e da maciez da carne. Prontamente, a moça se dispôs a recompensá-la de alguma forma, dizendo que poderia oferecer outro prato caso não estivéssemos satisfeita, ou ainda uma sobremesa. Sei que esta postura não é comum no Brasil, quantas vezes já disse que não havia gostado do meu prato, por motivos contundentes, mas a resposta blasé do restaurante sempre deixava claro que minha opinião não importava. Neste caso, senti uma sincera preocupação com a satisfação dos clientes, o que demonstra que o restaurante pode corrigir alguns equívocos e seguir o caminho de crescimento em busca de fidelizar seu público.

De sobremesa, escolhemos um creme brulée e duas colheres, além do café e da conta, já que a pressa era grande e o atendimento não estava dos mais ligeiros. O creme estava bem gostoso, mas a casquinha era grossa demais, talvez por ter sido feita com açúcar cristalizado, o que me tirou o prazer máximo de quebrar a casquinha com leves colheiradas... aliás, deixamos a casquinha de lado e comemos o creme.

Quebrar a casquinha? Só com um martelinho...

Quando a atendente nos trouxe a conta, fez questão de deixar claro que o restaurante não estava nos cobrando a sobremesa e os cafés, por conta da insatisfação com o pato. Achei legal, mas o correto mesmo, aquilo que se pratica nos bons restaurantes ao redor do mundo, era não ter cobrado o prato ao invés de oferecer a sobremesa. Mas isso já seria esperar demais, por isso reconheço que houve um esforço e dou mérito ao Le Bistrô pela preocupação. Sugiro atentar para a questão do vinho, não só pela falta de opções de meia-garrafa e de taça mas, principalmente, para a temperatura dos tintos, que podem até estragar ficando expostos ao calor.

Quanto aos valores, o pato saiu R$ 37, a massa R$ 29 e cada taça de vinho, R$ 8. Os pratos do executivos custam algo entre R$ 15 e R$ 25.

Prefiro visitar uma segunda vez para emitir meu veredicto quanto ao critério Mais Olho Que Barriga, portanto aceito opiniões nos comentários para me ajudar neste processo.



Le Bistrô Mediterrâneo
Rua Presciliana Soares, 42
fone: 3325-6383

9 comentários:

  1. Conheci este restaurante no fim de semana. Horrível! O risoto de rúcula foi uma das coisas mais insípidas que eu já comi na vida e o salmão esturricado veio metade com tempero e a outra metade sem tempero...

    E pensar que eu desperdicei uma visita ao sempre excelente bistrô do Chef Theo para conhecer esse lugar lamentável...

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  2. Olá Gustavo,
    valeu pelo relato, já esperava que alguma crítica iria pintar por aqui... essa questão de optar por conhecer um lugar novo ao invés daqueles que já gostamos é algo que tenho que fazer com bastante frequência por conta do blog, mas posso te dizer que muitas boas surpresas surgiram pelo caminho. Boa sorte na busca e pode contar com o Mais Olho Que Barriga para uma opinião sincera antes de arriscar!
    Um abraço,
    Mari Corali

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  3. Oi amiga!
    Realmente nosso almoco poderia ter sido bem mais glorioso! Nao faltarao oportunidades de nos deliciarmos com um bom prato, ops PATO!
    beijao
    Pati

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  4. Pois é, Pati, agora fiquei com desejo de pato... pena que por aqui não podemos comer com tanta frequência como na Deutschland, que custa uma pechincha, mesmo em euros! Quem sabe numa próxima investida na cozinha a gente não faz um patinho, né? Bjs!

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  5. Oi Mari!
    Então, esse restaurante é bem perto de casa e de vez em qdo vou lá pra jantar "a dois". Não tive essa impressão do lugar, pois os pratos que pedi sempre vieram "dentro do esperado" para um bistrô e pelo preço (relação custo benefício) ofertado. Geralmente opto pelo menu, mas concordo que as opções deste sistema para o almoço são mais reduzidas que as do jantar.
    Não tive (ou pelo menos não notei) o problema que vc teve com o vinho, pois nas últimas vezes que fui lá era julho e a temperatura ambiente não atrapalhou a degustação da bebida. Mesmo assim, nada justifica a casa não ter uma adega climatizada, ou que, pelo menos se mantenha algumas garrafas de cada vinho em prontas condições para ser servido à temperatura adequada. Sim, a carta de vinhos é muito breve, mas como se trata de um bistrô, acho que carta deve (ou pode) seguir a proposta do cardápio desse tipo de estabelecimento. Mas ela podia ter mais vinhos franceses (...hehehehe...) e ao invés das meias garrafas, a opção de um 1/2 ou 1/4 de "pichet".
    Quanto aos pratos: são adequadamente bem servidos para uma pessoa, tem boa apresentação e preparo adequado. Nunca provei o pato deles, mas comer pato no Brasil é complicado. Realmente, dificilmente vc encontra um lugar onde se saiba prepará-lo. Apesar que certa vez pedi um prato com frango que achei extremamente seco, ainda mais pq ele vinha acompanhado de um folhado. Talvez o chef tenha alguma dificuldade em cozinhar aves.
    Sobremesa: mesma impressão do broulè. Acho que a casquinha mais fina e com umas raspinhas de limão por cima poderiam encrementá-lo.
    Quanto ao atendimento, nunca tive problemas, poiso lugar é muito tranqüilo, agradável (o que afasta aquela ansiedade imediata da fome) e a pessoa que sempre me atendeu foi muito simpática e atenciosa. Acho que pro almoço de "firma" fica um pouco complicado comer lá, mas nunca fui de dia, apenas para jantar e, por óbvio, sem pressa alguma.
    Considero o lugar adequado à proposta, mas que poderá ficar melhor se ouvir as sugestões dos clientes. Especialmente as suas.
    É isso aí! Bjk! Simão.
    PS: e o nosso kebab? Vai rolar?...hehehe...Já tenho o lugar aqui em Campinas.

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  6. Fala Simon!
    Valeu pelo relato, fiquei feliz em saber que alguém tem coisas positivas a dizer sobre o Le Bistrô, pois acho que o lugar tem potencial. Quando fui lá buscar minha máquina fotográfica, fiquei triste em ver o lugar vazio, mesmo sendo uma quinta-feira à noite. E a nossa intenção é essa mesma, fazer críticas construtivas em prol da correção dos erros e melhorias. Quanto ao nosso kebab, tô esperando, é só marcar! (no sábado acabei indo pra Vinhedo curar minha ressaca da baladinha da sexta, estava sem condições... hehehe...).
    Bjão
    Mari

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  7. Realmente...ressaca monstro no sabadão! Ainda mais pq fomos a outro bar, naquele dia...rs...Fui no Palácio Kebab. Aco que o lugar merece uma visita! Bjk.

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  8. Dia dos namorados, mais uma tentativa no Bistro. A primeira (frustrada) foi em 2008 (se não me falha a memória). Na época foi oferecido um menu fechado com duas opções para cada prato do menu, solução inteligente para um dia com muito movimento. O resultado beirou uma comédia italiana, vinho (somente lambrusco) trocado, comida demorooooooooooou, e quando chegou os pratos vieram trocados com os de outra mesa.... enfim, 4 anos de intervalo, tempo suficiente para conhecer o cliente e a rotina de um restaurante certo? Errado.

    O menu razoável em opções não era o corriqueiro, dentre as opções pedimos:

    Bolinhos de salmão: secos, pouco saborosos e com um leve sabor a óleo velho.

    Salada de folhas verdes com molho pesto: as folhas verdes um mix de alface crespa à juliana com uma fatia de tomate cortada ao meio, cenoura (mal) ralada (que não constava na descrição no menu) e um molho pesto insoso. Porção pequena.

    Palheta de cordeiro com molho de hortelã: porção no tamanho ideal, carne ao ponto, suculenta e molho equilibrado. Os legumes apenas passados em um azeite de sabor duvidoso e sem mais nada que se fizesse notar.

    Frango recheado: seco, duro e queimado. Acompanhado de umas batatas fritas tão queimadas quanto e um talharim sem graça temperado com o mesmo azeite de sabor duvidoso. Pedi para trocarem o prato (algo que só faço em casos extremos) por um filé mignon ao molho de gorgonzola, que veio tenro e no ponto pedido, molho saboroso e leve, com os ja famosos legumes sem graça e o talharim, desta vez mais fresco mas ainda sem qualquer personalidade.

    Nas mesas ao lado alguns pratos voltando para a cozinha, e um casal insatisfeito com a demora, mas que fez questão de pagar a conta, que estava sendo oferecida como cortesia pela dona do restaurante.

    No nosso caso a conta foi muito bem cobrada, exatos 151,80 sem direito a sobremesa.

    O que vi foi uma equipe (dona e mais uma pessoa) correndo para dar conta das mesas, atrasos e pratos que (com sorte) chegavam a ser honestos.

    Ainda penso em voltar ao bistro para provar o almoço, sem salada, e ver se tenho alguma sorte. Acho que namorados nao trazem muita sorte ao bistro, continuam pecando no serviço.

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  9. Perdão pelo palheta onde deve-se ler PALETA, correção T9 do celular.

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