sábado, 15 de janeiro de 2011

Retomada em 2011: uma jóia no litoral paulista



Olá pessoal, feliz 2011 e vamos voltar à ativa em grande estilo, já que neste mês o Mais Olho Que Barriga completa seu primeiro ano de vida. O post de hoje é sobre um ícone do litoral - consagrado como um dos melhores restaurantes de praia do Brasil e que se mantém no topo há mais de duas décadas - o Manacá, na praia de Camburizinho, município de São Sebastião.

Conheci o Manacá em meados dos anos 90, justamente quando minha família descobriu essa praia de areia branquinha e mar brabo. Desde então, foram muitas as vezes que passamos a virada do ano por lá e, quando possível, visitávamos o restaurante, sempre vivo em minha memória não só pela excelente cozinha, mas também pela sua peculiar construção sobre palafitas, em meio a uma exuberante mata nativa.
Não se pode chegar de carro até o restaurante, ele fica enfiado em um terreno de difícil acesso, porém o pequeno trajeto do estacionamento até o local é feito hoje em dia em vans (digo hoje em dia pois, antigamente, fazia-se a pé). Logo que se entra, é fácil perceber porque os carros devem ficar distantes dali: todo o caminho até o restaurante desde sua entrada é feito por passarelas elevadas, em meio à mata, assim como o próprio salão, que fica sobre palafitas. Isso porque o local é uma área de mangue, com solo encharcado, daí a necessidade de se utilizar as palafitas, o que confere um charme muito especial ao lugar (calma, eles mesmos oferecem repelente caso você se esqueça de passar o seu).



O chef-proprietário é o mineiro Edinho Engel, cuja especialidade são os peixes e frutos do mar. Não por acaso, também é proprietário do excelente restaurante Amado, em Salvador. O cardápio do Manacá é razoavelmente extenso e diversificado. Apesar do foco ser mesmo nos amigos do mar, notei boas opções de carnes, massas e risotos. Logo na contracapa do menú encontrei um pedacinho de papel que listava os especiais do dia e aquilo já me perturbou, pois me tirou o foco de todo o resto depois que li as opções de cavaquinha e de frutos do mar grelhados. Foi uma escolha dificílima, já que nosso eficiente garçom nos explicou que a cavaquinha vinha acompanhada de nhoque romano trufado e os frutos do mar, cuja seleção incluía minhas tão amadas vieiras, eram acompanhados de risoto de alcachofra. Acabei me seduzindo pelas vieiras e optei pelos frutos do mar, assim como os demais comensais, com exceção da Pati, que foi de cavaquinha.

Couvert simples, mas simpático.

O couvert é simples mas os pães são fresquinhos, feitos lá mesmo, com direito a explicações sobre cada tipo. No mais, bolinhas de ricota ao pesto, patês e aliche.
Todos os pratos incluíam uma saladinha verde como entrada que, na minha opinião, poderia ser um pouquinho mais elaborada, já que o valor de CADA prato era algo em torno de 150 reais... acrescentar às folhas um ou outro ingrediente, como fundo de alcachofra, palmito, cogumelos ou queijo de cabra, seria benvindo (ai, essa nova ortografia chega a doer quando se lê, não?).

Salada verde e ponto.

O restaurante não estava lotado quando chegamos, também pudera, nossa reserva havia sido feita para às 19:30h pois estávamos com crianças. Mas em pouco tempo as mesas foram todas ocupadas, assim como todos os lugares da área de espera e bar. Notamos que muitos dos comensais eram estrangeiros, principalmente europeus, embasbacados com a exuberância da mata atlântica do entorno. Se até nós ficamos maravilhados, os gringos acham um espetáculo à parte.

Até a espera fica mais agradável num cenário desses...

Para acompanhar nossos pratos, escolhemos um ótimo vinho italiano da uva pinot grigio, que caiu deveras bem com o clima e os amigos do mar. Nossos pratos chegaram sem muita demora, com uma bela apresentação. Obviamente, cresci os olhos para as cavaquinhas do prato da Pati, mas logo me distraí com a enorme variedade de frutos do mar do meu prato: mexilhões na própria concha, vôngoles, lulas, um tentáculo inteiro de polvo, camarões graúdos, lagostim e, finalmente, pequena vieiras. Como coadjuvante, um excelente risoto de alcachofra que, para ser perfeito, só precisava ter vindo em maior quantidade (lógico que essa é a minha opinião de glutona). A cada variedade experimentada, uma textura diferente: as lulas eram elásticas mas não borrachudas; os camarões e lagostim, divinamente no ponto; o polvo, com suas curiosas ventosas, era macio e saboroso, assim como os mexilhões e vôngoles, que estouravam na boca; a única ressalva fica por conta das vieiras, justo as minhas favoritas, que estavam rígidas devido ao ponto de cozimento errado. Uma pena, pois sou daquelas que deixam o melhor do prato para o final, como uma despedida do que foi bom, no melhor estilo save the best for the rest. Mas dessa vez, o que ficou foi um gostinho de frustração... em se tratando de frutos do mar, ponto pode ser mais importante que tempero.

Grande diversidade de frutos do mar, acompanhados do ótimo risoto de alcachofra.

Segundo a pati, o prato dela estava excelente, nada menos que isso. Para ela, a quantidade também estava de acordo com o apetite. As cavaquinhas estavam tenras e saborosas e o nhoque romano tinha intenso sabor das trufas, porém sem ofuscar as protagonistas do prato.

Além de lindo, o prato estava excelente.

Com nossos estômagos agraciados pelo banquete, chegamos a pedir o menu de sobremesas, mas não nos empolgamos com nada, não pela falta de opções, mas porque estávamos realmente satisfeitos com o que havíamos comido e bebido. Uma das sobremesas nos pareceu muito interessante, um tipo de mousse de queijo branco com calda de goiaba, mas acabamos sendo mais prudentes que curiosas e abrimos mão.

A conta saiu salgada, cada prato custou cerca de 150 reais e o vinho algo em torno de 100 (pedimos duas garrafas). Notei que há pratos a partir de 60 – 70 reais, porém não são os que levam frutos do mar. Acredito que para um casal, o valor estimado para uma refeição pode ser algo em torno de 400 reais, incluindo um bom vinho. Se vale à pena, não posso garantir, mas o que posso afirmar é que trata-se de um belíssimo restaurante com ótima cozinha, o que pode proporcionar, no mínimo, uma experiência diferenciada.

www.restaurantemanaca.com.br

3 comentários:

  1. Olá Mari,
    Feliz 2011; que bom voltar a ler seus post.
    Realmente o Manaca causa uma experiencia diferenciada.
    Abraços
    Dalmo

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  2. Olá Dalmo, feliz 2011 para vocês também! Bom te ver por aqui, obrigada pela visita. Inclusive, estava querendo saber se vocês foram muito afetados pela cheia do Rio Piracicaba. O pessoal da margem oposta perdeu praticamente tudo, né? Muito triste isso, vi as imagens e fiquei chateada por eles. Meu tio comentou que do lado do Navegantes a coisa foi um pouco mais amena, espero que esteja tudo bem por aí.
    Um abraço,
    Mari

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  3. Olá Mari,
    o susto foi grande, mas felizmente não tivemos grandes perdas, já retomamos as atividades a todo vapor.
    Apareça!
    Abraços
    Dalmo

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