domingo, 18 de setembro de 2011

Hoje é dia de... Bacalhau!

Outro dia recebi um panfleto de um lugar chamado Esquina Portuguesa, cujas fotos dos pratos de bacalhau me despertaram um desejo enorme de comer o peixe de águas geladas. Gosto muito de bacalhau, não só do que minha querida avó faz com maestria do alto de seus 87 anos, mas de qualquer prato que leve o ingrediente, contanto que seja de boa qualidade. Existem critérios importantes a serem considerados na hora da escolha de um bom bacalhau e não é qualquer peixe salgado que satisfaz os comensais mais exigentes. Aliás, aqui cabe uma pequena explicação sobre o bacalhau, que não é um peixe específico, mas sim a forma de conservar um determinado tipo de peixe através do processo de secá-lo e salgá-lo.

São cinco tipos de peixes que podem ser considerados bacalhau: o legítimo bacalhau, feito de um peixe chamado Cod Gadus Morhua, pescado no Atlântico Norte, o mais nobre dos bacalhaus. Há também o Cod Gadus Macrocephalus, conhecido como o legítimo Porto, difere do primeiro pelo seu habitat, que é o Pacífico Norte, além da carne mais clara e bordado branco no rabo e barbatanas. Já o Ling é um peixe bem mais claro e estreito que os outros, cuja carne é bonita e boa para grelhar (um dos mais encontrados nos mercados do Brasil). Há também o Saithe, de coloração mais escura e sabor forte, mais indicado para preparações como recheios, bolinhos, ensopados e saladas (com carne desfiada). Por último, o Zarbo, com preço mais acessível e tamanho ideal para cortes tranversais. Além dos tipos de peixes, há também a classificação quanto à categoria do bacalhau: Imperial, que significa que o corte está ideal e que o peixe foi bem manipulado no processo de escova e cura; Universal, que classifica peixes com pequenos defeitos, porém sem alteração de paladar (que deve ser equiparado ao Imperial) e, por fim, Popular, que apresenta manchas e pedaços faltantes devido ao manuseio errôneo do arpão na hora da pesca.

Isto posto, justifica-se a importância dos restaurantes espcializados na iguaria indicarem a seus clientes a origem de seu peixe, pois há diferenças cruciais entre os tipos e seus respectivos valores. No caso da Esquina Portuguesa, foi me dito que o bacalhau utilizado é o Norueguês, logo, trata-se do legítimo e mais nobre bacalhau. E já que a estrela é de grande magnitude, nada mais óbvio do que caprichar nos demais ingredientes do prato, como azeite extra virgem, azeitonas portuguesas, batatas do tipo HBT e assim por diante. No cardápio, receitas tradicionais, como Bacalhau Gomes de Sá, Zé do Pipo, À Portuguesa, À Espanhola, gratinado ao Forno, grelhado... difícil escolher, pois as fotos são todas muito apetitosas. Os pratos podem ser todos para uma ou duas pessoas, porém o valor para uma pessoa corresponde a 60% do valor do prato para duas pessoas. Não há opções de pratos executivos de bacalhau e a porção para uma pessoa é gigantesca, até para mim, que sou um verdadeiro exemplo de saco sem fundo e nunca deixo sobrar comida na mesa.

Meu prato (o primeiro)

Escolhi o clássico Gomes de Sá, com postas ao forno acompanhadas de batatas, azeitonas e ovo cozido. O restaurante estava vazio e, mesmo sendo um prato de preparo mais demorado, a espera não foi grande. A porção para uma pessoa veio em uma travessa grande e não era só a batata que fazia volume, contei umas quatro postas bem carnudas de bacalhau ali dentro. O garçom me serviu, no melhor estilo das duas colheres - old school - e montou um prato de tamanho razoável, provavelmente não imaginando o apetite desta que vos escreve. Bela aparência das postas, com carne tenra dividida em lascas que se soltavam facilmente, atestando sua maciez. Batatas macias nadavam em bom azeite, acompanhadas dos ovos cozidos e azeitonas. Tudo bem saboroso, aprovadíssimo desde a primeira garfada.

O que sobrou após o primeiro prato

Fiz um segundo prato e, mesmo assim, sobrou o equivalente à metade da travessa. Ou seja, a porção para uma pessoa serve duas, tranquilamente. Imagino que a porção para duas sirva três (ou quatro sem muito apetite). Neste caso, o preço de 45 reais pelo prato se mostra uma verdadeira pechincha em tempos que se paga 50 reais por um picadinho em um restaurante da moda.

Simples, mas bem arrumado e agradável

O ambiente é simples mas o serviço é atencioso e cortês. O cuidado com os ingredientes mostram que há boa dose de know how por parte do dono. Trabalhar com matéria prima de qualidade (e com consequente custo elevado) exige conhecimento para não onerar o produto final. Deve ser por isso que a Casa do Bacalhau, o restaurante mais antigo do mesmo dono, está firme e forte no Guanabara há 13 anos.

Esquina Portuguesa
Rua Dona Maria Umbelina Couto, 650 - Taquaral
fone: 3251-8010
(fecha às segundas)

2 comentários:

  1. Eu curto so de visitar o blog e saber as novidades!!! o problema é limpar a baba do teclado depois ....o pc podia ter o cheiro .. imagina so!!
    Otimo post Mari!!
    Os textos são os melhores! Você tem o dom da coisa!!

    Bizu! :D sumido mas não esquecido!!!

    ResponderExcluir
  2. Bizu, vc definitivamente vai receber a medalha de fã número 1 deste blog... um dia faremos a entrega simbólica, prometo!
    Bjão!

    ResponderExcluir