domingo, 22 de janeiro de 2012

Revisitando o Lagundri



Não escondo de ninguém que adoro o Lagundri, sou fã mesmo, costumo ir sempre que surge a oportunidade. Falei sobre ele lá no comecinho do blog, há quase dois anos e, de lá pra cá, pouco mudou com relação à qualidade da comida. Tudo o que sai da cozinha é sempre muito bem executado, com ingredientes autênticos da culinária do sudeste asiático e fidelidade aos métodos de cocção originais. Nunca saí frustrada de lá, mesmo pagando um preço relativamente alto - também não é novidade que o Lagundri é um restaurante caro, falei sobre isso no antigo post.

O que notei de uns tempos pra cá foi que o serviço mudou e não foi pra melhor. Todas as vezes em que estive no Lagundri sempre fui muito bem atendida por pessoas que iam além das nossas expectativas, não só servindo com cordialidade e eficiência, mas também demonstrando vasto conhecimento do cardápio, desde os ingredientes dos pratos até as harmonizações corretas com as bebidas disponíveis. Atendentes sempre muito simpáticos e solícitos explicavam pacientemente aos que ainda não conheciam a casa detalhes como os níveis de pimenta e definições sobre os exóticos componentes dos pratos, como lemon grass, oytster sauce, curry paenang, etc. Na nossa última visita, porém, nosso atendente (um que não me lembro de ter visto antes por lá) teve um comportamento que defino como extremamente blasé. Passou o tempo todo de cara fechada, sem boa vontade nenhuma para explicar algum detalhe do cardápio que, por ventura, não soubéssemos - vale ressaltar que nossa mesa era composta de pessoas conhecedoras da culinária do sudeste asiático, inclusive meu irmão que já morou na Tailândia - ou seja, fico imaginando como seria o tratamento dele com aqueles que vão pela primeira vez ao restaurante, cuja cozinha exótica ainda é pouco conhecida da maioria dos brasileiros.

Espero sinceramente que a falta de motivação do atendente em nada tenha a ver com o fato de termos levado nossos vinhos - não sem antes ligar para o restaurante para me certificar se o serviço de rolha estava disponível - pois isso muito me decepcionaria. A rolha cobrada pelo estabelecimento é justamente para que o serviço seja o mesmo prestado no caso da escolha de um vinho da carta. Paga-se para utilizar as taças corretas, o balde de gelo, enfim, para que o vinho (e o comensal) receba o mesmo tratamento de quando se pede um vinho da carta. Como tínhamos levado dois vinhos distintos (um branco e um rosé), precisávamos que as taças fossem trocadas entre um vinho e outro, coisa que tivemos que pedir ao nosso garçom e este o fez como se fosse o maior favor do mundo, uma lástima (para constar, o serviço de rolha custa 30 reais por garrafa).

Como estávamos em cinco pessoas, decidimos pedir duas entradas para dividir enquanto aguardávamos pelos pratos. Fomos informados que a porção de Popia Tawt (os rolinhos primavera tailandeses) era composta por 6 unidades, mas os espetinhos Satai Kai tinham apenas quatro unidades na porção, ou seja, se quiséssemos um para cada, teríamos que pedir um adicional. Até aí, sem problema nenhum, mas depois notei na conta que o espetinho adiconal custou R$ 6,50 enquanto a porção inteira não passava de R$ 20,00... fiquei sem entender o motivo do espetinho adicional sair mais caro que os outros.



Ignorando a atitude do garçom, nosso foco era a comida - e que comida! Os espetinhos de mignon (que também podem ser de frango ou porco) são marinados em temperos especiais, o que confere extrema maciez à carne e vêm acompanhados do maravilhoso curry paenang, um creme picante com sabor acentuado de amendoim. Os rolinhos primavera são sequinhos e crocantes, com recheio levemente picante e acompanhados do indispensável sweet chilli.

Nossas escolhas de principais foram "ecléticas": eu fui de Mie Goreng, um prato indonésio composto de glass noodles com legumes, castanhas de caju e carne (de porco, no meu caso) puxados na wok. O maridão e a Renata foram de Pad Thai, que dispensa apresentações (nem sei como consegui resistir e não pedir o meu amado Pad Thai de sempre); mamãe foi de Ko Tao, um prato composto de cubinhos de mignon com bastões de gengibre, abacaxi, moyashi, oyster sauce e whisky, tudo na wok, acompanhado de arroz Thai Jasmine com sementes de papoula e carambola; meu irmão escolheu o Hoisin Prawns, camarões grandes na wok com legumes crocantes, castanhas de cajú e molho hoisin, acompanhados de Thais Jasmine.

Nem preciso dizer que a apresentação dos pratos é levada a sério no Lagundri, as fotos falam por si só. O ambiente em si já é quase afrodisíaco, quando combinado com o aroma e sabor dos pratos, a experiência se torna algo mais que especial. É disso que estou falando:

Mie Goreng - um prato simples em sua origem, mas delicioso no sabor e combinação de ingredientes

Pad Thai - o ponto de cocção perfeito dos camarões e lulas é o diferencial do Pad Thai do Lagundri

Hoisin Prawns - fartura de camarões e sabor intenso

Ko Tao - uma das boas opções do cardápio para os carnívoros

Não tenho uma única crítica quanto aos pratos, todos são executados à perfeição. E isso vale para todas as vezes em que estive no Lagundri, a cozinha é muito regular, nada de altos e baixos, somente altos. É uma pena que a sensação com relação ao serviço não tenha ficado à altura da excelente comida, mas ainda assim foi um fato isolado, que ocorreu em uma única visita dentre outras que já fizemos ao restaurante. É um lugar que cobra um valor alto, não só pela comida mas também pelo serviço e ambiente. Há pratos mais simples que custam algo em torno de 40 reais, mas os mais elaborados podem chegar a 70 reais. As entradas custam em torno de 20 reais e a maioria pode ser tranquilamente dividida entre duas pessoas.

Para quem gosta desta culinária tão rica ou para quem quer conhecer novos sabores e surpreender não somente o paladar, mas também os outros sentidos, o Lagundri é "O" lugar.

9 comentários:

  1. Ótimo post. Fiquei morrendo de vontade conhecer o restô. Na próxima vez que for a Campinas, o lagundri não me escapa :D
    bjos e boas garfadas
    Katia P.

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  2. Oi Kátia,
    o Lagundri é imperdível, vale cada garfada! Quando for, passe aqui para deixar suas impressões. Bjs!

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  3. Com certeza o Lagundri tá na minha lista dos melhores de Campinas. E olha que eu não sou fã de misturar salgado com fruta ou comida agridoce...mas no Lagundri, pode mandar qualquer coisa que eu devoro!!

    Ontem fui com a digníssima na cantina Fellini e gastamos mais ou menos o que costumamos gastar no Lagundri. E ambos com a mesma opinião: apesar de serem propostas totalmente diferentes, comemos muito melhor no Lagundri, sempre.

    Mari, sugiro um post sobre comida mexicana. Aí em Campinas só conheço o Don Miguel e o Si Señor...

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  4. Realmente, são propostas bem diferentes e não dá pra comparar, ainda mais em se tratando de um jantar a dois... quanto aos mexicanos, esses dois que você citou são os representantes mais conhecidos da cozinha mexicana, mas ambos são na linha tex-mex, uma cozinha americana com influência mexicana, por assim dizer. Tem um lugar que não vou há muito tempo, o El Tambo, que além da cozinha mexicana também representa a cozinha lationoamericana e tem traços mais autênticos do que os tex-mex citados aí. Vou fazer um tour por esses lugares e dou um parecer para a galera do blog. Abs!

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  5. Passei por uma situação muito desagradável no LAgundri na ultima visita. Era meu aniversário e fomos em 10 pessoas durante a semana, liguei e reservei a mesa. Fomos razoavelmente bem atendidos, durante o jantar, quando pedimos as sobremesas o restaurante estava lotado com algumas pessoas na espera e no exato momento que terminamos um dos atendentes chegou e jogou a conta na mesa sem entragar a nem um dos comensais e principalmente sem à termos pedido. Pretendíamos tomar um café mas após essa atitude no mínimo deselegante chamamos o gerente que não tomou nem uma providencia, aparentemente zombando da nossa reclamação, como se em 10 pessoas não tivéssemos consumido nada, o que não foi o caso já que todos pediram prato principal e sobremesa e inclusive algumas entradas. Isso faz uns 3 meses, tinha o costume de ir pelo menos 2 vezes ao mês, mas ainda não tive vontade de retornar.

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    1. Verena

      Tente se informar deste atendente e fa;a uma reclamacao para o dono do restaurante Marcelo Amaral ( dono da casa Lagundri em Curitiba ) , nao o Ricardo que e pessimo , mais ao verdadeiro dono, ele e super rigido com esta questao de atendimento !
      Um abraco Fernanda

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  6. Passei por uma situação muito desagradável no LAgundri na ultima visita. Era meu aniversário e fomos em 10 pessoas durante a semana, liguei e reservei a mesa. Fomos razoavelmente bem atendidos, durante o jantar, quando pedimos as sobremesas o restaurante estava lotado com algumas pessoas na espera e no exato momento que terminamos um dos atendentes chegou e jogou a conta na mesa sem entragar a nem um dos comensais e principalmente sem à termos pedido. Pretendíamos tomar um café mas após essa atitude no mínimo deselegante chamamos o gerente que não tomou nem uma providencia, aparentemente zombando da nossa reclamação, como se em 10 pessoas não tivéssemos consumido nada, o que não foi o caso já que todos pediram prato principal e sobremesa e inclusive algumas entradas. Isso faz uns 3 meses, tinha o costume de ir pelo menos 2 vezes ao mês, mas ainda não tive vontade de retornar.

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  7. Olá Verena,
    obrigada pela visita e pelo relato. Acho importante esse tipo de comentário, é aquela velha história: um cliente satisfeito fala bem do lugar para umas 5 ou 6 pessoas, em média; já um cliente insatisfeito fala sobre sua má experiência para umas 12 pessoas. Aqui você deve ter falado para umas 300 pessoas/mês.
    Um abraço,
    Mari Corali

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  8. trabalhei na cozinha do lagundri durante quase dois anos hj sou chef de cozinha na africa e tenho meus sinceros agradecimentos a esta familia maravilhosa abraços especias ao Marcelo amaral grande chefe. aprendizagem fantastica e uma experiencia profissional maravilhosa e inesquecivel. ASS Debettá Rost

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