domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mais uma revisita: Conte Restaurante



Dessa vez a revisita foi ao Conte, restaurante que tive oportunidade de conhecer durante a última SPRW (leia o post aqui) e que se mostrou digno de uma nova visita devido ao bom desempenho na ocasião do evento e menú interessante.

O ambiente do Conte é agradável e acolhedor, ao passo que o serviço é dos mais simpáticos e atenciosos. O sommelier, além de demonstrar bom conhecimento, dá boas sugestões sem citar apenas os rótulos mais caros da carta. Nossa última visita foi em um almoço de domingo, ocasião em que a casa não estava lotada mas havia mesas próximas ocupadas por famílias inteiras, porém sem causar desconforto acústico.

Detalhe da decoração do hall de entrada

Estávamos em três e decidimos pedir duas entradas, um ceviche de robalo e uma porção de bolinhos de batata inglesa recheados com ementhal e sálvia. Nos principais, fui de medalhões de mignon com risoto de cogumelos, o maridão escolheu o lombo de cordeiro em crosta de shitake acompanhado de risoto de limão siciliano e mamãe foi de bife de tira com farofa crocante e batatas salteadas. Na hora de explicar o ponto, dei ênfase ao meu mal passado para não ter surpresas.

As entradas chegaram e percebi que, mesmo esganada como sou, a porção era beeeem farta. O ceviche poderia ser tranquilamente dividido em dois e ainda assim teria quantidade suficiente para uma entrada normal. Os bolinhos vieram em porção de 15 unidades, tamanho ideal para dividir entre duas ou três pessoas.

O ceviche estava gostoso e com o frescor necessário ao prato, porém achei que faltou um tiquinho de harmonia na quantidade de cítricos. Talvez um pouco mais de cebola (ou até cebola roxa) resolveria a questão, mas foi algo bem sutil que não tira o mérito do prato, estava saboroso e macio, sem o temido gosto "peixoso" para um prato de pescado crú. Ponto positivo para as finíssimas torradinhas de pão italiano com azeite e ervas, super crocantes.

Ceviche farto

Os bolinhos de batata eram deliciosos, com recheio macio e cremoso contrastando com a casquinha crocante de gergelim. O molhinho à parte, um tipo de barbecue, dava o toque final às bolinhas que eram devoradas às pressas.

Bolinhos-delícia

Os principais não tardaram a vir, a cozinha do Conte tem bom ritmo. A apresentação dos pratos é caprichada e as porções têm bom tamanho. O garçom me pediu para checar se o ponto dos meus medalhões estava conforme o desejado e só de espetar o garfo já pude dizer que sim, estavam perfeitamente mal passados. Quanto à maciez da carne, um espetáculo, daquelas de cortar com as costas da faca. O risoto estava no ponto correto de cozimento e com boa quantidade de cogumelos (porcini e paris), cremoso e saboroso. A carne ainda tinha um leve molho rôti e pimentas rosa.

Medalhões com risoto de cogumelos

... conferindo o ponto perfeito

O lombo de cordeiro veio envolto em cogumelos shitake e estava extremamente macio, salgado na medida certa e sutil no sabor da carne. O risoto de limão siciliano também tinha ponto correto de cozimento e sabor na medida. Tudo equilibrado e gostoso, justamente como deve ser.

Cordeiro

O bife de tira (um corte especial de picanha) acabou sendo o coadjuvante do prato, uma vez que a farofa crocante com pedaços de linguicinha apimentada roubou a cena. A carne em si estava boa mas um pouco além do ponto (pedido ao ponto para mal passado), mas aquela farofa compensou tudo, coisa divina. Taí a prova de que um acompanhamento simples pode ser alçado à condição de estrela do prato quando bem bolado e executado.

A fantástica farofa acompanhada do bife de tira...

Muito satisfeitos ao final da refeição, não sobrou espaço para a sobremesa, apenas pedimos um espresso para cada. Legal receber um mimo com o café, uma mini porção de doce como cortesia é um gesto muito bem vindo (e bem visto!) em tempos de cafés a preço de sobremesas. Em alguns lugares nem aquele shot de água com gás acompanha o caríssimo cafezinho... ponto para o Conte.

O café e o mimo: mousse de chocolate branco com frutas vermelhas

Os preços são honestos. Entradas entre 20 e 30 reais (vale lembrar que a quantidade é para dividir) e principais em torno de 50 e 60 reais. Opções boas e acessíveis na carta de vinhos, cuja apresentação é simples e didática. Mais uma gentileza do restaurante é oferecer o estacionamento com manobrista como cortesia, coisa rara nos dias de hoje, principalmente em se tratando da movimentada rua Sampainho no Cambuí.

Definitivamente, o Conte veio para ficar e se estabelecer como um dos bons e bem conceituados restaurantes da cidade.

Conte Restaurante
www.conterestaurante.com.br
Rua Sampainho, 251
Cambuí – Campinas
fone: 3325 4155

4 comentários:

  1. Oi, Mari, acompanho o blog sempre. Acho muito joia! As dicas são super válidas. Li, aqui, e fiquei com uma dúvida: o que é um sabor "peixoso"? Quando peço um ceviche, gosto justamente do sabor do peixe "cozido" rapidamente no suco do limão pelo sabor do pescado estar presente. Acabei de visitar o La Mar, do chef Gastón Acurio (você conhece??), e lá pude provar 4 tipos de ceviche. Na mesa, tinha um texto muito bacana dele explicando a origem do prato e por que o sabor do pescado é essencial para se chegar ao resultado final, que muda dependendo, claro, do tipo de peixe usado. Nunca comi um ceviche tão bom :)
    E acho que não seria a cebola que daria essa "citricidade" (afinal, existe essa palavra?? fiquei confusa o.O) que você cita, mas tudo acho que entendo o que você quis dizer.
    Mas vai postando suas impressões sobre os outros redutos gastronômicos de Campinas, que eu estou louca para ler.
    bjos e boas garfadas
    Kátia P.

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  2. Oi Kátia,
    obrigada pela visita e comentário. Vamos lá, vou tentar exemplificar a questão do gosto "peixoso" - um termo, aliás, que não é técnico nem nada - mas que eu uso para exemplificar um gosto que seria ruim para o peixe. Um peixe fresco, principalmente quando é servido crú, tem que ter um gostinho de mar, algo que seja leve e fresco, mas que lembre mar. Já um peixe que não está tão fresco ou que não foi bem limpo, com resíduos de escamas, pode ter um gosto que lembra o cheiro da barraca de peixe da feira. Taí o sabor "peixoso", é o que você não quer sentir, principalmente quando se come sushi, que, diferentemente do ceviche, não tem todos os cítricos, pimenta ou cebola para disfarçar um eventual gosto forte de peixe. Deu pra sacar? Um abraço,
    Mari Corali

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  3. Oi, Mari, entendi, sim, seu ponto de vista... Nada pior que um peixe com gosto de barraca. O difícil é achar peixe realmente fresco por aqui, né, estando tão longe do mar... Uma pena!
    Mas valeu pela explicação, viu.
    bjos e boas garfadas,
    Kátia P.

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  4. Cara Mari,
    Você teve a capacidade de perceber pequenos detalhes no restaurante que na verdade são a essência do que sempre procuramos transmitir.
    Seu comentário sobre o "coadjuvante" que se torna o principal tem a ver justamente com uma das propostas do Conte,que é dar a importância devida à cada ingrediente que compõe um prato.
    Obrigada mais uma vez pela sua visita e quem sabe numa próxima oportunidade nos conhecemos pessoalmente.
    Abraços de toda nossa equipe,
    Rosana Conte

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