sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dia de festa: comemoração em grande estilo

Daí que ontem foi meu aniversário e, na hora de escolher onde iríamos comemorar, fui taxativa: vamos lá ver se o Le Troquet é tudo isso mesmo... para quem não sabe, o Le Troquet é um restaurante francês, campeão absoluto do título de "Melhor Francês da Cidade" e também do título de "O melhor da Cidade" pela revista Veja Campinas em diversas edições.



A casa fica no distrito de Sousas, logo na entrada, na marginal direita da avenida principal. A fachada, um muro com uma abertura onde se lê "entrada" e outra onde se lê "saída", que mais se parece com um motel é, na verdade, para preservar a privacidade de seus clientes. De fora não se vê quem chega e nem os carros estacionados. Um grande jardim com mini lagos e quedas d'água circunda toda a parte externa do restaurante e pode ser visto do interior, uma vez que as paredes contam com enormes janelas. Não sou eu que vou dizer aqui que o jardim só veio reforçar a idéia de semelhança com um motel, longe de mim...

O laguinho da entrada

Mas, ao entrar naquele ambiente austero, já se nota que a atmosfera tem algo de diferente: o lugar é escuro, recheado de objetos de decoração saídos de antiquários e peças de arte, recortado por paredes baixas que separam os ambientes e dão maior privacidade às mesas. As cadeiras são de couro marrom, estilo escritório dos anos 70, mas bastante confortáveis.

O jardim externo, visto da nossa mesa

Nossa reserva estava agendada para às 21h, mas chegamos um pouco antes. O lugar estava praticamente deserto, com apenas duas mesas ocupadas, e o garçom de fisionomia sisuda fez questão de nos colocar ao lado de outra mesa já ocupada. Oi? Precisava? Mas o lugar foi aos poucos enchendo, enchendo, até que ficou completamente lotado, com espera na entrada e no bar.

Ah, o bar. O Le Troquet Unique Bar é um capítulo à parte, merece menção pois é um dos bares mais interessantes que já vi, tem até pista de dança! A iluminação, juntamente com as paredes irregulares, passa a sensação de se estar em uma caverna de gelo. Tem clientes que vão ao Le Troquet para ficar pelo bar mesmo, que conta com cardápio próprio. Belíssimo...

Mas vamos aos trabalhos: primeiro, a carta de vinhos e um espumante seria indispensável para brindar ao grande dia (modéstia não é meu forte), mas as francesas estavam beeem caras (nenhuma por menos de R$ 350,00). Optamos por um prosecco Valdobianne (R$ 89,00) que não fez feio, servido geladíssimo, fui com ele até a sobremesa. O maridão quis um tinto para acompanhar seu prato de carne e as opções de meia-garrafa eram boas. A escolha foi o chileno Villa Montes, um cabernet sauvignon que saiu algo em torno de R$ 47,00 (meia-garrafa).

O Menu, elaborado pela dupla de chefs Henri Sauveur Hirigoyen e Gerard Jehanno, traz pratos da cozinha francesa tradicional, incluindo ingredientes clássicos como foie gras, escargot e vieiras. Como gosto de explorar ao máximo o melhor da cozinha de cada restaurante, costumo escolher pratos que tenham a identidade do chef ou que sejam considerados especialidades da casa. De entrada, escolhi um voul-au-vent de vieiras com molho de champagne - uma espécie de cestinha de massa folhada com recheio cremoso. Mamãe foi de alcachofras na manteiga.

Vieiras em grande quantidade, estouravam na boca de tão frescas. Sou apaixonada por vieiras, mas no Brasil não é em todo lugar que se encontra essa delícia. Não saiu barato (R$ 47,00), mas valeu cada garfada.

Tenros fundos de alcachofra, o sabor ficou por conta da manteiga com ervas.

As opções de pratos principais privilegiavam os peixes e as carnes. Eram várias opções de linguado, abadejo, salmão, truta, haddock, camarões e lagostas. Nas carnes, filés de todas as formas: medalhões, chateaubriand, tornedor... mas os acompanhamentos para as carnes são sempre os mesmos: cenouras, batatas e um creme de espinafre. Há também opções de cordeiro, pato e galinha d'angola.

Como eu já estava em companhia dos amigos do mar, escolhi uma massa com camarões, vieiras e lagosta com molho de champagne. O ponto da massa estava al dente, o molho de champagne era extremamente saboroso, mas os frutos do mar vieram em pedaços, o que tira um pouco do prazer de sentir a textura de cada um, que é fator muito importante para este tipo de alimento. Principalmente no caso das vieiras, pois seus pedaços acabaram se confundindo com o restante.



Mamãe foi de chateaubriand com molho bernaise, um corte bem alto de mignon com um molho que tem como base estragão, cebola, vinagre e vinho. A maciez da carne era evidente, e o ponto veio exatamente como o pedido.

Apesar do péssimo foco da foto, dá para notar a altura do filezão?

O maridão, apesar da tendência de SEMPRE pedir cordeiro onde quer que ele vá (já deu pra perceber pelo blog, não?), acabou se rendendo às minhas orientações e foi de Filé com molho de pimenta verde e fungi. Como ele come carne extremamente mal-passada, assim como eu, na hora de pedir o ponto ele usou uma expressão francesa, "bleu", que além de azul quer dizer bem mal-passado. O garçom, aquele mesmo da fisionomia sisuda, fez um ar blasé e virou as costas. Aliás, aqui cabe uma nota sobre o serviço: já vi melhores... para um restaurante deste nível, o serviço tem que ser quase onipresente, sem que seja necessário procurar pelo atendente. E, quanto à simpatia, nota zero. Totalmente impessoal, nem um sorriso, nem uma atitude pró-ativa de sugerir alguma especialidade, nada. Minha referência para comparação é o Fasano, em Sampa, onde fomos maravilhosamente atendidos. O garçom gostou tanto da gente que até nos levou para ver a cozinha, através de uma vidraça que, ao toque de um botão, ficava transparente, permitindo visualizar o interior da cozinha. Bom, mas voltando ao Le Troquet...

Filet Au Poivre Vert: pena que a pimenta verde acabou se perdendo em meio ao sabor do fungi.

Para a sobremesa, não nos restava muito espaço em nossos estômagos satisfeitos. Aliás, nos supreendemos novamente com as porções fartas para um francês. Acho que o conceito que temos na cabeça já era, agora os franceses servem quantias italianas...
Mas para não perder o hábito, o maridão e eu decidimos dividir um Créme Brûlée (alguém aí se lembrou da expressão "insisitir no mesmo erro"?) e, mais uma vez, acertamos em cheio. Estava um verdadeiro espetáculo, extremamente cremoso, com o açúcar na medida certa, contrastando texturas e temperaturas: cremoso x casquinha de açúcar, quente na superfície x gelado no fundo.

SUBLIME...

Na hora da conta, já esperávamos pelo estrago. É um restaurante caro, mas também não poupamos nas nossas escolhas e uma comemoração pede um pouco de "relaxamento". O total foi de R$ 489,00, em três pessoas, com 2 entradas, 3 pratos principais, uma sobremesa, prosecco e meia-garrafa de tinto. Uma sugestão para provar especialidades sem precisar deixar uma fortuna é pedir duas entradas ao invés do prato principal, pois são inúmeras opções e as porções não são pequenas. Mas cuidado, pois há opções de entradas que chegam a custar mais que o um prato principal...

No final da noite, sentimos que a escolha do Le Troquet para nossa comemoração havia sido certeira, pois não há como negar que é um restaurante que se destaca do restante da cidade. Não posso afirmar que trata-se do melhor da cidade, mesmo porque é complicado falar em termos absolutos. Mas é um ícone, de certo, digno de sua fama, que faz valer a visita e o investimento.

Le Troquet Cuisine Française
www.letroquet.com.br

6 comentários:

  1. Mari, o post ficou excelente... Realmente não se pode deixar de visitar este ícone de Campinas, e, é claro também que concordo com todas as ressalvas descritas no post. A comida é excelente, mas tem alguns detalhes que eu não perdôo em um restaurante deste nível. Porra! Afinal são ~R$ 160,00 por pessoa, não é nada barato... Enfim a experiência foi ótima, principalmente por comemorar seu grande dia! Mas pensaria 2x antes de voltar... Você sabe como eu sou, no dia-a-dia acho que daria para comer em outros lugares com qualidade semelhante e pagar menos.
    Beijão, Parabéns pelo aniversário e pelo Blog!
    Te amo!
    O Maridão!

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  2. Depois dessa nem fico mal por ter jogado o Fogo de Chão na conta da Dra. Nilza Corporations!!!

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  3. Miguel, fui no Fogo de Chão essa semana e só posso te afirmar uma coisa: se eu estivesse morando nos EUA como vc, certamente este seria meu investimento semanal... carne e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r, não tem pra ninguém...

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  4. Além da conta, do que mais o Jonas não gostou?

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  5. Ah Xana, vc conhece a figura... ele acabou pedindo um prato que não tem nada de espetacular mesmo, então rolou aquela sensação de pagar muito por algo que não é tudo isso. No meu caso, comi uma prato especial, que estava divino e achei que valeu o que custou. Essa é a razão de nossas opiniões serem um pouco diferentes sobre o mesmo lugar.

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  6. Mari,
    Você é sensacional!! Soube verbalizar cada mínimo prazer de comer bem... Foi um deleite fazer uma pausa no trabalho pra saborear em pensamento tantas coisas gostosas!! Só me falta um cardápio desse no fim de semana, aí a alegria ta completa!!
    Seu blog arrasa!!
    Sucesso!!!

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