quinta-feira, 18 de março de 2010

Churrascolândia

O conteúdo do post de hoje se assemelha ao da saga em busca da feijuca perfeita, porém o tema é outro: Churrascaria.



Existem diferenças entre os estabelecimentos denominados "Churrascaria", portanto, vamos logo esclarecer alguns pontos:

Churrascaria-Rodízio: o famoso "espeto-corrido", sistema no qual as carnes desfilam aos olhos dos comensais, é o meu favorito. Logo, é o que tem menos oferta em Campinas.

Churrascaria (e somente churrascaria): em Campinas existem diversas casas que servem churrasco, porém no sistema à La Carte. Ou seja, é como pedir um prato qualquer, só que feito na churrasqueira. O mais incrível é que sempre uma dessas casas leva o título de Melhor Carne pela publicação da Veja Campinas.

Costelaria: é uma churrascaria especializada em costela (de boi), mas que serve outros tipos de carne, também à La Carte.

Steakhouse: churrascaria no estilo americano, ou o famigerado Outback, no caso.

Já que o sistema que mais gosto é o rodízio, falemos primeiramente dele. Sempre que tenho vontade de comer em uma boa churrascaria, lembro-me que em Campinas não há um rodízio que me deixe plenamente satisfeita. Não em termos de quantidade, mas em termos de qualidade. Por exemplo, o atendimento em um rodízio tem que ser atencioso ao ponto de se respeitar as preferências dos clientes, no que diz respeito ao ponto da carne e aos tipos de corte. Se eu gosto de carne mal-passada e deixo isso claro cada vez que o garçom me traz aquela picanha carbonizada, ele tem que me trazer a carne no ponto que eu desejo. Isso em uma churrascaria deveria ser padrão, mas infelizmente, não é o que costuma acontecer por aqui.

Nem na Montana Grill, que já foi boa um dia, mas hoje está um tanto quanto decadente. Isso porque é um dos rodízios mais caros da cidade e não oferece um décimo do que uma churrascaria similar em São Paulo oferece. O atendimento é péssimo, jamais respeitam o ponto da carne e, se me perguntam quais os cortes da minha preferência, não sei o que eles fazem com a resposta, porque nunca me trazem o que eu peço. É sempre aquela maldita sequência de todo rodízio meia-boca, que consiste basicamente em frango, lingüiça, coraçãozinho, fraldinha, alcatra, picanha, fraldinha, alcatra, picanha, cupim, pintado na brasa e tender com abacaxi. Quando aparece um cordeiro ou um mignon com alho, é bom pegar uns 4 pedaços de uma vez, porque eles jamais aparecerão de novo, mesmo implorando a qualquer um que se aproxime da sua mesa (eles lançam aquele tradicional "já vou trazer" e depois, fingem que nunca te viram na vida). O buffet de saladas e acompanhamentos até que tem bastante variedade, mas o que deveria ser o mais importante, que são as carnes, deixam muito a desejar. O preço por pessoa é algo em torno de R$ 50,00.

Outro dia fui conferir um rodízio que abriu perto da firrrma, para nossa aparente alegria. Obviamente, chamei meu parceiro Xana (que também se esbalda numa boa Churrascolândia) para conferirmos se teríamos mesmo um oasis gastronômico a poucos minutos do trabalho. Apesar de ficar em um posto de gasolina na estrada (o que já remete à idéia de muquifo), fizeram um lugar todo cheio de pompa, com fachada em aço escovado, vidros grandes e piso de granito. O gerente bonachão fica na porta dando as boas-vindas no melhor estilo interiorano - "Olá meus amigos, tudo bão? Mesinha para dois? É pra já!" - muita simpatia na recepção, mas não passa nas mesas perguntando se está tudo bem. O buffet de saladas e acompanhamentos parece bom à primeira vista, mas se algum rechaud fica vazio, eles demoram uma vida pra repor. Aí você volta para sua mesa, porque o que realmente importa são as carnes, certo? Pois é, vem um tipo a cada 5 minutos, mais ou menos. E o garçom chega murmurando do seu lado, com uma baita má vontade e uma faca na mão, o que me tira um pouco a coragem de reclamar do serviço. Um deles, responsável por servir o "risoto de palmito" (entre aspas porque é óbvio que não era um risoto), me ofereceu estando do outro lado da mesa, e não ao meu lado. Quando eu disse que queria, ao invés de vir do meu lado, ele simplesmente esticou o braço sobre a mesa, com a colher cheia de arroz, para colocar no meu prato com aquela sutileza. Daí que meu refrigerante ficou com arroz boiando e ele fingiu que não viu, assim como o outro garçom que trocou a bebida, porém cobrou pela mesma. Lixo ou não? E o sonho do oásis gastronômico do lado da firrma terminou... Ah, o nome do posto é Garcia, logo, o nome da churrascaria é Garcia Grill.

Outro lugar que tem fama na cidade é o tal do Matuto, um rodízio de tudo, não só de carnes. Foi lá que fui apresentada à iguaria "coração à milanesa", um coraçãozinho de frango empanado e frito que, quando espetado com o garfo, lança um jato de óleo pela artéria. Um colega que estava na mesa pegou a salada com camarão do buffet. De repente, ele levantou-se e foi correndo no banheiro. Perguntamos o que havia acontecido e ele disse que foi cuspir o camarão, pois logo que colocou na boca sentiu um gosto forte de amônia. Medo! Não preciso nem continuar o relato, certo? Mas o pessoal local adora o lugar, portanto talvez este tenha sido um dia infeliz ou eu seja mesmo muito exigente. A questão é que não tô afim de ir tirar a prova, tudo bem pra vocês?

O Coxilha Grill, em Barão Geraldo, foi palco de uma confraternização da firrrma há alguns anos. Não sei se foi por causa da mesa com quase 30 pessoas ou se é padrão do lugar, mas para se conseguir uma bebida, era preciso gritar para o garçom quando ele passava, dar vexame mesmo, senão ele ignorava totalmente os apelos. Lá também fui apresentada a outra iguaria, tão estranha quanto a do Matuto: Quitute de Frango. Era um prensado de carnes de frango com tempero, formando algo semelhante a um cilindro. Picanha era luxo... Sinceramente, não voltei mais para saber se aquela situação foi uma circunstância isolada, mesmo porque quase arrumei briga com um garçom que foi muito mal-educado (eu, que sou tão paciente, imaginem).

Ainda não conheço outros dois rodízios da cidade: Hereford's e Gran Ville. A visita já está programada para que eu possa relatar aqui no blog. Se alguém quiser opinar, à vontade. Mas algo me diz que não serei feliz, dado o meu histórico acima relatado.

Quanto às churrascarias à la carte, falarei em um próximo post sobre o Cenário, Red Angus, Baby Beef, Hirata, Colonial Grill e Carro de Boi.

Montana Grill
www.montanagrill.com.br

Garcia Grill
www.garciagrill.com.br

O Matuto
www.omatuto.com.br

Coxilha Grill
(não possui site próprio)
Rua Projetada, 2701
Santa Genebra, Campinas
(fica no famoso Tapetão)

Obs.: o termo Churrascolândia do título do post refere-se a um episódio do extinto
humorístico Hermes & Renato, no qual o pessoal enaltece todos os clichês envolvidos na experiência gastronômica que é visitar uma autêntica churrascaria. Caso você goste de humor tosco, vale à pena ver o vídeo. Segue caminho do youtube:

www.youtube.com/watch?v=pTn3PfQC7sk

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Mari! Confesso que estava ansioso por este post! Primeiro para rever o video do Hermes e Renato que eu "racho o bico", segundo porque é inacreditável uma cidade como campinas não ter uma churrascaria tradicional boa!
    Espero que algum empreendedor da região faça tal investimento... torço para que aconteça!
    Excelente post!
    O Maridão

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  3. Nossa quando eu vi coxilha grill falei vou postar!! Lá foi local de confraternização como vc disse do trampo (me diga quem foi o cara que escolheu lá pois deve ganhar comissão nao eh possivel) O local tem um pessimo serviço !!! pessimo mesmo ...os caras eram praticamente surdos ..pois vc pedia uma coisa vinha outra totalmente diferente... e o final ficou engraçado ate pois demorarm meros 40 minutos para trazer a sobremesa.. (um creme de papaia) que na minha opinião foram plantar e colher... Concordo plenamente contigo .. em campinas falta uma boa churrascaria !! e concordo com o Jonas isso é inacreditavel ... que nem diz Boris.. ISSO ´E UMA VERGONHA!! RSSRSR Bjus
    O fã do seu Bolg

    Bizutti

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  4. Oi Bizu! É verdade, você estava presente naquele fatídico dia da confraternização no Coxilha... foi muito vergonha alheia! Pelo menos alguém que não me deixa mentir, né?
    Valeu pelo comentário!
    bjs
    Mari

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  5. Mari. Conheci o teu blog quando comprei a Vejinha Campinas e li a lista dos jurados. Estou gostando bastante. Também tenho um blog que está abandonado por um acesso de preguiça que eu achei que duraria pouco e já se vai mais de um ano. Escrevo (ou escrevia) sobre cinema, livros e música e, de vez em quando, me atrevia a escrever sobre comida. O endereço é baudetranqueiras.blogspot.com.br mas o motivo de meu comentário é o tema deste post, ou seja os rodízios. Tenho uma certa atração por eles que beira o vício. Compartilho sua opinião a respeito de todos os que você comentou, mas acabei encontrando um que tem me agradado bastante, com a vantagem que fica no bairro onde moro. Trata-se do Estância em Barão Geraldo. Já foi lá?

    Um abraço,

    Arnaldo.

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    Respostas
    1. Olá, Arnaldo. Seja bem vindo ao blog e obrigada pelo comentário - e pela dica! Vou dar uma olhada no que você já postou no seu blog, entendo totalmente essa preguiça que bate às vezes, quase incontrolável. Já tive longos períodos sem postar em decorrência dessa preguiça e também de um certo desânimo, principalmente quando vem algum espírito de porco deixar comentários imbecis por aqui. Mas nada que um blogueiro não tenha que superar! Espero que você reencontre seu estímulo para voltar a escrever seu blog, é muito legal perceber que tem gente por aí lendo o que postamos. Vou checar o Estância, valeu! Um abraço

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