terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais do mesmo: o "deja vu" das cantinas

Alô? Alguém por aqui? Pessoal, desculpem pelo sumiço, mas este blog exige uma boa dose de dedicação para que seja feito conforme a premissa e, ultimamente, não tenho conseguido o tempo necessário para me dedicar a ele tanto quanto eu gostaria... acontece que nas poucas horas livres que têm me restado nos últimos dias, acabo pedindo comida em casa ou indo aos lugares nos quais não terei surpresas, mas dos quais já falei por aqui, então prefiro não chover no molhado.
Inclusive, em prol de expandir o conteúdo do blog, na semana passada recebemos visitas de Sampa que pediram para ir a uma cantina, mas ao invés de levá-los ao sempre certeiro Fellini, decidi que iria experimentar um lugar até então desconhecido por mim: Cantina Brunelli.

Perdi as contas de quantas vezes, ao passar pela Júlio de Mesquita, olhei para este restaurante e me perguntei por que nunca tinha ido lá ou ouvido alguém falar dele, já que está ali há tantos anos, no mesmo lugar. Fato é que a gente acaba se "viciando" em certos lugares e não abre a mente para novas experiências, mesmo que seja para saber que não vale a pena voltar.

Já passava das três da tarde quando chegamos ao local e, mesmo com o adiantado da hora, fomos muito bem recebidos. O ambiente é típico de cantina, com pequenas salas divididas por passagens em arco, garrafas pendendo do teto e muitas fotografias nas paredes. Assim como o couvert, com a sempre presente cestinha de pães italianos e de ervas, além da manteiga em bolinhas, azeitonas pretas, sardela e patê de ricota.

Salão típico

Couvert típico também...

Ao me deparar com as opções do menú, pude perceber que as semelhanças entre as cantinas causam um certo tédio na hora da escolha dos pratos, porque não há nada ali que surpreenda ou cause uma expectativa para saborear algo novo ou inusitado. Lógico que uma cantina deve seguir um "script" para que seja classificada como tal, mas talvez a inclusão de pratos inusitados e/ou criativos possa render um crédito ao estabelecimento que o diferencie dos demais na hora da escolha do restaurante.

Já ia escolhendo meu prato, o mesmo que gosto de pedir no Fellini e que utilizei como referência para avaliar o Artesanalli, mas me detive pois encontrei um outro peixe que me pareceu novidade nas cantinas: Filé de truta com creme de limão siciliano, acompanhado de risoto de limão siciliano. Já me animei por ter feito uma escolha menos "standard" e por sentir aquela expectativa gostosa por saborear um prato que poderia sim me surpreender.

Os demais pediram massas, como o fetuccine com molho de tomates e calabresa, o polpetone com fetuccine na manteiga e um agnoloti recheado com ricota, nozes e passas, gratinado ao molho branco. A carta de vinhos não nos pareceu muito variada, com opções de rótulos um tanto quanto restritas e poucos com boa relação custo x benefício.

Quando os pratos chegaram, pude notar que as porções variavam entre generosas e nem tão generosas, pois as massas vieram em boa quantidade, mas meu peixe veio em um filé um tanto quanto "magro" demais, mais semelhante a uma porção de almoço executivo e não de um prato cujo valor é de 35 reais. O agnoloti era para duas pessoas e veio em uma grande cumbuca de barro. O polpetone era grande e a quantidade de massa era farta. O fetuccine com calabresa veio em um prato fundo não muito grande, mas que foi suficiente para a fome do maridão (que, diga-se de passagem, come bem menos que eu...).

Sobre o peixe, o filé de truta estava saboroso e tenro, mas no limite do ponto de cozimento, um minuto a mais o deixaria ressecado. O creme de limão siciliano poderia levar um pouco mais do caldo do limão e não somente as raspas da casca, o que daria mais personalidade ao prato. Já o risoto não deveria ser chamado de risoto, já que não era feito com arroz arbóreo ou carnaroli, mas sim com o arroz normal. Na minha opinião, um restaurante italiano, seja cantina, trattoria, osteria, ou qualquer outra derivação, tem por obrigação moral utilizar o arroz correto para um risoto. Ou então, que não chame de risoto no cardápio, porque pra mim, isso pega bem mal.

Meu peixin magrin...

Quanto às massas, todas estavam boas, mas o destaque foi a de calabresa, que combinava perfeitamente com o molho de tomates e tinha pimenta na quantidade ideal. O polpetone estava bem gostoso, com bom equilíbrio de carne e queijo, mas na minha opinião, a massa deveria ter um belo molho sugo, para contribuir com a rusticidade do prato. O fetuccini na manteiga torna-se muito leve para um polpetone imponente, que parece meio "abandonado" no prato sem a companhia dos tomates. O agnoloti estava excelente, leve, apesar do molho branco abundante, porém nada enjoativo. O ponto de cozimento da massa estava corretíssimo e a combinação da ricota com nozes e passas deixou tudo mais suave e delicado.

A boa pedida: massa com calabresa

Olha ai o polpetone reinando absoluto...

Agnolotti

De sobremesa, um petit gateau (que estava mais para grand gateau), acompanhado de sorvete e chantilly, fez a alegria da mesa inteira. Naquele momento, sem poder afogar as mágoas em um bom doce (sim, momento detox), só conseguia pensar que até a sobremesa me parecia mais farta que meu prato.

Petit era meu peixe, esse gateau era grand...

Quanto aos preços, as massas variam bastante conforme os ingredientes, mas pode-se dizer que o valor de um prato individual gira em torno de 30 reais, quanto um prato para duas pessoas varia entre 50 e 60 reais. Peixes e pratos com frutos do mar são mais caros, em torno de 35-50 reais.

Em suma, a Cantina Brunelli me parece que já conquistou uma clientela fiel, que se mostra satisfeita com o que é oferecido pelo restaurante, sem a intenção de inovar ou surpreender. Mas para o caso de novos clientes, pessoas que assim como eu buscam novas alternativas para um segmento que tem bons representantes na cidade, fica aquela sensação de deja vu...



Cantina Brunelli
Avenida Júlio de Mesquita, 1057
Telefone: 3325-9500

2 comentários:

  1. E aí, quando vão rolar os posts glamour de BAs?

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  2. No fim de semana vou postar, tem bastante coisa legal... "lujo total" é o termo! hahaha... besos!

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