quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A farra portenha - Parte 2: Le Sud



Continuando com a nossa farra portenha, na segunda noite em Buenos Aires fomos conhecer o restaurante francês do Hotel Sofitel - que, por sinal, é belíssimo e muito bem localizado, pertinho do Pátio Bullrich - o Le Sud.

À primeira vista, parecia que as coisas não iam muito bem, já que o lugar estava absolutamente vazio. Mas os portenhos têm a boemia como herança dos espanhóis e costumam jantar bem tarde, por isso não nos precipitamos em achar que o restaurante estaria em baixa.

Serviço impecável e ambiente idem. Cardápio enxuto, com poucas opções de entradas e pratos principais, mais semelhante ao menu de um bistrô. Logo que vi o tal ovo mole com trufas negras nem terminei de checar as opções de entrada, pois já tinha meu eleito. De principal, quis experimentar a truta rosa da patagônia, como forma de enaltecer os ingredientes locais.

O couvert era simples e mínimo em termos de quantidade, com patê de azeitonas pretas, azeite virgem com pimenta rosa e pãezinhos fresquinhos, além de um hommus em porção individual.

Até aí, tudo padrão. Mas quando colocaram o ovo na minha frente, fiquei sem entender como pode um ovo com gema mole ser empanado e frito! As trufas negras estavam salpicadas em um crostini de parmesão e sob o ovo, um sautée de cogumelos. O prato ficou ainda mais bonito quando cortei o ovo e deixei aquela gema dourada e gelatinosa escorrer sobre os cogumelos. As trufas eram "das boas", com aroma e sabor super potentes. Uma entrada realmente surpreendente, tanto é que perguntei à nossa atendente como eles descascavam, empanavam e fritavam um ovo tão mole, e a resposta veio com um sorriso: "es difícil, muchos se los rompen!"

Como?

Ah, tá! Por mais afinidade que eu tenha com as panelas, não me aventuro a fazer um desses em casa, não...

A truta rosa da patagônia veio acompanhada de risotto "frito" de açafrão, que nada mais era que um risotto enformado e dourado no azeite... interessante, mas eu prefiro o tradicional, cuja textura e sabor fazem com que nada mais seja necessário para deixá-lo delicioso. Já a truta era delicada, muito fresca e saborosíssima - principalmente na parte da pele, bem fininha e tostadinha, tal qual um torresminho do mar.

Truta da Patagônia

Para finalizar, não poderia deixar de provar o suflê de chocolate, já que estávamos em um restaurante francês. Inclusive, na hora dos pedidos eles já nos avisaram que deveríamos pedir o suflê com antecedência, devido ao tempo de preparo. Mesmo que tivéssemos que esperar os 30 minutos do preparo após o fim da refeição, teria valido à pena. Fofíssimo, o suflê era visivelmente feito com chocolate de primeira, intenso e com pouco açúcar, do jeito que eu gosto. Uma bolinha de sorvete servia para brincar de quente-e-frio, ainda mais com o creme fumegante que fora colcado no interior do doce, à nossa frente. Sublime, atestando que o Le Sud é um autêntico francês.

Gran finale!

Os valores não são nada exorbitantes, entradas em torno de 40 pesos (cerca de 20 reais), principais em torno de 80 pesos (cerca de 40 reais) e o suflê saiu por 50 pesos (25 reais).

Ao final do jantar, o restaurante já contava com umas 10 mesas ocupadas, o que nos deixou aliviadas, afinal de contas, a cozinha merecia créditos. Saímos satisfeitas, com a sensação de que encontramos mais um bom lugar em meio a tantas ótimas opções na capital portenha.

Le Sud - Hotel Sofitel
Arroyo 841 , BUENOS AIRES, ARGENTINA

2 comentários:

  1. Mari, como eu sou bem chato, me sinto na obrigação de te lembrar que truta é peixe de rio...logo, torresminho de rio. Ou de lago..que me lembra a truta "salmonada" do Titicaca que comi uma vez...seria a mesma coisa que essa truta rosa?
    Bjo

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  2. You're damn right... ai, detesto gente detalhista... hehehe... acho que deve ser a mesma variedade da sua truta salmonada do Titicaca (Titicacaaaa, conforme aquele guia da Rê, lembra da história?), já ouvi também falarem "truta-salmão" aqui no Brasil...
    besos

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