quarta-feira, 26 de maio de 2010

Em Manhattan, vá de Keith McNally - não tem erro!

Quando se fala em NY, é impossível definir uma lista enxuta de bons restaurantes para conhecer na cidade. As boas opções são infinitas e chega a dar uma angústia na hora de definir quais escolher para o determinado número de dias da viagem. Mas uma coisa é certa: assim que marcar sua passagem, defina e reserve. Isso porque os bons restaurantes de Manhattan são competidíssimos, com listas de espera para reservas e dificilmente aceitam "walk ins", ou seja, quem chega sem reserva e quer uma mesa (aceitar eles até aceitam, mas a espera pode ser de horas e podem te colocar para jantar no balcão do bar).

Uma boa dica é o site www.opentable.com , que permite reservar online para a maioria dos restaurantes da cidade, com confirmação por e-mail, tudo muito simples e rápido. Mas para os que não estão disponíveis no site, não tem jeito mesmo, é passar a mão no telefone e gastar uns trocados a mais com ligações internacionais.

Foi este o caso quando optei pelo Minetta Tavern e Morandi, dois restaurantes do fenômeno chamado Keith McNally. Fenômeno porque o cara consegue abrir lugares em Manhattan que, além de se tornarem hot spots imediatos, são sucesso absoluto de críticas e duram por anos, o que é tarefa dificílima em uma cidade como NY. Além do faro para o que "pega", ele foi o responsável por dar fama a vizinhanças quando ninguém falava delas, caso do Meatpacking District e de Tribeca, com casas renomadas como o Pastis, Pravda, Balthazar, Shiller's, das quais todo mundo já ouviu falar.

O Minetta eu já conhecia de outra viagem, mas queria levar o maridão e meu irmão lá também, porque o lugar tem comida excelente e ambiente pra lá de bacana, parece uma balada mesmo. O Morandi eu queria conhecer por ser mais uma casa badalada do McNally, mas com cardápio de uma tratoria rústica italiana, o que me interessa muitíssimo.

Reservas feitas, o primeiro deles foi o Morandi, numa noite de terça-feira que mais parecia sexta, de tanta gente que lotava a entrada do restaurante, que fica no Greenwich Village. O som alto, o bar lotado e a espera pela mesa (mesmo tendo reservas) chegam a incomodar um pouco e você tenta se lembrar se veio para jantar ou para a balada, mas o setimento logo passa quando você se senta e começa a fuçar no menú, que e enxuto mas com opções que tornam a escolha certeira, como esta entrada: alcachofrinhas fritas no azeite e azeitonas verdes recheadas com linguiça, empanadas e fritas.



Se ficou difícil de imaginar como é a azeitona, a foto facilita.

Já que estamos falando de uma tratoria, nada melhor do que pedirmos uma massa. A do maridão tinha um ingrediente que nós não sabíamos o que era e a garçonete não conseguiu nos explicar, então foi na base da surpresa que descobrimos que Urchin era, na verdade, ouriço do mar e que a massa estava divina. Além do ouriço, tinha carne de carangueijo. A minha massa era com vôngoles, que vinham na concha mas eram enormes e carnudos (as fotos não ficaram muito boas, mas dá pra ter uma idéia):

O inevitável "não sei o que é mas tá gostoso" da massa com ouriço do mar (se eu tivesse um I-phone, teria jogado no google na hora).

Vôngoles gigantes

De sobremesa, não poderia ter pedido outra coisa a não ser os cannoli, aqueles canudinhos de massa crocante com recheio de mascarpone com pistache (ou com chocolate) que eu tanto amo e quase nunca encontro por aqui.

Canudinhos de felicidade

A comida do Morandi é boa, sem exageros mas certeira no que se propõe. O ambiente pode ser um pouco desconfortável devido ao ruído causado pela mistura entre música alta e gente tentando falar mais alto ainda. As mesas são pequenas e o espaço entre elas é mínimo, então quem passa pode esbarrar em você, o que também pode ser irritante. Isto posto, recomendo o Morandi para quem quer aliar uma boa experiência gastronômica a um lugar bem frequentado e agitado, ao estilo dos novaiorquinos.

Já o Minetta Tavern, outra casa do restauranter e clássico do Village, pode ser definida como uma mistura de bistrô parisiense com taverna e steakhouse retrô, dando a impressão de que se está em um lugar ao mesmo tempo vibrante e caótico. Como o cara não dá ponto sem nó, a intenção é essa mesmo, de criar um ambiente que passe a sensação de que a lotação e agitação do lugar tornam-o ainda mais exclusivo para quem tem a oportunidade de conhecê-lo. Para se ter idéia do que estou falando, mesmo tendo ligado com quase um mês de antecedência, minha reserva ficou para às 11h da noite, o que é bem tarde para um restaurante em NY (taí uma coisa intrigante, em uma das maiores e mais importantes metrópoles do mundo, os restaurantes fecham cedo).

Chegamos um pouco antes das 11h e após falar com a hostess, ainda tivemos que esperar uns bons 20 minutos pela mesa. O bar estava impraticável, não dava nem para chegar perto do balcão, mas com um pouco de paciência conseguimos pedir nossas bebidas. Outro detalhe importante é que, nos EUA em geral, quando se pede uma bebida no bar do restaurante, mesmo que se esteja esperando por uma mesa, é preciso pagar no bar mesmo, não tem essa de lançar na conta junto com a refeição. E tem mais um detalhe: não se esqueça da gorjeta para o barman (uns 2 dólares por bebida está de bom tamanho).

Após sermos acomodados em meio àquela agitação toda, um olhar mais minucioso denuncia a frequência do lugar: pessoas do meio teatral, excêntricos convictos, casais jovens e de meia-idade, não necessariamente de gêneros opostos, homens de negócios esticando o happy-hour, belas mulheres em trajes arrasadores, enfim, uma fauna bastante diversificada e complexa, que não permite rótulos pré-definidos.

O menú é enxuto, compacto para caber somente os clássicos de uma brasserie, combinados com os pratos "antiquados" de uma taverna em decadência, mas nada que não seja extraordinariamente gostoso e bem feito (vale mencionar que estão por trás da cozinha os dois ex-chefs do Balthazar - outra casa de sucesso initerrupto do McNally - e também sócios do Minetta, Lee Hanson e Riad Nasr). São exemplos disso a Terrine de Ossobuco, o Trio de Tartares - de vitela, de cordeiro e de mignon, o Black Label Burger - que leva a fama de ser o melhor burger do mundo - além de pratos como Pé de porco grelhado.

As porções podem ser generosas em alguns pratos e francesas em outros. O Black Label burger não tem erro, é muito bom mesmo, mas também não custa barato - são 26 dólares por um hamburger - mas vale à pena. Gosto muito das entradas francesas, como a terrine de ossobuco com foie gras e o trio de tartares, então o acabo fazendo é pedir duas entradas ao invés do prato principal. Os grelhados são a especialidade, com destaque para o Côte du Boeuf e para o New York strip - são pratos caros, mas pode-se dividir tranquilamente em dois.

Não vou poder postar fotos deste jantar, pois acabei descobrindo que a câmera estava sem bateria só quando fui tirar a primeira foto. Mas tenho convicção do que digo quando indico o Minetta Tavern para alguém que está com viagem marcada: além da ótima comida, o Minetta é um lugar considerado trendy, com a essência novaiorquina em cada detalhe, que foge de qualquer definição convencional. É preciso conhecer para entender o que é autêntico em uma cidade tão cheia de armadilhas para turistas.

Morandi
www.morandiny.com
211 Waverly Place
New York, NY 10014-2737, United States
(212) 627-7575

Minetta Tavern
www.minettatavernny.com
113 MacDougal Street
New York, NY 10012-1201, United States
(212) 475-3850

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