segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Bistrô Expand: jóia escondida

Após tanta chuva, conseguimos finalmente sair da toca para o tão esperado jantarzinho bacana da semana. Escolhemos o bistrô da Expand, lugar pequeno e aconchegante que fica nos fundos da loja de vinhos. A proposta é oferecer um menu enxuto, porém com opções de carne, cordeiro, peixe e frutos do mar para acompanhar as centenas de opções de vinhos à venda na loja. Após fazer o pedido, o cliente vai até as prateleiras para um delicioso passatempo, em busca do vinho ideal para sua refeição em meio a mais de 2.800 rótulos de 16 países.

Mar de rótulos

Como o restaurante fica nos fundos, você é obrigado a atravessar a loja e a vontade que dá é de ficar por ali mesmo em meio às garrafas, mas seguimos em frente. O lugar é pequeno - são 35 lugares - porém com bom espaço entre as mesas, mas não o suficiente para impedir que as conversas sejam compartilhadas (ainda mais após algumas garrafas, quando bate aquela animação). Mas nada que tenha incomodado, mesmo porque além de nós só havia uma outra mesa com duas pessoas.

De entrada, o cardápio oferecia variadas opções de bruschetta. Fomos de calabresa com funghi, apenas uma porção pois a mesma vinha com quatro unidades, suficiente para um casal. Para os pratos principais, escolhi o medalhão de mignon ao molho de roquefort com risoto de alcachofra e o maridão foi de mignon de cordeiro com risoto de pistache. Pedidos feitos, lá fomos nós em busca do nosso tinto. O maridão se encarregou da escolha, mesmo porque ele é o expert do casal no quesito harmonização. Enquanto ele escolhia (e para o desespero dele), eu tirava as fotos da loja. Já falei pra ele ir se acostumando com o mico das fotos, mas tá difícil...

Perdido entre tantas opções

Agora vou abrir um adendo a este post: infelizmente, não sou tarada por vinhos... Eu sei, eu sei, é triste admitir isso para quem gosta tanto de comer como eu, mas talvez eu ainda não tenha sido suficientemente seduzida por Baco... E olha que as investidas foram muitas ao longo da vida, minha família sempre teve o hábito de incluir bons vinhos nas refeições e o maridão também se esforça bastante para que eu ceda aos encantos da bebida. Mas eu chego lá, pelo menos já adoro um bom espumante, bem geladinho, na beira da piscina...

Voltando: vinho escolhido, voltamos para nossa mesa e a garrafa foi para para o gelo para chegar à temperatura ideal. Como a intenção não era escolher nenhum vinho premiado ou especial, o eleito foi o argentino Santa Julia Malbec, da Família Zuccardi, proveniente da região de Mendonza. Um vinho com preço amigável e que fez jus à refeição, e pronto. Não esperem que eu vá discutir sobre aspectos do vinho como "coloração rubi- intenso", "taninos marcantes" ou "lágrimas rápidas e abundantes", mesmo porque não entendo lhufas sobre isso e meu foco é a comida, portanto vamos ao que interessa.

A combinação de funghi com calabresa da bruschetta ficou muito boa

Meu prato estava excelente, muito bom mesmo. O mignon estava exatamente no ponto que eu pedi (o que costuma ser um problema para os restaurantes, uma vez que eles não acreditam quando eu peço bem mal-passado) e o molho de roquefort estava delicioso, leve até, o que impressiona para um queijo azul. O risoto de alcachofra estava ótimo, no ponto certo de cozimento e na quantidade perfeita. O prato do maridão estava ótimo também, a carne de cordeiro era macia, bem temperada com ervas e contava ainda com uma geléia de hortelã. O risoto de pistache também estava bem gostoso, contrastando entre a maciez do arroz e os pedacinhos de pistache, delícia. As porções eram razoavelmente grandes, mas nada exagerado.

Medalhões ao Roquefort

Mignon de Cordeiro

De sobremesa, cresci o olho para o crepe de morangos com calda de chocolate e não consegui pedir outra coisa. Mas acho que estava esperando algo mais complexo e não achei que estava maravilhoso, apenas bom. Talvez seja porque os morangos do recheio, não muito maduros, estivessem ali soltos dentro da panqueca, o que tornava o sorvete com chocolate muito mais gostoso do que o crepe em si.

Crepe de Morangos

O serviço foi atencioso mas discreto, sem excessos mas presente. Achamos graça quando o garçom, vendo que eu tirava fotos dos pratos, se ofereceu para tirar uma foto nossa... "não, obrigada, só quero fotografar a comida mesmo" - e ele saiu com um ponto de interrogação na testa...

Quanto à "la dolorosa", foram R$ 180,00 por uma entrada, dois pratos principais, uma sobremesa e um vinho de R$ 43,00. Uma média de R$ 70,00 por pessoa SEM vinho. Mas como trata-se de um bistrô instalado em uma loja como a Expand, que é a maior importadora de vinhos da América do Sul, não dá para cogitar excluir o vinho de sua refeição. Aqui, ele é o prato principal.



Bistrô Expand
R. Maria Monteiro, 59
Cambuí
Fone: 3252-8893

11 comentários:

  1. Show. Tipo, você poderia me falar desses lugares equanto eu ainda estivesse aí...

    ResponderExcluir
  2. Tipo, agora vc já vai vir para o Brasil com uma listinha de lugares certeiros, hã? Olha que maravilha...
    bjs

    ResponderExcluir
  3. Moro em Brasília e me considero em apreciador exigente da boa gastronomia , o que realmente não é fácil na capital federal !!!.Fui ao Expand Birtrô em Brasília pela primeira vez, na semana passada. O local é agradável... vc cercado de belos vinhos, em ambiente bem decorado e mesas confortáveis. Há uma cozinha show que completa o ambiente. Até aí tudo ia muito bem. Ocorre que a comida é uma decepção. A chef não me parece nem um pouco inspirada é as entradas e pratos principal, eram de uma monotonia ímpar.
    É lugar só para voltar para comprar vinho... Deixem outros desavisados ou os não apreciadores da boa comida pagarem as altas contas e achando que comeram bem... Mais um lugar triste da gastronomia de Brasília.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá,
      obrigada pela visita e pelo comentário. Na verdade, este restaurante já não é mais o Bistrô Expand há um bom tempo em Campinas, a loja deixou de ser somente da Expand e o bistrô passou para as mãos do ótimo chef Andre Bearzotti. Engraçado você que a boa gastronomia é escassa na capital federal pois tive excelentes experiências por aí quando minha mãe morava em Brasília por conta de seu trabalho. De memória, posso citar o Universal Diner, o Trastevere, o Tanoor no Hotel da Torre, o Carpe Diem... lembro-me de que não faltavam bons restaurantes, mas isso foi há uns bons 8 anos atrás. De qualquer maneira, entendo quando você diz que a comida é uma decepção, monótona, sem inspiração. Por aqui existem lugares com o mesmo problema, apesar do ambiente de alto nível.

      Excluir

  4. Mari
    Oito anos fizeram muita diferença na gastronomia de Brasília e para pior ( ou eu estou exigente demais !). Recentemente recebemos alguns restaurantes afamados de São Paulo ( Le Vin, Gero , Bela Sintra etc) e a situação melhorou um pouco.
    Sinto que na verdade faltam chefes de cozinha inspirados como encontrados em diversos outros estados.Não sei a explicação... vai ver é a mesma da velha expressão ... a melhor medicina de Brasília está em São Paulo.

    ResponderExcluir
  5. Mari
    Cite alguns restaurantes que se dedicam a Alta Gastronomia em Curitiba e d� sua opini�o sobre eles.
    Existem chefes realmente criativos e talentosos que se diferenciam?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na verdade, não conheço Curitiba, mas até onde sei, é uma cidade rica em bons restaurantes - e bons chefs de cozinha. Já ouvi ótimos comentários sobre alguns lugares, como o Lys Bistrô, o Manu (da chef Manoella Buffara, cuja reputação parece ser muito boa), o L'Epicerie (acho que venceu o prêmio de melhor francês na última edição da Veja), o Sel et Sucre, o Durski e o Lagundri (este último eu conheço - e adoro - pois há uma unidade em Campinas). Lógico que não posso opinar sobre o que não conheço, mas os comentários são provenientes de fontes bastante confiáveis.

      Excluir
  6. E agora... na sua cidade? Existe alta gastronomia " de verdade" ou só com uma pequena viagem à S.Paulo ?

    ResponderExcluir
  7. Peço desculpas pela demora em responder à sua pergunta, na verdade escrevi pelo celular e só agora percebi que o texto não havia sido postado...
    Bom, não posso responder de maneira simplificada à sua pergunta, pois precisaríamos definir o que você chama de gastronomia "de verdade". Mas posso dizer que existem sim bons restaurantes por aqui, alguns até de "alta gastronomia" - pouquíssimos, podemos contar em uma única mão e ainda sobram dedos - mas nada que se compare a São Paulo. Aliás, acho que São Paulo pode ser comparada a outras grandes metrópoles gastronômicas como Paris e NY, mas nenhuma outra cidade do Brasil está neste mesmo nível (os cariocas que me perdoem, mas em SP a coisa é bem mais séria). Aqui em Campinas temos bons representantes da gastronomia de qualidade, porém em SP temos chefs reconhecidos internacionalmente (e chefs internacionais que abrem casas por lá também). Em suma, come-se bem por aqui, mas a experiência gastronômica em SP ainda é muito superior, principalmente em termos de quantidade de excelentes restaurantes, difícil é escolher com tantas opções.

    ResponderExcluir
  8. Alta gastronomia " de verdade",refere-se a que não adianta um grande investimento na montagem de um restaurante e com alguém a sua frente que se intitula " chef de cuisine" e um cardápio caro e pretensioso, para realmente considerarmos que se trata de um estabelecimento de alta gastronomia. Busca-se um chef talentoso e inovador mas que domine as técnicas gastronômicas clássicas e utilize somente ingredientes de primeira qualidadee saiba encontrar o equilíbrio dos sabores , aromas e textura dos alimentos e apresente suas criações de maneira interessante e na temperatura ideal.
    Concordo inteiramente com vc sobre S.Paulo. Conheço alguns que nada ficam a dever a famosos de outros países. No Rio só recomendo a restaurante da Roberta Sudbrak.
    Em Brasília... é muito e muito difícil. Amanhã por acaso irei a um jantar harmonizado em um restauraurante que ainda não conheço " Versão Tupiniquim" da chefe Fabiana Pinheiro , com vinhos da Vinícola Encierra ( Chile). Como sempre estou esperançoso em descobrir um bom restaurante em Brasília.

    ResponderExcluir
  9. Olá Mari
    Como descrevi fui a uma degustação vertical da Vinícula Encierra que só fabrica o vinho do mesmo nome e cerca de 25.000 garrafas /ano. Gostei do mais antigo , o 2003 , apesar do mais badalado ter sido o 2007 ( talvez por ser o unico a venda por aqui).O restaurante Versão Tupiniquim que não conhecia em Brasília... agradou. Vale uma outra visita para confirmação, contudo a chef Fabiana Pinheiro com formação com o chef espanhol José Maria Arzak, é talentosa e procura utilizar ingredientes nacionais em suas preparações.

    ResponderExcluir